Capítulo 2

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— Ei! Você clareou os cabelos e está sem os óculos. - observou Juliette após me olhar com mais atenção.

Foi ideia do Gil que eu desse um upgrade nos cabelos para encontrar com a minha namorada. Passei uma semana com meu amigo falando sobre isso, que quando foi antes de ontem ele me convenceu por cansaço e fomos lá no salão de uma amiga da tia Jacira que clareou mais as minhas madeixas e tirou um pouco comprimento. Segundo minha mãe e meu amigo, eu tinha ficado linda e Juliette ia aprovar isso.

— Pois é. Ficou bom o cabelo? - indaguei com ansiedade por uma aprovação sua.

- Ficou ótimo. Tá gatona. - ela elogiou, passando as mãos pelo meu cabelo e me fazendo sorrir sem jeito. — Você não veio de óculos e pôs as lentes só pra não parecer tão nerd assim para os meus pais, foi?

Nem bem cheguei e ela já começou com as provocações e zoações.

— Não, sua engraçadinha. - sorri. - E aproveitando logo a ocasião tenho que te contar que vai ter que arranjar outro apelido pra mim, porque "quatro olhos" não dá mais pra ser. Eu não uso mais óculos, Juliette. - contei.

— Como assim não usa mais?

Juliette arregalou os olhos. Ela ainda não sabia, mas há quase dois meses, eu segui seu conselho e fiz uma cirurgia refrativa para tratar meu problema de astigmatismo e finalmente ficar livre do meu óculos de grau. Esse tempo todo, eu vinha ocultando isso de Juliette para lhe fazer uma surpresa e agora que estávamos cara-a-cara era que lhe contava aquela novidade.

— Ah, então foi por isso que você ficou alguns dias sem falar comigo por vídeo chamada?

Assenti afirmativamente. Nessa época, eu estava me recuperando da cirurgia e não queria que ela me visse, para não suspeitar da operação. E para justificar o fato de não falar com ela desse modo e sim, somente por chamada de voz mesmo, eu inventei que estava sem internet em casa. E quando me recuperei da cirurgia, foi que voltei a falar normalmente com ela via vídeo chamada. Vez ou outra usava o óculos para disfarçar ou quando não usava dizia que estava de lente para ela não descobrir.

— Você me enganou direitinho esse tempo todo. - Juliette socou meu braço.

— Ai, Juliette! - sorrindo, reclamo, alisando o local acertado por ela. Esqueci como ela tinha a mão pesada. - Eu queria te fazer uma surpresa, por isso te enganei só um pouquinho. - me justifiquei ainda sorrindo.

— Vou te perdoar, porque me enganou por uma "causa nobre". E já vou pensar em outro apelido pra te chamar já que agora não dá mais pra ser "quatro olhos". Ah! Talvez, eu nem precise pensar muito, pois ainda posso te chamar de: "nerd estranha sem graça" ou "Sarará". Você escolhe.

— Sua maluca!

Nós sorrimos e trocamos mais um longo beijo. Se fosse possível passar as próximas duas horas seguintes apenas beijando a Ju, eu passaria com certeza.

— Hum... Sah... eu adoraria... ficar aqui de... beijos com você... mas a minha mãe... tá esperando a gente... lá no estacionamento! - ela falava entre os intervalos dos beijos estalados que dava em sua boca. - Sarah!

- Tá! Parei.

- Vem, sua beijoqueira!

Sorri, agarrando sua mão que ela me estendeu.

— Você falou que a sua mãe está nos esperando? Pensei que seria seu pai quem viria com você. - comentei enquanto seguimos de mãos dadas e dedos entrelaçados para a saída do aeroporto.

- E seria mesmo, mas como pintou um imprevisto na pousada meu pai não pôde vir.

Confesso que no fundo fiquei mais aliviada e menos tensa em saber que ainda não enfrentaria o pai dela logo de cara. Teria mais algum tempinho para me preparar psicologicamente antes de chegar a pousada e encarar pessoalmente o meu sogro. Por hora, eu conheceria pessoalmente a minha sogra, que já sabe quem eu sou de fato para a filha dela.

San Francisco - Versão SarietteWhere stories live. Discover now