Freya Dclair, sempre teve tudo o que queria, e o mundo ao seus pés. Simpática, extrovertida, dona de uma beleza que geralmente despertava inveja de alguns e desejo em outros. Sua família era muito influente na sociedade Londrina e fazia questão de p...
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~~ Freya
Ele estava lá, novamente. Eu tinha meu irmão de volta.
Corri em sua direção e o abracei, como achei que nunca mais abraçaria.
— Qual o motivo de tanto entusiasmo? — ele sussurrou ao meu ouvido — não que eu não tenha gostado.
A voz era a mesma, o cabelo ruivo, os olhos... A forma como me abraçava e deixava que eu encostasse a cabeça em seu peito, era tudo igual.
— Eu senti sua falta — falei tentando controlar minha voz e as lagrimas que insistiam em cair.
— Eu sei, mas já falamos sobre isso ontem — ele disse atraindo seu olhar a mim e passando levemente a mão em meu rosto, enxugando as lagrimas — está tudo bem?
Seus olhos me fitaram com um misto de preocupação.
Suspirei tentando me acalmar. Havia me esquecido por um instante que aquela era a vida de Juliete, eu tinha que me recompor.
— Eu estou bem — Respondi um pouco mais calma.
— Mesmo?
— Sim, sim. — Tentei sorrir — só estou feliz que tenha voltado.
— Certo, isso é bom, porque nós temos visitas — Ethan olhou para o lado e eu segui seu olhar.
Três rostos pálidos nos olhavam atentamente.
A primeira, eu imaginava ser a tia Sophia. Estava elegantemente sentada em uma poltrona, seu rosto parecia um tanto confuso, os cabelos eram muito amarelos, mas combinavam com ela, talvez tivesse seus quarenta anos ou um pouco mais.
— Eles sempre foram muito unidos, desde a infância — ela falou se voltando para as outras duas, ao lado.
Mãe e filha, eu supus pela semelhança, ambas tinham os cabelos em um castanho claro, quase loiro, olhos da mesma cor do cabelo e a pele esbranquiçada.
— Juliete, querida suponho que lembre da Lady Terny e sua filha, senhorita Terny.
Assenti com um sorrisinho.
— É um prazer revê-las — disse um tanto vacilante.
As duas retribuíram o sorriso.
— O prazer é todo nosso, senhorita Dclair — a mais velha falou.
Nesse exato momento Ethan segurou minha mão me encaminhando para uma poltrona, esperou que eu me sentasse e se colocou ao meu lado, eu gostei particularmente daquele gesto e continuei com minha mão entrelaçada a dele, no que dependesse de mim, não soltaria nunca mais.
— Estávamos falando justamente de você — tia Sophia continuou — Lady Terny estava comentando que tem sentido sua falta nos bailes.
Ótimo. Conversas das quais eu não sei nada a respeito.
— Eu acabava de explicar que você tem estado muito ocupada com os preparativos do casamento.
— Sim... São tantos preparativos para o casamento... Não me tem sobrado quase nada de tempo.
— Uma pena — a garota comentou — imagino o quanto tem sido trabalhoso, todos tem falado muito do seu casamento, dizem ser o casamento do ano.
Elevei os lábios em um sorrisinho um pouco sem graça.
Não sabia bem o que falar.
— E quanto a sua viajem milorde Dclair, como está Londres? — desta vez foi a Lady não das quantas que falou, se destinando a meu irmão, e os olhos da filha o fitaram com um brilho curioso.
— Linda, como sempre — ele sorriu, e garota soltou um suspiro involuntário.
— Imagino. — Ela deu um sorrisinho — a fama de seu belo jardim corre por toda a Canterbury, milorde. – A Lady continuou.
— Isso se deve a Juliete — ele me olhou com um sorrisinho doce — ela sempre amou jardins e cuida pessoalmente dele.
— Claro, você não o conhece, não querida? — Ela se voltou para a filha.
— Não mamãe.
— Seria ótimo que a levasse para conhecer, Margareth adora jardins — ela disse com um sorriso sínico se voltando para Ethan.
Não mesmo, ele não sairia de perto de mim.
— Eu poderia ir também — sugeri.
Ela voltou o olhar para mim com irritação.
— Esperava que você me desse mais detalhes da festa, querida.
Que querida mais falso.
— Tenho certeza que tia Sophia pode fazer isso em minha ausência — sorri para ela, enquanto Sophia me olhava de forma desgostosa, como se já estivesse acostumada com isso — vamos?
Eu tratei de envolver meu braço no de Ethan enquanto Margareth... Argh, que nome horrível... Caminhava ao meu lado tentando chamar sua atenção a todo instante, era evidente que não estava nem um pouco interessada no jardim, o único interesse dela era por meu irmão, mas sempre que podia monopolizava a conversa entre mim e ele, eu tinha um dia, um dia e não iria desperdiçá-lo com ela.
— Foi um passeio muito agradável, milorde — Margareth falou se juntando ao lado da mãe quando chegamos a entrada da casa. A carruagem, sim uma carruagem já esperava por ela. — Sem dúvida gostaria muito de repeti-lo.
Assanhada.
— Venha sempre que desejar, eu ficaria muito feliz em andar pelo jardim em sua presença — falei com um sorriso falso, ela pareceu perceber, pois sorrira da mesma forma.
As duas se despediram e entraram na carruagem partindo, para minha alegria.
— Obrigada — Ethan me sussurrou com um sorriso que eu retribuí.
— Oh vocês dois — Sophia falou assim que nos avistou entrando no salão — vocês dois ainda me deixarão louca.
— Desculpe tia — Ethan disse se aproximando dela e segurando suas mãos com carinho — Juliete só estava tentando me ajudar.
— A pobre coitada só queria um passeio ao seu lado Ethan, deveria tê-la dado a oportunidade, você e Juliete... — ela suspirou — são impossíveis juntos.
Nós dois sorrimos.
— Eu irei me recolher, estou um tanto indisposta — Sophia continuou dando um beijo no rosto de Ethan e fazendo o mesmo comigo, logo em seguida.
— E então, o que quer fazer? — Ethan perguntou se voltando para mim, assim que Lia se retirou.
— Eu pensei em apenas conversarmos.
Ele assentiu enquanto caminhávamos e nos sentávamos.
— Eu estava mesmo querendo saber, o porquê das lágrimas — Ethan me fitou com um misto de preocupação.
Noah costumava me olhar assim, quando Agnes me tratava mal. E teria perguntado o mesmo se me visse chorando.
— Eu... Já disse, senti sua falta.
— Está tudo bem mesmo, irmã...
Irmã...
— Sim — sussurrei — agora que estamos juntos novamente, está tudo bem — falei deitando em seu ombro — está tudo perfeito.
***
Suspirei franzindo os lábios impaciente.
Já era noite, todos já tinham ido dormir e pairava um silencio em toda a casa. Olhei para o espelho e só havia meu reflexo, era certo que Juliete chegaria a qualquer momento, mas eu não queria... Havia sido um dia maravilhoso, eu não me sentia tão bem assim a tempos, Já havia esquecido de como era ser feliz, e eu não queria, que acabasse de novo, não estava pronta ainda...
— Freya — Juliete falou atravessando o espelho com um sorriso —desculpe, eu estou atrasada.
Ela sentou na cama, ao meu lado. Era estranho, agora com minhas roupas, ela era uma cópia perfeita minha.
— E então, como foi em 2017?
— Extremante maravilhoso, eu não podia imaginar como as coisas mudariam, carros, roupas... minha nossa foi ótimo.
— Parece que se divertiu.
- Você não imagina o quanto, uma Anne, amiga sua mandou uma... Mensagem naquela caixinha e me convidou para sair com seus outros amigos, e foi muito divertido, vocês simplesmente saem quando querem, na presença de cavaleiros, sozinhas — ela sorriu empolgada — se fosse em meu tempo...
Sorri com ela.
— Então você gostou?
— Muito, e quanto a você? Como foi com o Ethan?
— Como eu imaginei que seria, sei que você disse que não deveria confundir as coisas, mas ele me trata como Noah me tratava... Foi como se eu estivesse tudo bem, novamente.
Juliete segurou minhas mãos.
— Fico tão feliz que tenha se sentido assim.
— Esse é o problema, eu pensei que um dia seria o suficiente, mas não foi.
— Você quer ficar por mais tempo — Juliete falou para se mesmo.
— Eu nunca mais pediria nada a você, apenas uma semana, Juliete.
Ela pareceu pensar por alguns segundos.
— Sua mãe recebeu visita pela tarde, ela nas suas palavras disse: tente não estragar as coisas, como você sempre estraga, Freya.
Suspirei. Era de se esperar.
— Não foi o que ela disse, foi a forma como falou, o desprezo na voz...
— Agnes me odeia, nunca vai me perdoar por eu estar viva e Noah não. – Admiti um fato verdadeiro.
Ela sempre iria me culpar pela morte do Noah. E eu também.
Juliete me fitou com compaixão.
— Eu não sei se suportaria, você é tão forte e merece uma semana de paz...
Eu a abracei.
— Obrigada, obrigada, obrigada. – Agradeci aliviada.
Eu teria mais tempo, teria mais tempo com ele, mas tempo com o meu... Meu irmão.
Juliete sorriu.
— Já que vamos ficar uma semana nessa situação, temos que saber mais uma sobre a outra.
Ficamos quase toda a noite trocando informação, no dia seguinte acabei acordando tarde, quando desci para tomar café, só estava tia Sophia a mesa.
— Onde está o Ethan? — perguntei me sentando.
— Ele teve que resolver alguns assuntos e saiu cedo.
— Ah... — falei decepcionada.
— Chegará a tempo para o almoço, querida.
Assenti.
Terminamos o café e fomos para a sala de visita para bordar, coisa que eu fazia muito mal, e aparentemente Juliete era ótima nisso, o que levou Sophia a achar-me um pouco estranha essa manhã.
— É que não tive uma noite muito boa de sono — dei uma desculpa.
— Claro, claro, com o casamento tão próximo deve estar muito ansiosa...
— Madame, o milorde Graien acaba de chegar — o mordomo falou assim que entrou na sala.
— Oh... — os olhos de Sophia se abriram surpresos — e o que está esperando Doryan? Faça o entrar.
— Sim, senhora.
— Que surpresa agradável, não é querida? — ela falou sorrindo animadamente para mim.
Retribuí o sorriso.
Quem quer que fosse ele, parecia que a deixava muito feliz.
— Nós só o esperávamos para semana que vem, mas de qualquer modo, deve estar muito empolgada com a surpresa.
