Capítulo 4 Juliete

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~~ Freya

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~~ Freya.

— Como assim você vai se mudar? — Lily perguntou um tanto exaltada depois que contei tudo.

— Eles acham que isso vai ajudar a superar a morte do Noah.

Ela suspirou encostando o corpo de forma cansada na cadeira.

— Mudar não parece ser a solução.

— Eu também acho.

Mas de qualquer forma não faria diferença. Eu só sentiria falta mesmo da Lily. Aquela mansão não era mais meu lar, desde a morte do Noah. Lar é onde seu coração está, é pra onde você vai quando se sente solitário, é a onde você vai descansar. Meu coração não estava aqui, eu me sentia sozinha, solitária e triste. Isso era qualquer coisa menos um lar.

— Mas é só isso que está perturbando você? — ela me fitou — parece muito mais abalada que nos outros dias, e eu nem sabia que isso era possível.

Eu também não.

— Agnes disse que foi por minha culpa que Noah morreu.

Os olhos de Lily se abriram em espanto.

— Meu Deus.... Isso, isso...

— É verdade — completei — ele morreu porque ficou tentando me tirar do carro, se eu estivesse acordada, ou se ele tivesse me deixado, não estaria morto.

— Essa é a coisa mais ridícula que já disse em toda a sua vida Freya. Você sabe muito bem que Noah não iria querer que se culpasse, ele escolheu salvar você, não importa o que seus pais pensem, você sabe que a culpa não é sua, todos sabem disso.

Lily segurou minha mão por cima da mesinha em um gesto de carinho.

— Eu sei que se estive no lugar dele teria feito o mesmo.

Assenti enxugando as lagrimas.

— Não permitirei que se culpe, entendeu bem Dclair?

— Sim — disse com um sorrisinho — obrigada.

Lily retribuiu o sorriso.

— Amigas são para essas coisas, não é mesmo?

— Sim, como eu sentirei sua falta Lily.

—Tente não me trocar, e Canterbury não é tom longe de Londres, poderemos nos ver nos finais de semanas, feriados.

— Sempre que possível — concordei — e eu gostaria de pedir um favor a você.

— Qualquer coisa.

— Antes do Noah morrer, ele me levou para conhecer uma pessoa, Jane...



***



Assim que chegou o final da semana, já estava tudo pronto para a nossa partida que aconteceu no sábado, Charles e Agnes foram pela manhã, enquanto que eu fui pela tarde, não posso dizer que com os dias a convivência com eles ficou mais fácil, pelo contrário depois da discussão quase não os via. A despedia foi o mais difícil de se fazer, até Charlotte havia demostrado traços de tristeza com minha mudança.

Cheguei em Canterbury por volta das sete da noite, nunca tinha estado na cidade, mas me parecia muito agradável. Tive uma grande surpresa quando o carro passou pela a entrada principal da casa, era muito maior que a de Londres, havia um lindo lago que refletia com a luz da lua, parecia ser uma dessas construções antigas e sofisticadas, de fato era uma bela propriedade.

— Chegamos, senhorita Dclair — o motorista anunciou assim que o carro parou, saindo do mesmo e abrindo a porta para mim.

— Obrigada — disse um pouco indecisa olhando para a grande casa.

Subi a pequena escada e apertei a campainha esperando que alguém atendesse. Eu estava me sentindo uma estranha deslocada ali.

— Senhorita Dclair — uma mulher com bochechas rosadas atendeu a porta — por favor, entre — ela disse com um sorriso.

Assenti passando por ela.

— Suas coisas já foram devidamente guardadas, permita-me acompanhá-la ao seu aposento.

— Certo, hã...

— Elice.

— Certo Elice, onde estão meus pais?

— Eles chegaram muito cansados, já se recolheram.

Que recepção calorosa.

— Eu farei o mesmo.

— Deseja que eu leve algo para comer?

— Não, apenas me leve para meu quarto.

Elice assentiu seguindo o caminho para a escadas, passamos por dois corredores até chegar ao meu quarto, era muito maior do que o outro, e mais bonito também.

—Sempre que precisar poderá chamar algum serviçal apertando aquela campainha. — Ela gesticulou para a pequena campainha ao lado da minha cama.

— Certo, obrigada.

— É sempre uma honra servir um Dclair, senhorita — ela disse com um sorriso se retirando.

Estranho.

Suspirei assim que estive sozinha sentando na cama me sentindo triste e solitária. Eu peguei o celular e fui direto para a galeria. Abri a pasta em que havia fotos nossa, e fitei cada uma delas com os olhos embaçado pelas lágrimas.

- Eu amo muito você, obviamente. – Sussurrei no escuro – E sinto tanto a sua falta. Eu sinto sua falta sempre que fecho meus olhos... Eu não sei o que fazer, meus sentimentos, minhas ações, minha vida, tudo tinha como alvo você, e agora que você se foi... Eu tô sozinha.

Naquela noite todo o inferno do luto se abriu novamente. O incomodo, a agitação no estômago, as lágrimas.



***



Acordei com um som estranho no dia seguinte, parecia ser o som de água caindo, era um temporal, constatei ao abrir os olhos. Tinha planos de explorar as redondezas da casa e agora teria que ficar presa nela por conta da chuva. Nada bom.

Desci para tomar café sozinha, como de costume já que meus queridos pais haviam decidido me excluir da vida deles. Assim que terminei voltei para o meu quarto para tentar falar com Lily, mas não havia sinal devido à chuva, eu supus. Desci as escadas novamente tentando encontrar alguém que me ajudasse a chegar à biblioteca, já que não poderia sair ou falar com Lily, tentaria ler algo interessante para passar o tempo. Passei por vários corredores, salas até finalmente encontrar a biblioteca, havia muitas estantes que iam do teto ao chão, de modo que seria impossível não encontrar algo bom para ler. Pensei passando por um dos corredores de estantes e me surpreendendo com um espelho no final dele.

— Mas o que você faz aqui? — sussurrei fitando o espelho, era grande e arredondado, com bordas douradas, parecia ser antigo, mas estava muito bem conservado. Havia uma gravura no topo, em letras pequenas.

Juliete Dclair. 1818.

Franzi os lábios. Era realmente antigo. Talvez o levasse para o meu quarto, eu gostava de objetos com um tom vintage.

— Está bem, diga a minha tia que eu logo descerei, agora me deixe sozinha, por favor.

Virei-me no mesmo instante para ver de onde vinha a voz, mas não havia ninguém. Meu coração quase saltou do peito quando voltei a atenção para o espelho, e desta vez para encontrar um rosto muito parecido com o meu, mas com certeza não era meu reflexo.

— Quem é você? — sussurrei com a voz embargada.

Seus olhos se abriram muito surpresos.

— Juliete Dclair, e você?





~~ Juliete e Freya

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~~ Juliete e Freya

1818Where stories live. Discover now