Pedidos e Exigências

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—meu irmão acabou de ser pai também.

Dominic fica me olhando como se eu fosse louca, mas, o que ele esperava que eu falasse?

—e além do mais—pigarreio—ele não se importa com essas coisas.

—ele aceitaria um filho que não é dele?

—o meu pai educou muito bem a gente.

Depois que digo, percebo o olhar debochado de Dominic, sinto-me chateada e ignoro.

—talvez não pareça mas todo mundo nessa casa teve uma ótima educação.

—claro, você então...

—olha, o que acontece é que eu não tolero certos tipos de pessoas.

—você é muito... barulhenta.

—sou mesmo, e se está achando ruim, pode reclamar com Deus, eu não me importo, eu nasci assim e vou morrer assim, eu sempre fui desse jeito e todos da minha família me amam dessa forma e...

—Charlotte, respira!

E sorri.

E o que mais me irrita é o jeito como ele fica lindo enquanto sorri, coisa que é bem rara ver um homem parecer tão fofo ou doce quando sorri assim mas Dominic King é a doçura em pessoa sorrindo pra mim nesse momento.

—olha que legal, você tem dentes.

—eu também mordo Charlotte.

Essa ameaça me causa arrepios, recuo um passo mas mantenho a minha cabeça erguida.

—vai ajudar ou não?

—não seria mais viável que você deixasse que os dois se conhecessem da forma tradicional?

—tem uma coisa que precisa saber sobre nós Carsson, nunca conhecemos ninguém de uma forma tradicional.

—e poderia me falar por que?

—meus pais se conheceram num hospital, papai me achou num esgoto na Índia, e o Antônio ele conheceu nas ruas, meus avós se conheceram num velório.

Dominic não responde, não ligo também, todo mundo sabe que eu e o Antônio somos adotivos, mas isso é algo que não faz diferença alguma na vida de ninguém na nossa família, pelo contrário, mamãe e papai sempre nos trataram com carinho e amor, da mesma proporção que cuidam dos meus outros irmãos, nunca me senti diferente por ser adotiva.

—imagino—diz ele baixinho—acho que seria inútil, Lucinda não faz o tipo do seu irmão.

—por que não? ela é branca demais pra ele? ou loira demais pra ele? pois saiba que o meu irmão é um homem íntegro e honesto.

—Charlotte pelo amor de Deus...

—vai ou não ajudar?

Ele suspira, os olhos azuis me analisando, depois de alguns instantes Dominic se aproxima mas não consigo me mover, ele ergue o dedo indicador e fica bem sério.

—se a minha irmã sofrer...

—ela não vai!—garanto—eu prometo que vai dar tudo certo.

Estou quase dando uma cambalhota de felicidade.

—ta, mas eu quero algo em troca.

Reviro os olhos, deveria saber já que ele faria isso.

—aff, oportunista!

Lottie  - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora