°° Capítulo Dezoito °°

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  Ela cospe as palavras com dor e ódio, e em segundos a mão da sua mãe bate em sua face fazendo virar o rosto com força. Nessa hora os três homens entram no quarto, e ficam boquiabertos com a cena. Parker sentia uma vontade incontrolável de torcer o pescoço daquela mulher, mas ao olhar para Amie sente seu coração se apertar. Ela possuía os cabelos desgrenhados, os olhos vermelhos e repletos de lágrimas, seu rosto estava muito vermelho pelo tapa.
- Blanca. – o pai dela grita o nome da mulher horrorizado.
Ao  escutar seu marido lhe chamar, seu sangue congela, mas em nenhum momento ela abaixa aguarda. Ela chega perto da filha e sente seu coração bater dolorosamente dentro de si, ela tenta, mas não consegue não feri-lá.
- Eu é que tenho vergonha de ter uma filha como você, que dorme com qualquer um. Me diga senhor Madden, você já caiu nas teias da minha querida filha?
- Chega, Blanca. – Hugh vocifera com raiva.
- Não pai, deixe ela falar, colocar tudo pra fora. Vamos ver até onde ela pode ir. – Amie diz com ironia, olhando para a mulher.
- Eu acho que seu pai não iria gostar de ouvir tudo o que tenho pra falar de você.
- E nem sobre você. - Amie rebate.
- Já chega disso. Blanca sai daqui agora.- Hugh pede .
- Pelo amor de Deus, Hugh. Você vai deixar essa mulherzinha impune pelo que ela está fazendo a Amie? – a outra mulher que até então se mantinha calada, se manifesta inconformada.
- Cala boca sua, vadia. – Blanca grita, virando na direção dela.
- Vai fazer o que se eu não calar? – ela pergunta desafiando.
Em segundos Blanca caminha pra bater  na mulher, quando Amie disparada e se põem em frente a mulher, e acaba levando um tapa no rosto, a força foi  tanta que se desestabiliza caindo, e  lágrimas voam longe.
- Não. – Parker grita e corre em direção a ela.
- Filha. – Blanca sussurra horrorizada pelo que acabou de fazer.
Um soluço alto se escuta no quarto. Hugh caminha e segura com força os braços da mulher puxando-a para trás, ela nem mesmo percebe ele ali. Uma lágrima desce pelo seu rosto.
- Me.. me perdoa filha. – ela sussurra com pesar.
Parker a ajuda se levantar, e a segura em seus braços protegendo-a com sua própria vida. Amie respira fundo, e ajeita seus cabelos.
- Eu quero que você morra, e queime no inferno.
 
   A única coisa que se pode escutar são fungadas e corações acelerados. Lágrimas descem pelos olhos de Amie, e da mãe. Sua tia se aproxima e segura em seu braço com delicadeza, mostrando que está ao seu lado. A dor que Amie sente em seu peito é tão grande que a sufoca, ela já está tão cansada de tudo isso que a única coisa que ela desejava agora era sumir.
- Alec, por favor leve Blanca para o quarto. – Hugh quebra o silêncio.
O homem se aproxima, e segura o braço da mulher a guiando para fora, ela vai sem reclamar. Hugh passa as mãos pelo cabelo e se aproxima da filha.
- Não. Fique longe de mim. – ela murmura com um nó na garganta.
Falar aquilo​ pro seu pai dói mais do que o tapa que recebeu da sua mãe. Ele a olha com um misto de tristeza no olhar.
- Filha, por favor. – ele pede em suplica.
- Não, pai. Você não fez nada pra me defender. Você nunca fez nada, todas as vezes que ela me batia, me ofendia, ou quando eu dizia que ela me prendia no armário, no sótão, você nem sequer acreditava em mim, mesmo quando me encontrou uma vez. Eu espero tudo dela, e suporto tudo. Mas eu não suporto mais você sempre permanecer calado. Eu tentava acreditar que você me amava, mas agora eu sei que seu amor por ela é muito maior do que qualquer outra coisa. – ela termina de falar, sentindo seu corpo todo doer.
Parker a segura firme, sentindo que a qualquer momento ela vá desmoronar.
- Eu sei que errei muito minha filha, e peço perdão por todas as negligências que tive com você. Mas nunca diga que eu não amo você. Você e suas irmãs são tudo o que realmente importam para mim. Eu te amo minha filha.
- Eu não acredito em você pai. Agora saia do meu quarto, por favor. - ela suplica.

  Ele a olha por mais alguns segundos, e abaixa a cabeça saindo do quarto, ao fechar a porta. Amie não consegue mais ficar em pé, e vai caindo no chão. Parker  a segura com força, ela se ajeita em seus braços, e enterra seu rosto em seu peito soluçando, e tremendo fortemente por conta do choro compulsivo. Ele fecha os olhos e puxa mais para ele, como se tentasse trazer sua dor para ele.
- Tudo vai ficar bem querida, amanhã é um novo dia.
Sua tia sussurra passando as mãos em seus cabelos.
- Eu não quero continuar aqui, liga pro meu vô tia. – Amie pede sem forças.
Parker a pega no colo e coloca na cama com cuidado, mas ao tentar levantar ela segura sua mão com mais força.
- Por favor, fique ao meu lado.
Ele a olha por alguns segundos, e volta a se sentar ao seu lado.
- Eu falei com ele, disse para irmos para o apartamento dele.
- Tudo bem.
Amie tenta se levantar, mas uma tontura veem e ela cai na cama.
- Calma querida. Vou arrumar suas coisas e vamos. Fique ai.
- Não tia. Só pegue uma caixa de madeira no fundo do meu guarda roupa. Eu tenho algumas roupas lá.
Sua tia acena e vai até o guarda roupa, pegando a caixa. Ela era de madeira na cor branca, com desenhos de bailarinas, pincéis e acordes de música em vermelho. No meio da tampa possuía o nome dela.
- É linda querida, quem te deu? – sua tia pergunta.
Amie sorri ao ver a caixa, ela se senta e pega a caixa nas mãos.
- Eu não sei. Achei essa caixa dentro de um baú, no sótão em um dia que minha.. que Blanca me prendeu lá. – um sorriso triste escapa de seus lábios, ao mesmo tempo em que uma lágrima descia pelo seu rosto.
- Querida, porque ela fazia isso com você? Porque você nunca me disse que ela fazia essas maldades? – sua tia pergunta segurando em suas mãos.
-  Eu não sei tia, não sei. Eu sempre fiz de tudo para agrada-lá, sempre segui a risca tudo o que ela me mandava fazer. Eu juro que nunca fui uma má filha, nunca, nunca.
Ela começa a chorar e sua tia a puxa para um abraço.
- Eu sei querida, você era a criança mais linda e obediente que já conheci. Mas não se preocupe, ela não vai mais machuca-lá.

Parker a ajuda a descer as escadas, e sua tia vai à frente segurando nas mãos a caixa da sobrinha. Ao passarem pela sala, Hugh se encontra bebendo um uísque, enquanto segura em suas mãos um porta retrato de Amie em seu colo quando menor. Ao virar-se ele arqueia uma sobrancelha, guarda o retrato e o copo.

- Aonde você vai? – ela pergunta apreensivo.
- Estou indo embora. – Amie diz olhando pra baixo.
- O que? Você não vai a lugar nenhum, Amie. – seu pai tenta se aproximar, mas ela dá um passo para trás.
- Eu vou, e o senhor não vai fazer nada para impedir.
Amie vira-se e caminha em direção a porta, com os olhos cheios de lágrimas.
- Filha.. por favor... filha. – seu pai grita atrás dela.
Amie sabe que seu pai a ama. Mas ela também sabe, que ele não é capaz defende-lá, de protegê –lá como um pai deve fazer. Ela não sabe se é amor, ou medo. Mas medo de que?
Ela fecha os olhos e não consegue mais carregar todo aquele peso nas suas costas. Ela não pode mais continuar a viver uma vida ao qual ela não é feliz. Ela tira do seu pescoço uma corrente com um pingente de asas, e vira-se caminhando até seu pai.
- Eu não posso ficar com isso.
Pega a mão dele e coloca o colar ali.
- Filha..
Os olhos do seu pai se inundam de lágrimas, pois já não consegue mais controla-las.
- É seu querida, fique, por favor. Eu deixo você ir, sem pestanejar. Mas para isso você tem que ficar com o colar.
Ela pensa por alguns segundos, e volta a coloca-ló em seu pescoço. Olha mais uma vez para o pai, e caminha em direção ao carro.
- Um dia minha filha, você saberá que tudo o que eu fiz foi para o seu bem, mesmo que algumas coisas provem o contrário. Eu te amo meu pequeno anjo.
Ela entra no carro e se encolhe, abraçando suas pernas em sinal de defesa. Sua tia a puxa para seus braços e beija sua cabeça.
- Vamos. – Amie diz olhando pela janela.
Seu pai fica ali parado, chorando, com as mãos dentro do bolso. Sua menininha se foi, levando junto com ela uma parte muito importante do seu coração. Ao chegarem em frente ao prédio luxuoso do avô de Amie, Parker percebe que é o mesmo que ele e seu amigo Adriel vivem.
  Ele a ajuda sair do carro, e segue com ela e sua tia atrás até o elevador. Seu avô morava no vigésimo andar. Ao se abrirem as portas do elevador, eles percebem um senhor parado em frente a porta. Assim que os olhos dela se encontram com os dele, ela começa a chorar e corre em sua direção.
- Vovô.
Ela o abraça com força, enquanto soluça em seus braços.
- Calma querida, tudo vai ficar bem. – ele sussurra em seu ouvido.

O senhor sente seu corpo retesar ao ver a imagem de Parker a sua frente, ele sente em seu íntimo que aquele homem o trará muitos problemas, e que de alguma forma ele se parece com alguém. Ele o olha fixamente, e Parker não desvia o olhar. Ele está se controlando para não acabar de uma vez com aquela família. Depois de tudo o que viu e ouviu hoje, ele deseja mais do que nunca do que acabar com eles. Ele só precisa descobrir uma forma disso não cair em Amie, porque, por mais que ele tente negar, ela mexe com ele. E ele está começando a se apaixonar pela filha do seu maior inimigo.

Desaparecida entre os Sete PecadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora