•• Capítulo Quatorze ••

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Três meses e quatorze dias antes–11 de setembro 2016.
                                     

Em algum lugar perto do frio.

 
Parker demorou horas para conseguir dormir, e mesmo depois de conseguir ele teve muitos pesadelos, que por sorte ou azar já havia alguns dias que não surgiam. Ele se levanta e caminha em direção ao banheiro, faz sua higiene e volta para o quarto vestindo uma calça de moletom e uma camisa cinza. Descendo as escadas ele escuta risadas e alguém cantando.
Ele para assim que vê Amie vestida em uma camiseta cor clara grande, como um vestido, com várias manchas coloridas. Ele fica paralisado, vendo-a cantar e mexer os quadris de um lado para o outro. É como se ele já tivesse visto aqueles quadris mexendo tão sensualmente, mas é a primeira vez que a vê assim, tão descontraída, feliz e dançando. Ela canta alegremente, como se nada tivesse acontecido. Aquela mulher abatida, triste e perdida de ontem havia sumido, ele mal reconhecia a que estava na sua frente. Mas estava feliz por vê-lá feliz.
  Ele sente seu membro engrossar lá em baixo, e pensa em todos os tipos de bichos, pois não seria nada agradável que ela e sua tia o vissem assim. Ela gira cantando, arrancando gargalhadas da tia. Seu cabelo estava preso no alto com um lenço, e alguns fios caiam ao redor do seu rosto. Ela vira-se e sorri amplamente ao encontrar os olhos dele.
Ela decidiu que se permitira viver cada segundo da sua vida ali sem pensar no mundo lá fora. Ela teria dias maravilhosos naquela cidade maravilhosa. As dores ainda permaneciam presentes nela, talvez nunca fossem embora, mas, ela teria que se acostumar a ela.
  Mas não naquele momento, e ao os outros que viriam. Ela ainda podia sentir a quentura da pele de Parker em contato com a sua. Ainda era viva a chama de paixão e desejo, que segundo após segundo a consumia intensamente, loucamente.
- Venha senhor Madden, o café está pronto. – ela diz sorrindo.
Ele sente uma paz profunda e devolve o sorriso. Ele poderia viver aquilo, seja lá o que de exatidão for. Ele desejava ardentemente ter algumas memórias ao lado daquela mulher. Quando tudo chegasse ao fim, pelo menos ele teria guardado em sua mente os sorrisos dela, seus cabelos, seu perfume, sua beleza, sua paixão...
  Aquela manhã sem duvidas alguma foi a mais divertida e tranquila que ambos tiveram em muitos anos. Não existiam preocupações, medos, angustias. Eram apenas três pessoas conversando, se conhecendo e desfrutando de um tempo harmonioso.
O dia estava radiante lá fora. A neve se destacava com o sol batendo em pequenos cristais formados pelo gelo. Amie apertava o casaco contra seu corpo, enquanto sua tia entrava em uma loja de roupas. Parker estava ao lado de Amie, que olhava o céu com um pequeno sorriso nos lábios.
- Eu adoro essa época do ano aqui. É como adiantar o natal. As crianças correndo e brincando pela neve. O clima frio. Os narizes rosados pelo frio. – ela ri baixinho, e logo vira-se olhando para ele e entra na loja.

Eles almoçaram em restaurante no centro da cidade. Um lugar aconchegante e tranquilo. Parker seguiu as duas mulheres por todos os cantos. Elas entravam em todas as lojas, das mais chiques as mais simples. Já estava chegando o fim da tarde, e eles estavam em uma boutique muito bonita. Parker olhou para todos os lados e não encontrou Amie.
- Você viu Amie? Não a vejo em lugar nenhum, Clarisse. – Parker fala com o coração acelerado, segurando o braço da mulher.
- Não se preocupe querido. Ela disse que iria até aquela livraria do outro lado da rua. – Ela sorri e vira-se.
Parker corre até o outro lado da rua, assim que abre a porta o barulho de um sininho ecoa. O lugar é muito bonito e repleto de livros, por todos os lados. Quinquilharias coloridas estão em alguns cantos, dando mais vida ao lugar. Ele caminha por entre os livros até ver Amie no segundo piso, sentada em uma mesinha ao lado de uma janela, com um livro em mãos. Subindo as escadas, ele percebe que nos degraus a várias citações de escritores famosos.
Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos. - Anaïs Nin
Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga. - Denis Diderot”
“Em tempos de embustes universais, dizer a verdade se torna um ato revolucionário. - George Orwell”
“Algo deve mudar para que tudo continue como está. - Giuseppe Tomasi di Lampedusa

Desaparecida entre os Sete PecadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora