¨ Capítulo Três ¨

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Quatro meses antes – 01 de setembro de 2016.

Em algum lugar, por pouco tempo, na neve.

Parker olha sua filha dormir há muitas horas. Ele faz cafuné em seus cabelos macios enquanto ela mantém um sono profundo e provavelmente feliz, por sua carinha tranquila com um sorriso puxado em seus lábios. Ele se lembra nitidamente do dia em que soube que seria pai. Seu coração parecia que sairia de seu corpo, de tão forte que batia. Ele não conseguiu esconder o sorriso que se estampou em sua face. O orgulho que começava a brotar em seu íntimo era avassalador, o amor que sentia por aquele serzinho que ainda era minúsculo era tão grande que não se podia medir.

Afastando uma pequena mecha de seu rosto sereno, ele sorri e lhe dá um pequeno beijo em sua testa. Ele acende a luz do abajur ao lado de sua cama e sai do quarto.

Ao entrar na cozinha, encontra sua mãe sentada à mesa bebendo uma xícara – com certeza de café bem forte –. Quando ela o vê, abre o sorriso caloroso que todas as mães direcionam a seus filhos.

— Venha. Sente-se aqui comigo. — ela o chama carinhosamente, depositando sua xícara em cima da mesa.

Ele acena e caminha sentando-se a sua frente na mesa.

— Como você está? — ela pergunta, olhando-o.

— Bem. — ele se limita a responder.

— Você sabe o que quero dizer, Richard. — ela o acusa com severidade.

Ele respira fundo tentando manter a calma.

— Mãe, esse é um assunto que você sabe que não me agrada a falar com a senhora. O máximo que conseguirá de mim é que minha vida agora é baseada em apenas um propósito. — ele fala.

— Tudo bem, não vou insistir, mas eu espero que, para conseguir este propósito, você não tenha que acabar com a felicidade de outros. Espero que suas ações não lhe tragam sofrimento meu filho. — ela diz, sentindo um aperto no peito por ver seu filho cair aos poucos em sua amargura.

Eles ficaram ali na cozinha por minutos, talvez até bem tarde da noite. Sua mãe e filha são sua única família. Seu pai havia morrido há sete anos, um grande homem que amava seus artesanatos e esculturas em barro e madeira. Ele morreu de uma parada cardíaca ao ser assaltado em plena luz do dia em sua pequena e aconchegante loja no centro da cidade. Ele havia nascido e morado em East Orange por quase setenta anos, tinha saído dali poucas vezes. Muitas delas para conhecer lugares que sempre sonhou em ir, até que seu coração encontrou seu lar ao lado do seu grande amor.

Parker queria poder ficar mais, mas recebeu uma ligação horas depois de se sentar com sua mãe na cozinha. Ligação a qual estava esperando há muito tempo. Ele pegaria um voo àquela noite mesmo para seu destino, pois precisa chegar o quanto antes. Ele sentia que finalmente as coisas começariam a se encaixar, que tudo terminaria como ele havia planejado. Finalmente ele teria sua vingança.

O voo não durou muito, mas o suficiente para deixá-lo ainda mais nervoso. Ao descer do avião, pegou sua mala de mão e foi direto para o estacionamento do aeroporto de Filadélfia.

No final do estacionamento ele vê sua moto uma potente Harley Davidson.

A adrenalina percorre suas veias aliviando cargas que faziam seu corpo esquentar e pulsar rapidamente. Ele percorre as ruas em alta velocidade, fazendo manobras arriscadas e extraordinárias. A moto inclina ao ponto de seu joelho poder quase tocar o asfalto.

As luzes são refletidas na viseira de seu capacete, por onde a cidade toda passa diante de seus olhos rapidamente.

Ele chega a uma rua com pouca iluminação, um bairro calmo, com um toque sombrio, e estaciona sua moto em frente a um pequeno prédio de seis andares. Do outro lado da rua há três jovens fumando despreocupadamente e jogando conversa fora.

Desaparecida entre os Sete PecadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora