°° Capítulo Dezesseis °°

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Três meses e dez dias antes–21 de setembro 2016.
                                     

   Em algum lugar perto da vingança.

  
     As coisas entre Amie e Parker, estavam cada dia mais forte. A ligação que ambos estavam construindo era tão forte, que um segundo longe um do outro, era como uma eternidade. Depois daquele beijo, da forma como se tocaram e se olharam, eles se uniram ainda mais. Não houve outro beijo, não porque eles não queriam – porque eles ansiavam por mais beijos como aquele – mas porque a cumplicidade em suas conversas os fazia perder a noção do tempo.
  Clarisse via de longe o amor surgindo nos olhos deles, e ficava extremamente feliz por sua sobrinha em fim estar sendo feliz. Mas ela sente uma dor em seu peito, um medo profundo a consumindo. Ela não sabe o que fazer com as coisas que descobriu há dois dias. Aqueles papéis e fotos, não saiam da sua cabeça. Ela não conseguia aceitar que ele foi capaz de fazer algo como aquilo, que aquela mulher teve coragem de trair o seu irmão.
Deus, ninguém poderia sequer sonhar com as coisas que ela descobriu. Ela permaneceria calada, pois se algum dia Amie e Hugh descobrisse aquele doloroso segredo, seria o fim deles e daquela família.

Amie estava sentada em um banquinho, completamente suja de tinta. Em uma das mãos ela segurava uma paleta de tintas, e na outra um pincel. Na sua frente há um grande quadro branco, que a cada segundo se encontrava com uma nova cor e forma. Amie, tentava retratar cada detalhe, textura e cor, para que saísse perfeitamente igual a imagem que ficou gravada em sua memória. Desde pequena ela sempre foi apaixonada pela Arte. A Arte da dança, da pintura, da música, da moda.

   Ela estava tão concentrada no seu trabalho, que não notou a presença de Parker ali. Ele a olhava com um enorme sorriso no rosto. Nesses dias ele conheceu a mulher maravilhosa que Amie era. E cada dia que se passava ele tinha a absoluta certeza que pouco a pouco ela ia entrando em sua vida, de uma forma permanente.

  - Você fica linda assim toda concentrada no que está fazendo. – Ele diz, fazendo-a pular de susto.
- Deus! Você quer me matar do coração, Sean. – ela murmura rindo com a mão no peito.
- Desculpe, anjo. Acontece que estou aqui há minutos e você não notou minha presença. – ela fala.
- Estava tão concentrada que não notei você ai.

  Ele caminha em sua direção, mas ela pula do banco e corre em sua direção, impedindo-o de chegar perto da tela.

- Nem pense nisso. – ela fala com as mãos no peito dele.
- Mas eu quero ver o que você está pintando. Ver se você é mesmo boa, ou aquelas que desenham só rabiscos. – ele a atiça com um sorriso nos lábios.
- Não são rabiscos senhor Madden, é arte. Agora dê o fora daqui, você só verá quando eu terminar. – ela tenta empurra-lo as ele a prende em seus braços.

  Ele limpa seu rosto sujo de tinta, e prende alguns fios soltos atrás da sua orelha. Sobe sua mão pela suas costas, até chegar a sua nuca, fazendo-a inclinar um pouco para trás.
- O que-e.. você está fazendo? – ela pergunta confusa.
- Eu vou beijar você.

  Assim, ele toma os lábios dela, no começo é apenas um roçar de lábios. Mas depois, ele invade sua boca sem pedir permissão. Ele devora sua boca com vontade, arrancando um gemido baixo dela, que o faz grunhir e imprensa-lá na parede próxima a eles. Ela vai subindo suas mãos pelos braços dele, até chegar a seus cabelos. Eram macios e cheirosos.
    Ele aperta a cintura dela, e aprofunda ainda mais o beijo, deixando-a tonta, perdida. Aos poucos ele vai diminuindo a intensidade, até que suas bocas começam a se mover juntas, em movimentos lentos, arrancando ainda mais suspiros e gemidos. Seus corações batem fortemente, suas mãos tremem para percorrerem cada trilha de pele que possuem.
  Eles ansiaram por aquele beijo a dias, cada segundo que se passava se tornava um missão difícil de ser ignorada. Por todas as vezes que suas peles se tocavam por acidente ou não, a vontade de ambos eram de se jogar nos braços um do outro e acabar com aquele desejo.
   Ele se afasta delicadamente, beijando todo o seu rosto com carinho. Ela mantém seus olhos fechados, tentando recuperar suas forças. Ele acaricia seu rosto com tanta devoção, que ele precisa se afastar dela antes que cometa uma loucura.
- Vou deixar você trabalhar agora. Te vejo mais tarde. – beija sua testa e sai, antes que ela consiga dizer para que ele fique.

  Depois de passar a tarde pintando, Amie corre para tomar um banho relaxante de banheira. Ela coloca alguns saís de banho de ameixa, e liga o som do seu celular. Depois de vestir um vestido de malha leve, ela organiza o restante de suas coisas e ajeita os papéis que seu avô pediu com muito cuidado para não amassar. Ela não entendeu muito bem, mas pelo que viu nos papéis seu avô estava vendendo uma casa que tinha na cidadezinha de Fussen, o que a intriga é de nunca ter ouvido falar sobre essa propriedade.
  Por que como consta nos papéis a compra da casa, foi de antes que ela nascesse então, não entende porque nunca foi a essa casa quando passava suas férias aqui. Guardando-os na sua bolsa, ela desce as escadas, sentindo um aroma gostoso de macarronada. Ao chegar a cozinha vê Parker de costas, mexendo algo no fogo.
- Não sabia que cozinhava. – ela fala cruzando os braços.
- Você não sabe muita coisa sobre mim, senhorita. – ele devolve piscando por cima do ombro.
Ela ri, e vai para a sala. Coloca um pouco de vinho na taça e liga a Tv. Quando ela vira-se para se sentar no sofá, escuta algo que a choca tão profundamente, que a taça em sua mão cai no tapete branco, manchando –o com o vinho.

   “ No começo da noite, vizinhos perto do deposito das empresas B&C sentiriam um cheiro muito forte de gás, e logo em seguida uma explosão rompeu os arredores assustando a todos. Minutos se passaram até que as autoridades chegassem ao local tentando abaixar o fogo. Teremos mais detalhes agora com nosso repórter. Boa noite Evan, como está a situação por ai.
- Boa noite Julia, e a todos em casa. Como você disse, pessoas que moram aqui perto sentiram um forte cheiro de gás, seguido por uma explosão. Segundo fontes, não houve nenhuma morte, e nenhum ferido. O que, mas intriga é o que causou esse vazamento de gás nas indústrias B&C, logo que são uma das empresas que mais pregam pela segurança e responsabilidade. Como todos sabem, no próximo mês haveria um grande desfile de moda, com peças exclusivas, desenhadas pela herdeira do patrimônio Brodbeck e Camiotto, Amie Beryl Brodbeck Mitchell. Mas como podem ver, todo o galpão está em cinzas, e todo o material do desfile se encontrava ali."
O câmera man desvia a câmera do repórter, e mostra o galpão em cinzas. Bombeiros jogam água de suas mangueiras, tentando abaixar a temperatura forte que sai de lá. Carros policiam á área, e ao fundo totalmente transtornado e abatido Amie vê o seu pai.
- Oh Deus.. não. – Amie chora desesperada.
Surgindo na sala, Clarisse corre em direção à sobrinha, e fica aterrorizada com o que vê no noticiário. Abaixando-se em frente o sofá ela abraça Amie e murmura palavras de conforto. Parker vê as duas, e a reportagem sem esboçar qualquer sentimento. No seu bolso, o celular vibra indicando uma nova mensagem.
“ FEITO.”

  

  Depois de um tempo Amie finalmente se acalma. Conversou brevemente com o pai que muito triste, disse que haviam perdido tudo. E isso acabou deixando-a pior. Todo o seu trabalho, tudo o que ela mais ama havia sido destruído. Tudo pelo qual ela lutou, agora não era nada. Com o coração sangrando em mãos ela se lembra das palavras da sua mãe, que por toda sua vida a acompanhou, sempre lhe mostrando que ela tem razão.

- Minha mãe tem razão. – ela sussurra com pesar.
- O que ela tem razão querida? – sua tia pergunta e olha de canto para Parker, que até então apenas olhava.
- Tudo o que eu amo, tudo o que eu toco morre, apodrece. Que eu nunca consigo manter minhas mãos imundas longe do que não é meu.  Tudo o que me restava era meus sonhos, e nem isso mais eu posso ter. Porque se não são os outros que tiram, a vida se encarrega de tirar de mim. – ela se cala ao não suportar mais a dor em seu peito.
Parker cerra os punhos, sentindo tanto ódio que não imagina como ainda permanece calado.
- Não diga isso querida. Aquela louca da sua mãe não sabe de nada. Você não pode escut..
- Chega, tia. Chega. Não quero ouvir mais nada. Vou subir e pegar minhas coisas, então sugiro que façam o mesmo. Em meia hora eu volto pra casa. – ela caminha, mas para no meio do caminho. – Com ou sem vocês dois.

Em meia hora os três estão dentro do avião particular da família de Amie, que se prepara para decolar. Amie mantém uma expressão tão seria em seu rosto, tão fria que Parker sente que a partir dali ela não será mais a sua menina. E tudo isso seria culpa sua, pois a sua vingança já havia começado.

                                     


















Desaparecida entre os Sete PecadosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora