1º - O folhetim descafeinado e morno

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"Apenas uma garota de cidade pacata, procurando o combate de sua vida. No mundo real definitivamente ninguém a vê e todos dizem que ela é louca."

『❥』Maniac - Michael Sembello『❥』

(Podem apertar o play!)

(CORALINE)

— Calma, calma... Calminha! — grito, sendo arrastada por todos eles, enquanto puxava as coleiras para tentar parar.

Um passo de cada vez. É o que eles dizem para quem realmente quer realizar algum sonho ou prosseguir com algo. Se for assim, eu estou caminhando a décadas no mesmo lugar e nada nunca vem realmente. Mas é preciso ter paciência. Bom, isso era outra coisa que diziam também.

O Brooklyn nunca me pareceu tão convidativo num fim de tarde como este. Na verdade, ele nunca foi de ser um hospedeiro sincero. Os mesmos tijolos, a mesma arquitetura. O frio. E tinha a mim também. Um pequeno detalhe em meio de tantos anos de história.

Estou em mais um dia do calendário e cruzando a última avenida para chegar à Gates, e eu possuía companhia. Tenho cerca de 3 cachorros para devolver à seus respectivos donos. Hoje era quarta-feira, e geralmente preciso de uma grana extra no fim do mês, então os levo para passear. Seus proprietários eram ocupados demais com suas vidas corridas.

— Aqui está... — concluo, massageando o pelo de Bobby, um Golden Retriever pertencente à Gina, moradora do 67.

— Obrigada, querida. — sua mão se envolve na coleira e ela me entrega o envelope com os quinze dólares de sempre — Até a próxima quarta.

E sua porta se fecha, depois de dois latidos de despedida. Sorrio, e desço as escadas, voltando para a rua e tomando destino.

Não. Eu não me considerava sortuda ou qualquer outro tipo de coisa. Na verdade, eu sou comum. Ou extra-comum, no caso. Vivia como uma garota da minha idade, tentando pagar o aluguel do apartamento da forma que dava.

Desempregada, eu havia acabado de perder a vaga de garçonete no Cup Of Brooklyn. Era um salário que cobriria boa parte das despesas dos meses. Mais uma de diversas dispensas que tive. Eu nem sequer estava preocupada.

Por quê? Bom, eu tenho 22 anos e uma larga experiência com balcões e comidas. Todas péssimas e bagunçadas, só para avisar. Resquícios de tentativas frustradas de conseguir independência antes da hora permitida.

Já fui garçonete de três restaurantes da quinta avenida, atendente do McDonalds da quarta e tentei me encaixar como balconista na cafeteria que fica de esquina com o prédio onde moro. Todas as vagas eu tive desastres. Derrubava ou quebrava algo, e isso quando não era em cima dos clientes. Juro, nunca iriam encontrar mais estabanada com as próprias pernas e pés do que eu.

Sim, eu. Coraline. Ou Cora, como preferir. Acho mais fofinho. Nome inteiro, quando dizem, parecem estar bravos comigo. Mas faz parte.

— Como foi seu dia? — o Sr. Sam pergunta, assim que termino de entrar no pequeno hall do prédio e limpar os pés no tapete.

— Nada de extraordinário. — comento, me debruçando desanimada sobre seu balcão de madeira polido — Eu estou tão cansada disso... — tombo a cabeça para o lado, alarmando desistência.

— Eu também estou. E tenho mais que o dobro de sua idade, menina — ele ri, me estendendo a mão.

Sua expressão sempre era amigável. Com o pouco de cabelo que lhe sobrava, a boina cinza repartia. Sempre usando a mesma roupa social, vivia sentado na portaria cumprindo sua função de destravar portas e dar chaves reservas, isso quando não havia nenhuma reclamação de infiltração.

coraline • shawn mendes (não finalizada)Where stories live. Discover now