—Me diga que o S não é de Sexo. —murmuro quando ele estaciona.

Joe está sorrindo de orelha a orelha.

—Não gosto de mentir pra você amorzinho. Prepare-se pro momento mais doido da sua existência.

Santo Deus.
Antes de entrarmos eu tinha construído uma imagem mental de como seria o lugar. A realidade não chega nem perto do que imaginei, positivamente. Na verdade a entrada nos leva a um corredor. Joe me leva pela mão. Consigo ver e ouvir, música alta, luzes coloridas. Tem uma boate atrás de alguma das portas. Andamos mais um pouco até Joe empurrar a porta 32. Prendo a respiração antes de entrar. É um quarto. Deus. É uma espécie de boate motel, acho eu. As paredes são vermelhas, a colcha da cama king size também.

—Joe que maluquice é essa? —pergunto olhando ao redor. Tem un futton de couro vermelho com preto, o piso é preto. É um quarto grande, tem um carpete vermelho aveludado que me faz lembrar do meu quarto.

—Espere... —batem na porta —Bem na hora.

Joe vai até a porta e fala brevemente com uma pessoa, eles se despedem e então entram homens. Dou um passo para trás. 6 homens. Pelo menos estão vestidos. E... São tremendamente bonitos. Nenhum deve ter mais de 20, é notório. São diferentes tamanhos, cores, cabelos e corpos. Vestem camisa polo e jeans.

—São todos seus.

—E-eu não posso! —berro com Joe —O que tem na cabeça? Não posso... Eu nem os conheço.

Joe revira os olhos e vem a mim.

—É só beija-los, ande.

—Não dá. —me abraço. Estranhamente não quero ir embora —Não dá com todos olhando. —murmuro baixo. Observo os rapazes —O moreno fica.

—Certo, rapazes esperem a vez de vocês lá fora está bem? Isso pode demorar. —ele guia os rapazes pra fora da sala —E eu, saio ou fico?

—Fique.

Estou tremendo de medo mas sou corajosa, segundo meus colegas de escola. Ando até o rapaz. É moreno e tem olhos claros. Ele é lindo de doer.

—Nunca fiz...

—Eles sabem. —Joe me corta —E aliás, não precisa falar com eles se não quiser, eles entendem.

—Não, tudo bem. —mordo o lábio —Eu me chamo Genna. —digo nervosamente —Não quero que me diga o seu nome.

—Entendi. —ele diz em voz baixa —Você é muito bonita Genna. —arregalo os olhos.

—Eu não sei se consigo Joe.

—Beije ela.

E o rapaz me beija. Ele veio depressa mas me beija devagar. Sua mão segura meu rosto e nem quero pensar em como pareço idiota com os braços caídos ao lado do corpo. Ele tem gosto de limão. E sua barba rala faz cócegas. Me afasto. Ele sorri e sai. Então tudo fica mais fácil. Nenhum deles diz o nome, eu até minto o meu lá pelo quinto e sexto. Todos beijam diferente, é incrível. O número 4 foi o mais intenso até eu coloquei mãos onde não deviam e ouvi a tossida de Joe. O sexto passa pela porta e Joe suspira vindo na minha direção.

—Minha vez Well.

—Como assim? —estou tão atônita que demoro a perceber —Ah.

—É, eu preciso ver se a grana serviu pra te deixar expert em beijo. —ele fica diante de mim e caio sentada na cama —Qual é Genna, você vai me beijar.

—Eu... —eu venho pensando nisso há um bocado de dias, é a chance que posso não ter de novo —Não é estranho beijar uma garota?

Joe dá de ombros sentando do meu lado.

—Claro que não, eu também fico meninas. Anda, vem.

—Vem você.

Ele acaba rindo antes de se inclinar. Pego a mão dele e Joe hesita mas vem. Sinto o hálito forte de menta, ele e eu vínhamos mascando chiclete juntos no trajeto pra cá. Os lábios de Joe são macios e quentes. Retribuo como posso e levo a mão que me resta a seu rosto. Joe morde meu lábio inferior e soltamos as mãos. Subo no colo dele. Joe beija meu pescoço e enfio os dedos em seus cabelos sedosos. Solto um gemido baixo quando ele chupa um lugar sensível. Joe abaixa meu rosto e me beija mais uma vez. Seus lábios estão febris. Nunca senti tanto desejo na vida. E esse beijo é bem melhor do que todos com os quais sonhei. As mãos dele apertam minhas coxas dobradas enquanto as minhas descem por suas costas arranhando sua pele. Joe geme alto em minha boca.

—Merda. —ele xinga afastando o rosto do meu —Pareçe que os caras fizeram um trabalho bem bom. —ele está tão arfante quanto eu —Bem... É melhor irmos madame, está tarde, seu pai me deu até a meia noite para leva-la pra casa.

Assinto saindo de cima dele.

—É, é precisamos... Voltar. —começo a rir —Desculpe.

—O que foi? —ele também está quase rindo.

—É... Muito maluco, tudo isso, o que somos e o que fazemos.

Joe ri, eu também.

—É o que todo bom adolescente vadio e californiano diz.

—Vadio não está conjugado corretamente sr. Nicholson.

Ele ri mais.

—Vamos logo Well.

*

Joe veio o caminho todo recitando poesias de poetas categorizados como “muito felizes”, na opinião dele. No meio de uma citação, quando estamos a metros da minha casa, avistamos Sam e um cara na garagem. Joe para o carro no meio da rua. Sam está muito perto do cara, tipo, muito perto. Eles estão conversando baixinho, sob a luz da garagem. Sam se afasta com um sorriso maroto e então o garoto puxa ele contra si. Eles estão se beijando.

Prendo a respiração.

—Era o que eu precisava ver. —Joe diz explodindo de alegria ao meu lado —Vou cair em cima do seu irmão feito uma bomba nuclear. Boom!

Sorrio.

—É —murmuro baixo —Boom.

*

Os cafés da manhã em dia de jogo são especiais. Meu pai fez panquecas, não pude ajuda-lo porque estou com muita dor de cabeça, não dormi ontem à noite, foram muitos acontecimentos de uma vez.

—Panquecas, demais!— Sam esfrega as mãos prestes a devorar sua comida —O que há de errado Genn?

—Nada. —solto o garfo —Porque?

—Não pareçe bem esta manhã.

—Falta de sono. —sorrio bebericando o café —Como vai o trabalho pai?

Meu pai tira os olhos do jornal, estava distraído. Ultimamente tem estado distraído. Acho que sei o motivo, estamos quase no meio de março, a mãe de Sam morreu no final de março.

—Bem, estamos com uma nova remessa de jovens corretores, é impressionante como pareçem aqueles camarões pequenininhos perdidos no oceano. —ele sorri balançando a cabeça em desdém —Serão todos devorados.

Boom.

—É, serão explodidos. —ele sorri pra mim e se volta pro Sam —Acha que vão ganhar o jogo Sam? Ouvi dizer que os rapazes de San Francisco são bons.

—Os Sharks são melhores. —Sam responde de boca cheia —Tubarões sempre vencem pai, é a ordem natural das coisas.

Olho pra Sam reprimindo a vontade de enfiar o garfo no olho dele. É, no final das contas tudo está como deveria ser. Genna Well voltou a ser invisível porque os Tubarões a devoraram. Boom. Até a carcaça se foi.

Uma Garota IncompletaWhere stories live. Discover now