13

25 4 0
                                    


Sam sabe.
Não queria ter sido eu quem justamente fraquejou, e logo no primeiro dia de namoro. Joe chegou aqui em casa ontem à noite há menos de 10 minutos após ter desligado. Ele entrou pela porta da frente, ouvi quando Sam perguntou o que ele fazia aqui e segundos depois Joe batia na minha porta. Deixei que ele entrasse, deixei que Sam gritasse no corredor, deixei as lágrimas rolarem, deixei Joe me abraçar, deixei Joe dormir na cama comigo, deixei tudo aconteçer.

A única pessoa que sabe que eu gostaria de conheçer minha família materna é o papai e antes, quando eu tinha por volta dos 12, ele tentou acha-los mas não conseguiu. Minha mãe fugiu de casa e nunca falou de onde era pro meu pai, ela mentiu dizendo que era de Oklahoma mas ele sabia que ela estava mentindo. Meu pai respeitava que ela não quisesse a família por perto mas eu preciso saber quem eles são, sempre quis saber de onde eu vim.

—Se é assim agente pode encontra-los. —Joe diz depois que conto tudo. Perdemos a hora pro colégio, sem falar que acordei com uma enxaqueca terrível —Tem a internet que facilita muito esse tipo de busca familiar e tal. Essa sua situação nem é tão rara Genn.

Olho pra ele. Estou com a cabeça em seu peito.

—Não sei nada além do sobrenome de solteira da minha mãe. Nada de fotos, nada de nomes citados, escolas que ela frequentara ou assim. —respiro fundo —Tenho a impressão de que eles não são bons, você sabe, pra ela fugir e não querer ligação nenhuma com eles.

—Mas ainda assim vai insistir em acha-los, não vai Well?

—É algo importante pra mim.

Joe assente.

—Então nós vamos acha-los Genn, custe o tempo que custar. E se eles forem uns idiotas, ainda vai ter válido a pena —Joe me aperta em seus braços —Vamos achar sua origem.

E de alguma forma, sei que não é impossível. Agente vê esse tipo de coisa na televisão o tempo todo, porque não poderia aconteçer comigo?

          Joe diz que passará o dia todo aqui e fico feliz por fazê-lo, não quero ficar ou me sentir sozinha. Durante amanhã eu fico fazendo algumas tarefas domésticas, passo o aspirador de pó no andar de baixo, lustro os móveis e preparo o almoço, enquanto faço isso Joe me segue, que nem um maluco, e não me ajuda em nada!

Bufo cortando os legumes.

—Poderia ao menos me ajudar, é o que um cavalheiro faria Joe.

Ele ri sentado à mesa.

—Convenhamos que eu não sou nenhum cavalheiro meu bem. —reviro os olhos—Mas quer mesmo que eu te ajude? Se sairá melhor sem mim, minha mãe costuma dizer que tenho as mãos furadas.

—Você é desastrado? —pergunto sem acreditar.

—Quando o assunto é tarefa de casa eu sou bem inútil.

—Pareçe que ninguém é perfeito. —zombo dele —Então só pegue uma cenoura aí na geladeira pra eu poder refogar o arroz.

Oui madame.

—Francês? —olho pra ele surpresa —De onde tira tudo isso Joe?

Ele vai até a geladeira e fica encarando tudo lá dentro. Fico calada e deixo ele achar as cenouras sozinho. Rio quando ele finalmente acha.

—“Tudo isso” o quê? —me pergunta trazendo o que pedi.

—Você é cheio de... Nuances, eu diria. Sabe, ontem veio aqui e foi incrivelmente romântico. Anteontem estava todo sentimental me pedindo desculpas... Eu não consigo ser várias em uma só, sou só eu. —balanço a cabeça —Acho que não dá pra entender o que quero dizer.

Uma Garota IncompletaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora