+16 | Vick, de 18 anos, namora Guto Martins, um capoeirista adepto aos anéis de castidade que ela conheceu muito por acaso no dia em que prestou o Exame Nacional do Ensino Médio. Embora tudo pareça perfeito, um trauma no relacionamento dos pombinhos...
Mas rasgue com vontade. Com vontade mesmo. Bom, escolhi começar desse jeito porque considero introduções absolutamente importantes. E embora eu tenha certeza que você já tirou suas conclusões, sinto em dizer que isso não significa o que você acha que significa e nem te dá direito de pensar de mim o que está pensando agora.
Permita que eu me apresente. Meu nome é Maria Victória Aires, mas gosto de ser chamada de Vick. Vick Aires. Atingi a maioridade há pouco tempo, mas me sinto adolescente ainda, mesmo com alguns compromissos de pessoa adulta pesando nas costas. Resido em Birigüi, uma cidade cheia de pessoas sorridentes que sempre dizem "bom dia" a todos os moradores que circulam pelas calçadas, inclusive para as vaquinhas que circulam livremente pelos bairros quando fogem do pasto. Ou seja, uma cidade como muitas outras do interior sertanejo do estado de São Paulo, a não ser pelo caldo de jegue servido aqui, o mais suculento de todo o Brasil. E dos orelhões telefônicos com formato de tênis, que quase ninguém usa mais depois que o telefone celular foi inventado, mas que servem para dar um toque mais divertido para a cidade.
Tá, eu sei que a palavra Birigüi pode soar estranha para algumas pessoas, mas se você buscar no mapa do Estado vai descobrir que quase todas as cidades ao redor da nossa também receberam nomes de origem tupi-guarani, o que é irônico, considerando que os imigrantes descaracterizaram todas as aldeias indígenas que existiram aqui. Birigui, por exemplo, significa mosquito na língua indígena. Mosquito! Não é incrível? Mas chega de falar disso. Afinal, você não chegou até aqui para receber lições de história e cidadania.
Mas antes de começar pra valer, gostaria de registrar um fato importante: O que estou prestes a contar não são exatamente as lições que a vida me presenteou, mas sim uma sucessão de acontecimentos que transformaram a minha vida monótona de garota tímida e sem graça em um besteirol sem noção e totalmente tragicômico, com momentos surpreendentes e devastadores. Bem devastadores.
Vale dizer que esta é só a primeira parte de uma longa história que eu tenho para contar. Sei que histórias longas costumam ser entediantes pra caramba, mas essa não é não. Essa é das boas, você nem vai sentir o tempo passar. Aqui você vai encontrar de tudo, que vai desde coisas simples e bobas até as mais loucas, como por exemplo, ursinhos de pelúcia altamente explosivos. E antes que me julgue, sim, eu tô ligada que a moral de qualquer história deveria ser apresentada nas últimas linhas, mas essa em especial será contada de um modo diferente, já que estou cansada de julgamentos precipitados. Pode parecer confuso cronologicamente falando, mas relaxa... Em breve você entenderá tudo.
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