Caça as Vacas 2

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O silêncio foi único, não se ouvia nada além do eco repetitivo da batida.

Eu tinha acertado o professor, um tiro certeiro...o mais incrível de tudo, a bola fez uma curva sobrenatural por assim dizer, ela literalmente fez uma curva...meus poderes estão assim tão ruins?...

Ele virou com o olhar furioso, mas ao olhar nos meus olhos ele se alcançou e sorriu.

-Licença crianças, terei de sair mais cedo hoje.- ele pegou suas coisas e saiu, foi feliz e ansioso como se estivesse indo de encontro a alguém.

-Que tristeza em, mal consegue jogar uma bola em linha reta -Elas passam por mim rindo todas juntas como se fossem superiores.

-Calma meu amor, você foi muito bem.- Ty me abraça bem forte e sorri, ele é o melhor.

As aulas foram passando e hoje teríamos uma atividade em campo, nosso professor de biologia decidiu ir à um parque para tirar fotos de plantas...ok vamos lá.

Ao chegarmos ele pediu para que nos separássemos em grupos com quatro integrantes...ótimo, amo fazer grupos... principalmente quando acabo sozinha...acontece assim... por eu ser uma criatura do submundo, eu meio que tenho uma aura negra a minha volta, não é visível, mas os humanos a sentem...minha presença e contato trás sentimentos como medo, insegurança, raiva, dores, lembranças ruins, essas coisas, cada corpo reage de um jeito, você pode ficar violento como também pode sentir solidão, ou  em alguns casos paranóia. Ela é forte mas tento e consigo controla-la graças ao meu lado anjo ou lado bom (bem gay isso né).

-Senhorita, está em qual grupo?- o professor me chamou ao ver que fiquei meio isolada ali. -Eu n- fui interrompida.- Ela esta no nosso professor.- Vick apareceu sorrindo com suas amigas e o professor anotou algo em sua prancheta.

-Vamos querida, temos muito pra fazer.- Ela foi na frente.

Andamos pelo parque medindo, anotado e fotografando flores, no caso, eu fui medindo anotando e fotografando enquanto elas tiravam fotos para suas redes sociais.

Quando estávamos em uma parte cheia de árvores altas ouvi alguns gritos, não estava ligando...me abaixei para tirar foto de uma orquídea quando vejo uma louca correndo e batendo no cabelo. Ela estava gritando e suas amigas tentando tirar algo. Tinha uma aranha nela, ela mexeu tanto que a pobrezinha voou em mim e parou em meu peito. Vick se recompôs.

-Nunca pensei que veria dois insetos nojentos tão juntinhos. - Eu estava calma estendi minha mão para a dona aranha e sorri pra ela. -Não liga pra elas não, elas não sabem controlar o veneno.- coloquei a dona aranha na árvore e ela sorriu pra mim, com os olhinhos.

Continuamos andando e vejo uma ninfeia e em cima dela tinha um floquinho branco , era linda, eu tinha que tirar uma foto. Cheguei na beira do lago e tentei tirar a foto, sinto duas mãos em minhas costas e sinto a força feita para frente. Não pude nem pensar, fui direto para o lago. Cai e fui descendo cada vez mais, ele não aparentava ser fundo, mas por que continuo caindo? Tento entender isso e percebo que não estou segurando a respiração, mas também não estou me afogando...a água exercia uma pressão sobre meu corpo, como se ela me abraçasse forte...era um abraço, eu sentia isso...era doce, gentil, como se sentisse saudades imensas...me entreguei aquele abraço como se o conhecesse, era uma sensação boa, acolhedora, era tudo que eu queria...mas tive de sair...uma corrente me puxou para a superfície e o abraço que antes me segurava com carinho agora parecia se despedir com tristeza...ouço um susurrar, doce e quase inaudível, "cuidado". Minhas pálpebras pesam e me entrego a escuridão.

Acordei em uma parte do parque, cheia de flores pequenas, eu não estava molhada...minhas coisas estavam comigo, me levantei e fiquei me perguntando "como é que eu cheguei aqui?". Tentei me localizar, ouço meu nome sendo esguelado pelo professor e pelas meninas. Vou até eles com uma desculpa pronta.

Doce anjo meuWhere stories live. Discover now