Capítulo 24 (Final)

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Fico pensando bastante na minha conversa com o Oliver ainda por várias horas depois que desligo o celular. E a cada dez minutos, ligo para o Nick e deixo mensagem na sua caixa postal. Tenho plena certeza de que ela já está totalmente lotada, mas eu não me importo. Preciso falar com ele. Mas quando o Benny acorda, pouco depois do meio dia, eu ainda não consegui ouvir a sua voz. Pelo menos não a voz real. Apenas sua voz eletrônica típica, dizendo que está ocupado no momento e para ligar depois. Para me distrair, e também é claro pelo fato de eu não cozinhar muito bem, proponho sairmos para comer fora.

Quando chegamos ao Joe's, faço-o pedir o ensopado de lula e polvo que é um dos pratos mais famosos do restaurante. Meio desconfiado, ele segue minha sugestão, mas só por precaução, peço uma porção de camarões à milanesa e arroz branco para mim porque se ele não gostar do ensopado, podemos trocar de prato e eu sei que ele adora camarão. Porém, quando o garçom serve os nossos pedidos, ele devora a comida com muito gosto e pede mais um quando termina. Ele adorou. Que bom, penso. Porque assim posso desfrutar dos meus camarões que estão uma delícia.

— Você está muito calada. — Benny diz pra mim assim que ele acaba de comer o segundo prato.

— Estou apreciando a comida. Além do mais, mamãe sempre dizia que não se deve falar enquanto come.

Ele me olha de maneira inexpressiva por um tempo e então explode em uma gargalhada sem se importar com quem está olhando.

— Você nunca fazia o que ela dizia e resolveu fazer isso agora?

Não posso evitar rir junto com ele. É a mais pura verdade. Digamos que eu nunca fui a mais obediente das filhas e tagarelava igual a um papagaio durante as refeições. Sempre.

— Nunca é tarde para aprender boas maneiras.

— Não caio nessa. — ele fala com um sorriso mais ameno — E então, vai me dizer por que está tão calada?

Agora é a minha vez de trazer de volta a seriedade ao meu rosto. Não contar a ele o motivo da minha, digamos antipatia, será bem pior. Ele vai me azucrinar até a hora de ir embora amanhã então é melhor dizer logo.

— Ainda não consegui falar com o Nick. Ele não atende minhas ligações e não me ligou nenhuma vez desde que viajou há uma semana.

— E quantas vezes você ligou pra ele?

— Humpf. Sei lá. Umas vinte?

— Não estou falando de hoje. Estou falando da semana toda.

A mesma quantidade, abro a boca pra dizer, mas fecho logo em seguida. Sei exatamente a quê ele está se referindo. Eu liguei diversas vezes hoje depois da nossa conversa sobre a doença do avô dele, no entanto, não liguei nenhuma vez antes disso.

— Você deve considerar o fato de ele estar ocupado ou talvez apenas não queira falar com você agora.

— É, eu sei. Eu sei. — respondo a contragosto — Mas a falta de resposta dele está me deixando apreensiva.

Será se ele não viu minhas ligações? Ou apenas escolheu ignorá-las? Acho difícil ele ter passado a semana toda sem pegar no celular. Ele é um cara bastante requisitado então não tem como ter perdido o celular ou ter se esquecido de ver suas chamadas perdidas e mensagens de voz e texto.

— Espere, filha. — ele segura uma das minhas mãos — Não se esqueça que foi você quem impôs essa distância. Ele vai te atender quando estiver pronto.

— É, eu acho que sim. — digo em total desânimo.

Pouco tempo depois, eu termino de comer e peço a conta, pronta para levá-lo até o meu quarto no prédio do dormitório Eaton. Quero mostrar a ele onde passarei meus dias e noites nos próximos anos e assim acostumá-lo a ir até lá quando vier me visitar no futuro.

Recomeço (SR #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora