Recomeço (SR #2)

Capítulo 12

Após a partida do Nick, como era de se esperar, eu passo boa tarde do dia apenas deitada. Entediada, pego meu notebook e começo a navegar um pouco pela internet. Converso com o Benny pelo Skype e dado o fato de ele não mencionar em nenhum momento ter mandado flores pra mim, me faz agora ter certeza de que realmente não foi ele.

Também falo com Camille e fico sabendo que ela voltará das férias daqui a dois dias. Loren voltará semana que vem. Ela me conta o quanto está curtindo nas montanhas de Aspen com os seus pais e eu conto como foi a maravilhosa semana que eu passei em Mônaco com o Nick.

Depois do almoço, vou à clínica para mais uma sessão de fisioterapia. Agora com as duas terapias associadas, em solo e na água, eu terei sessões todos os dias. O Dr. Byron e o Dr. Hudson estão confiantes de que conseguirei estar de pé no casamento do Robert no fim do mês e assim espero. Depois de sair, Agnes e eu damos uma passada no shopping. Nunca fui uma garota de fazer muitas compras, mas depois que o Nick me deu um cartãozinho preto Amex, eu comecei a providenciar sozinha as coisas que eu preciso. Ele já é ocupado demais para ainda dedicar tempo para as compras.

Quando volto pra casa, depois das cinco e com uma porção de sacolas, olho meu celular e vejo uma mensagem do Nick enviada há pouco tempo. Acabei de chegar. Estou morto. Nos falamos amanhã. Fico meio decepcionada, pois gostaria de conversar com ele e quem sabe fazer sexo por telefone de novo. Nos demos muito bem nesse aspecto da outra vez que ele viajou.

Sem nada pra fazer, peço à Agnes que me prepare algo para beber e vou para a varanda olhar o fim do crepúsculo e minha mente começa a viajar pelo fim de semana, fazendo algumas coisas voltarem com toda força. Como diz o ditado, mente vazia é oficina do diabo... E incapaz de continuar com o sentimento de curiosidade e ansiedade que eu guardei apenas para mim nos últimos dois dias, ligo para o Asher e peço pra ele vir até aqui, pois temos dois assuntos para tratar.

Primeiro, o cara misterioso na floricultura e o fato de talvez ele ter alguma relação comigo. Eu não preciso de um pai, não outro que eu não conheça, o Benny já desempenha muito bem esse papel, mas eu quero saber se homem doador dos espermatozoides que ajudaram a me gerar está tentando uma aproximação depois de dezessete anos e apenas o Asher pode me ajudar por enquanto.

E segundo, ele me disse algo que atiçou um pontinho no meu cérebro responsável pelo meu sexto sentido, se é que isso existe. O fato de tê-lo conhecido três dias depois de ter brigado com o Nick, logo após a Ada aparecer, bancar a vilã e sumir de Miami me deixou estranhamente intrigada esses dias. Eu nunca me permiti juntar dois mais dois porque ele chegou exatamente no momento em que eu precisava de alguém ao meu lado para me ajudar a passar pela dor de ser traída, mas pensando bem, ele ter aparecido na minha vida tão repentinamente e em um momento tão oportuno é realmente suspeito. Principalmente depois de ele ter defendido tão energicamente aquela vadia durante o nosso papo na sexta e saber de alguma forma sobre a "traição" do Nick que eu nunca contei a ele.

Isso me corroeu o fim de semana inteiro. Não sei direito o que pensar. Ele é tão sensitivo assim? Apenas com algumas poucas informações conseguir supor o que o Nick fez com a Ada? Talvez eu esteja apenas sendo paranoica, mas a mínima possibilidade de ele ter sido plantado na minha vida me faz entrar em parafuso. E o que é melhor para esclarecer tudo se não uma conversa cara a cara?

Quando ele chega pouco depois das oito da noite, peço para a Agnes o mandar subir diretamente para a varanda superior. Estou terminando uma segunda xícara de chá de camomila quando ele se encosta no gradil do deque com um grande balde de frango frito dentro de uma sacola e um sorriso enorme no rosto. Suspeito que seja porque o Nicholas não está.

— Você demorou. — digo colocando a xícara no apoio de copos da cadeira.

— Tive um pequeno problema depois de sair do Sunrise. — ele se abaixa para me dar um beijo no rosto e volta a se encostar no gradil.