Capítulo 22

3.6K 376 34
                                    

Saio rapidamente, deixando um Nick inconsolável em casa. Eu passei pelo inferno nos últimos dias por causa da mentira dele. Bom, que ele tenha pelo menos o gostinho disso agora. Não queria que tivesse chegado a tanto, mas como eu posso deixar passar em branco algo como isso? Simplesmente não consigo esquecer o que aconteceu... Prometemos dizer a verdade sempre, desde antes de começarmos a namorar, mas ele ignorou essa parte do nosso trato. Ele pisou na bola uma vez e eu o perdoei. Essa segunda está sendo bem mais difícil.

Espero um táxi por alguns minutos ao lado de um poste a dez metros de distância da casa dele. Em nenhum momento ele faz menção de sair. Da última vez ele saiu correndo atrás de mim e assim, poucos minutos depois de eu chegar, ele já estava no meu prédio. Agora ele não faz isso. O meu celular na minha mão está quieto. Nenhuma vibração. Nenhuma ligação desesperada. Nenhuma mensagem me pedindo pra voltar. Nada. Talvez sua ficha ainda não tenha caído em relação ao tempo que eu lhe pedi ou talvez ele tenha apenas se conformado.

Meus olhos ainda estão um pouco inchados quando chego em casa. As maçãs do meu rosto e a ponta do nariz ainda estão vermelhas. Sempre ficam assim depois de um longo período de choro. Quase achei que ficaria desse jeito permanentemente após tantos dias infindáveis de lágrimas rolando. Minha aparência no espelho não me agrada nada. Foda-se de qualquer forma. Eu não quero mesmo impressionar ninguém.

Tomo banho e me troco rapidamente. Passo um pouco de maquiagem e fico esperando que a Agnes chegue. Eu liguei pra ela quando voltava da casa do Nick e pedi que me encontrasse no restaurante perto da clínica dele para a gente almoçar. Irei dispensá-la dos seus serviços comigo. Não há mais necessidade de tê-la por perto, já que sou perfeitamente capaz de me virar sozinha agora.

Por vários minutos ela reluta com a minha decisão. Diz que quem a contratou foi o Sr. Hoffman então apenas o Sr. Hoffman pode dispensar os seus serviços. Ela mantém essa ladainha até eu lhe contar que não estou mais na casa do Nick. Digo-lhe que me mudei e graças a isso, ela terá que ficar comigo no meu prédio se quiser me servir, e como isso não acontecerá, eu posso sim dispensá-la.

Não quero ser mal agradecida, mas eu não a quero mais me servindo. Eu aceitei quando o Nick a contratou porque era realmente necessário e além do mais, era ele quem pagava tudo. Não me sinto bem em continuar aceitando sua ajuda, principalmente uma desnecessária, com o tempo que eu lhe impus. Ao fim de tudo, ela acaba aceitando, mas deixa claro que estará à disposição se eu precisar de qualquer coisa.

Após me despedir dela, encontro-me com a Cami do lado de fora da clínica. Pedi a ela que fosse à fisioterapia comigo hoje. Eu faltei a semana inteira e os meus médicos já me ligaram várias vezes, reclamando por causa disso. Mas quero ter alguém comigo, pois tenho certeza de que o Nick aparecerá e não estou querendo repetir a manhã que tivemos.

Mas durante toda a sessão e depois de ela acabar, não tenho nenhum sinal dele. Pergunto aos funcionários mais próximos a mim, mas todos respondem a mesma coisa. Há vários dias ele não aparece aqui. Imaginei que agora com o tempo que eu pedi, ele viria e tentaria falar comigo como da última vez, mas não é isso que acontece. Lembro-me que da primeira vez que nos afastamos, ele me procurou ainda alguns dias após o meu ultimato pra tentar se explicar e só depois de eu enfatizar que queria que ele mantivesse distância foi que ele respeitou o tempo. Será se ele não vai agir assim dessa vez? Tudo bem que fui eu quem pediu, mas por que a ideia de ele realmente se afastar me deixa nervosa?

Volto o caminho todo em silêncio. A Cami sabe, na certa, que algo está errado comigo, mas não pergunta nada. Nos despedimos perto do seu dormitório na Universidade de Miami e eu sigo no táxi sozinha. Chego em casa e me largo toda no sofá, onde logo adormeço.

O final de semana se passa tão lento como nunca antes. Com exceção de alguns momentos alegres com a Cami, a Loren ou o Asher, os meus dias são um verdadeiro porre. Limito-me a acordar, assistir televisão e voltar a dormir. Não sinto vontade de fazer nada, não consigo fazer nada. Tudo o que eu consigo é pensar em como a vida feliz que eu tive com o Nick há pouco tempo, ficou tão distante. Parece que faz uma eternidade que nós estávamos em Mônaco, felizes e sem nenhum problema, além é claro do fato de eu não poder andar.

Recomeço (SR #2)Där berättelser lever. Upptäck nu