Capítulo 8

4.8K 404 25
                                    

Chegamos a Miami pouco antes da meia noite no dia primeiro de janeiro. O Julian providenciou um dos três jatos da empresa para ir buscar a gente em Mônaco. Ao que parece o jato é do Nicholas, e agora estará disponível pra ele já que os Hoffman finalmente conseguiram arrastá-lo para o mundo empresarial ao qual toda a família pertence.

— Não foi tão ruim assim, ou foi? — ele pergunta sorrindo um pouco, enquanto estamos taxiando na pista do Aeroporto Internacional de Miami.

Sei que está se referindo ao luxo do jatinho particular que coloca a primeira classe de qualquer companhia aérea no chinelo, por melhor que ela seja.

— Preferia ter vindo em um voo normal. — respondo com bem pouca empatia pela situação. A última coisa que eu quero é que ele se acostume com os mimos dos pais, na tentativa de ganhá-lo. Não que eu ache que ele vá se vender, mas segundo palavras do próprio Nicholas, Julian Hoffman costuma conseguir o que quer e nesse momento o que ele quer é a alma um tanto frágil do homem que eu amo. Bom, não vou entregá-la de bandeja.

— Acredite, eu também. — ele aperta minha mão, passando-me conforto.

— Você vai ficar com o jato?

— Teoricamente ele é meu. Três Hoffman. Três jatos. Um para cada.

— Mas você nunca precisou dele. Ou se arrepende de ter renunciado a tudo isso? — minha voz sai um pouco fria. Não que eu tenha feito isso de propósito, mas também não tentei parecer dócil.

Ele franze a testa, provavelmente perguntando-se o que deu na sua namorada, que ficou o voo inteiro calada e agora tudo o que quer saber é sobre o maldito jatinho particular.

— Eu só não quero que eles achem que têm você nas mãos por causa desses presentinhos. — coloco um sorriso forçado no rosto enquanto explico o motivo do meu azedume.

— Eu falei com o meu pai depois do Réveillon e impus todas as minhas exigências e pontos quando disse que aceitaria a proposta de assumir a HHE, então não se preocupe, eles sabem que eu não estou à venda.

— Eu não disse que estava. É que o pouco que eu conheço seus pais, eu...

— Eu entendi, Ellen. — ele sorri com olhos amorosos — Você se preocupa comigo e particularmente eu gosto disso. — depois aperta ainda mais sua mão na minha — Não se preocupe, mas eu vou ficar com o jato. Acho que será mais prático do quê depender de voos convencionais.

— É que você ainda nem foi e eu já estou com saudade. Eu odeio que vamos passar vários dias longe um do outro.

— Ninguém lamentará essa distância mais do que eu. Não pense que será uma colônia de férias pra mim.

Eu sei o quanto será penoso pra ele também. Agora finalmente eu sei sobre os sentimentos dele em relação aos pais e entendo que voltar para perto deles será doloroso, no mínimo.

— Eu sei. Eu só queria poder adiantar os próximos seis meses da nossa vida. Deixar todos os nossos problemas para trás e seguir felizes rumo ao pôr do sol.

— Farei o possível pra que possamos fazer isso logo. Não quero ficar longe de você.

Após aterrissar, vamos de taxi para casa. A ideia é passar o resto da noite juntinhos embaixo dos lençóis. Nick viajará pela manhã e eu ficarei uma semana inteira sem ele aqui comigo. Mas depois do sexo, ele logo adormece. Nem que eu quisesse eu conseguiria segui-lo nesse sossego. Minha mente está uma bagunça. Eu não quero pensar em como será passar tanto tempo longe dele, mas não consigo evitar. Imagens dos pais dele pressionando-o ou da Ada dando em cima dele ficam se materializando não minha cabeça e não me deixam em paz.

Recomeço (SR #2)Where stories live. Discover now