Capítulo 7

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Nos dias que se seguiram, era quase uma busca frenética mas era como se o suspeito nem existisse, e nesses cinco dias Rodrigo não ligara para Layla, não por que não se importava mas sim por que estava sem tempo, mas hoje Layla ligara para ele: - Querido? - Ah, oi meu amor, ta tudo bem? - Sim, e com você? - Tô ótimo, e como estão os dois? - Ela tá legal, mas Paulo ainda não acordou do pós operatório. - Me mantenha informado. - Claro, eu te amo. - Também a amo querida. Ao desligar o celular, Layla resolve ir até o quarto ver como Paulo estava, quando se aproximou da porta encontrou Elissah dormindo na poltrona ao lado com a cabeça encostada no peito de Paulo e segurando suas mãos, ela não saíra do hospital desde o ocorrido, Layla então resolveu não se meter ali, ainda lembrava da conversa que teve com ela ontem, ela estava se culpando, mas Layla resolveu não dizer nada por enquanto, Paulo prometera que cuidaria de Elissah a Everton, e levara muito a sério essa promessa. ... Em fim Paulo despertou, mas sua visão continuava escurecida r sua cabeça ainda girava, ainda sentia as feridas dos tiros queimando, sua respiração estava ofegante, tentou gritar para chamar alguém mas de sua boca só saía gemidos, começou a tentar se mexer mas não obteve êxito pois seu corpo doía insuportavelmente, foi então que ouviu a porta se abrir mas não enxergava, quis perguntar quem era mas as palavras não saiam, seu desespero começou quando sentiu a mão enluvada pousar vagarosamente em sua garganta e podia sentir o polegar massageando levemente a região da traqueia em movimentos circulares e esses movimentos cessaram e o polegar começou a se afundar nela como se fosse areia movediça, Paulo tentou abrir a boca para puxar ar mas seu agressor usou a outra mão para comprimi-la, sua adrenalina subiu e seu coração estava batendo muito mais rápido, a vida começou a se esvair desenfreadamente, foi quando uma voz familiar soou: - Paulo, você está acordado? Era Elissah! De súbito, toda aquela cena tornou-se um borrão em sua mente. Pela " segunda vez " Paulo desperta, mas em divergência da " primeira " ele estava enxergando, movia-se normalmente mas a cabeça ainda doía por causa da medicação, percorreu os olhos por um lado do quarto e depois em outro lado até sua visão deter-se na que talvez fosse a melhor coisa que ele poderia ver, ela estava linda, maravilhosa, descabelada, tão atraente quanto ele se lembrava, e seus olhos denunciavam as lágrimas e a ausência de sono. Elissah sentou-se ao seu lado e o presenteou com um sorriso tão lindo que era difícil encontrar outro semelhante, Paulo ergueu o braço e gentilmente afastou os cabelos dela que teimavam a cair pelo rosto e disse suspirando: - Ah querida. - Oi querido. - Você tá bem? Elissah quase riu, ele fora baleado e mesmo assim se preocupava com o bem estar dela, ela respondeu com uma voz doce: - Sim, obrigada por me salvar. - Eu fiz uma promessa lembra? Nesse momento ela recebe uma mensagem de texto de Daiana informando que Rexie e Lexie estão bem, ele soltou um suspiro de alivio e percebendo isso ele perguntou: - O que foi? - Rexie e Lexie foram baleados e Daiana acabou de mandar uma mensagem dizendo que eles estão melhores agora. - Que bom! Disse Paulo deixando a cabeça pesar no travesseiro, Elissah continuava a fita-lo e ficaram se olhando por um longo tempo como se a simples presença de cada um os livrasse de seus males, e de súbito ela quebra o silêncio: - Ei, eu te amo tanto... E assim ela se inclinou ao lado dele e o beijou ternamente impedindo qualquer resposta que ele daria, qualquer pensamento, qualquer forma de buscar o ar, qualquer forma de encontrar o fôlego que com toda certeza estava perdido naqueles lábios vermelhos que moviam-se junto ao seus como se fossem um só, quando finalmente ela se afastou ele disse em um suspiro único: - Eu amo você mais que tudo. Mas todo o clima montado ali fora bruscamente interrompido pela enfermeira que ao ver a cena ficou rubra, e gaguejando um pouco ela diz: - Desculpem, mas preciso aplicar os procedimentos. Elissah riu do embaraço da mulher e disse: - Tudo bem, você não interrompeu nada. Quando Elissah levantou Paulo se viu tentado a perguntar: - Ei, você ainda vai me amar amanhã de manhã? - Para todo sempre querido. Ela sabia que ele estava fazendo uma clara referência ao filme " O click " com Adam Sandler e adorava as citações que ele fazia de diversos filmes, quando ela passou pela enfermeira, uma mulher bonita e aparentemente da mesma idade ela diz: - Ele é todo seu. A enfermeira ficou mais vermelha do que já estava e quando Elissah se afastou ela sorriu graciosamente, quando chegou perto de Paulo ele diz arregalando os olhos: - Nossa! Você é muito linda! Já nos vimos antes? - Não sei. Você tem grandes amigos senhor! - Eu tenho os melhores. * Com Paulo hospitalizado, Edu assumiu a função de direção do jornal, e enquanto organizava a papelada já que era semana de pagamento, a velha secretária de Paulo surge na porta estranhamente nervosa dizendo: - Seu Edu, tem um homem querendo falar com o senhor. - Tudo bem Ruth, pode deixa-lo entrar. Minutos depois, um homem alto e forte entra na sala com uma expressão indecifrável em seu rosto, ele se dirige a Edu e aperta sua mão com força sua mão dizendo educadamente: - Bom dia Sr. Eduardo, sou o detetive Nathan Martins, estou aqui sobre as circunstâncias do atentado ao Dr. Paulo, governamental e líder estrategista da divisão especial do exército. - Quem te enviou? Perguntou Edu sem deixar transparecer um certo espanto que sentiu ao saber isso do passado do amigo, mas o detetive carrancudo disse em um tom de voz firme: - Assunto confidencial. - E o que vai fazer agora se as investigações já estão em andamento? Digo, já temos um detive militar no comando das investigações. - Não vejo problema nisso, ele será removido do comando. - Mas você não pode fazer isso! - Estou apenas cumprindo as ordens que me foram dadas. - Ordens de quem? E novamente Nathan respondeu com um tom de voz que deixava transparecer seu desagrado: - Assunto confidencial. E virou as costas e saiu. Edu jogou-se pesadamente na cadeira, quando pôs os pensamentos em ordem procurou seu celular para ligar para seu amigo, e como não encontrou usou o telefone fixo mesmo: - Rafael? - Sim. - Escute. Você conhece o Detetive Nathan Martins? - Nunca ouvi falar dessa merda, por que? - Ele está indo para a delegacia tirar você do comando e das investigações! - Como assim! Ele disse o motivo? - Não, apenas disse com um tom suspeito que era assunto confidencial, disse também das ocupações de Paulo antes de ser jornalista. - O que ele disse? - Toda a carreira militar de Paulo. - Pelo menos isso é verdade. - Mesmo que ele seja um militar especial ele pode tirar você do caso? - Pelo que você deu a entender a patente dele para ser superior a minha, se caso isso ocorrer e ele tiver jurisdição internacional ele pode sim. - Merda! Disse Edu pegando as chaves do carro e saindo correndo da sala: - Rafael, em quanto tempo você retira toda papelada e dados sobre o caso? - A papelada eu sempre guarda em caixas e os dados já estão salvos em cinco pendrivers especialmente codificados. - Você é o melhor cara. - Eu já sabia disso, mas pra onde eu vou já que provavelmente vão revistar minha casa? - Vai para a casa de Daiana, vou ligar para ela e avisar. - Ok. - Assim tiram a atenção de Paulo e Elissah. ... No caminho do hospital Edu liga para Diana para informar a ida de Rafael: - Daiana, o Rafael está indo se esconder ai! - Meu Deus! O que houve? - É uma longa história que vou lhe explicar quando chegar ai ok? - Ok. * A pedido de Rafael, Rodrigo foi até a casa dele o mais rápido que podia e pegou o máximo de roupas e objetos que Rafael havia pedido, a ideia era retirar as coisas essenciais sem fazer muitos estardalhaço muito pelo fato de que todo mundo conhece o Rodrigo e seu aparente sedentarismo e vendo aplicando altas descargas de adrenalina causaria estranheza com os poucos moradores da cidade e não foi para chamar a atenção que ele decidiu morar em Riverton. Quando Rodrigo colocava os últimos documentos na caixa, ele notou que um carro da policia estava se aproximando da casa, e agora não tinha como chegar no carro! Mas antes que o carro da polícia pudesse parar, um veículo em alta velocidade passa do lado da viatura obrigando-os a persegui-los e Rodrigo segue aliviado para o carro. O que o deixava tenso é que para manter as aparências ele não pode ceder ao seu impulso natural de acelerar seu carro, enquanto dirigia pensava no assunto da repentina vida de um homem que aparentemente tinha ciência do grande segredo de todos, não o fato de Paulo ser um ex-militar por assim dizer, mas algo que pode por em risco a vida de ambos os seus amigos, em parte ele mesmo se culpa, já que isso tudo é um carma como costumava dizer Fernanda, falando em carma, Rodrigo chegou a conclusão de que com o sumiço de Rafael ele vai procurar Edu e provavelmente irá revirar a casa dele! Aposto que o velho Edu não pensou por esse lado, e pensando nisso Rodrigo liga para Edu avisando-o da possibilidade que o mesmo calculara e Edu se aprontou em desviar de seu caminho e ir direto para sua casa, por sorte seus documentos ficavam dentro de caixas por causa da falta de espaço que estava tendo, enquanto Rodrigo se aproximava da casa de Daiana ele ligou para Layla para saber do estado de seu irmão já que não perguntava por ele a dias. * Elissah observava o vai e vem das enfermeiras e dos médicos pelo corredor, admirava o trabalho deles, você tem quer corajoso e atencioso para ser um médico, mas hospitais lhe trazem más recordações, como ás de seus pais, de sua irmã, se bem que nem pode ver o corpo de sua irmã por causa das tentativas de reanima-la, ela estava encostada na porta de costas ao quarto, Paulo estava dormindo um bom tempo, mas logo pode ouvir a voz rouca e sonolenta dele: - Você é linda de todos os ângulos, principalmente desse. Ela virou-se sorrindo e disse: - Notou que você mesmo meio dopado continua muito bobo? - Eu sei. Disse ele com um leve sorriso e fechando os olhos afundou-se em seu travesseiro, deliciando o calor que sua amada transmitira ao se aproximar e sentar na cama e segurar sua mão e do nada começou a dizer em um tom de voz nostálgico: - Uma vez, eu e Everton fomos pescar com vovô, passamos o dia inteiro naquele barco e o meu avô pegava tudo quanto é tipo de peixe, já eu peguei botas, garrafas e até uma placa de um carro de Iowa - Riu Paulo dessa lembrança enquanto Elissah tentava imagina-lo assim - Everton havia conseguido pegar alguns peixes, mas quando a tarde chegava seu fim eu peguei o maior de todos que eles já haviam pescado, foi muito bom, e nós tínhamos apenas quatorze anos e foi a última vez que o vi com vida, e no final do dia Everton estava guardando as coisas no carro, então meu avô me chamou num canto e me disse " Você é tão bom quanto qualquer outro para guardar segredos, sorte de quem poder contar seus segredos a você mas a coisas que você deve manter consigo por mais tempo ". Ele era sempre sábio, e depois daquele dia eu descobri o que eu realmente seria. - O que? - Um grande amigo. Disse ele rindo.

Confie em Mim ( Ou o guardião de memórias )Where stories live. Discover now