Capítulo 3

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 Não havia se passado muito tempo que a livraria estava aberta e já havia uma quantidade razoável de pessoas, Daiana, a gerente da livraria e amiga de Elissah percorria seu olhar atento sobre os movimentos de alguns jovens que sondavam as sessões de mangás, Layla e Rodrigo, velhos amigos deles adentram a livraria percebendo que o barulho do sino no alto da porta chamara a alerta atenção de Daiana que ao vê-los sorriu acenando de maneira discreta, quando o casal se aproximou Layla cumprimenta a amiga:

- Oi Dai, tudo bem? - Tô bem, só tô um pouco atarefada. - Sei como é, Elissah não chegou ainda? - Sim e não. - Como assim? - Ela chegou, mais foi tomar café com Paulo. - Ah sim, aqueles dois se gostam mesmo né. - Ele é um dos melhores cidadãos que conhecemos, difícil mesmo é alguém odiá-lo. - Olha, deve ter alguém por ai que não vai com a cara de Paulo, não é Rodrigo? Perguntou Layla, porém a expressão séria de Rodrigo fez ela perceber que não fora boa ideia interpela-lo na conversa: - É. E para dar uma quebrada naquele clima ele pergunta: - Falando nisso, Eu, Layla, Paulo, Elissah e Edu vamos em um restaurante novo na cidade vizinha, se você quiser ir. - Claro, vai ser divertido. E Layla complementa com um ar divertido: - Com Rodrigo e Paulo a comédia é garantida. - Esse dois tem muita sintonia. - Talvez o fato de sermos irmãos tenha influência nisso. Disse Rodrigo com o ar cômico costumeiro. * Paulo fungou a fumaça que saia do café antes de beberica-lo, ele estava com os pensamentos detidos em Elissah, ele prometeu ao seu amigo que cuidaria dela, e até agora tem cumprido a promessa, e cumprido bem: - Como está Lexie? Perguntou Elissah fazendo com que Paulo volte a órbita da situação: - Está bem graças a Deus, eu amo aquele monte de pelos sem classe. - Nossa. Disse Elissah sorrindo - Que amor! - Verdade. - Paulo, por onde você andou nos últimos quatro anos, você andou sumido. - Estava fazendo uma pesquisa para provar uma tese sobre pessoas desaparecidas. - Ah sim, leve Lexie lá em casa algum dia. - Está bom.Paulo consultou o relógio e disse: - A tiragem um vai sair agora preciso voltar! Ele deixou o dinheiro na mesa e beijou-a dizendo: - Até mais. ... Ao chegar na livraria Daiana havia acabado de dispensar o último cliente e quando viu Elissah, um ar malicioso a envolveu: - Então, como foi? Elissah estreitara os olhos e perguntou fingindo não saber do que ela estava falando: - Então o que? - O Encontro com Paulo foi bom? - Não foi um encontro, só tomamos café juntos. Disse Elissah andando em direção a sua sala mais Daiana continuou falando: - Sei, então por que você está assim? - Assim como? - Sorridente. Elissah não tinha resposta para essa observação, ela sempre sorria quando estava com Paulo, mais afinal, ele fez parte de sua família, não há bons momentos para ela que ele não esteja presente, não havia um pingo de chance de estar realmente se apaixonando por ele... ou teria? Elissah respirou fundo ao notar o quão confusa estava e disse: - Não importa, Paulo é meu melhor amigo e sempre vai ser. E logo entrou no escritório sem dar chance para qualquer alfinetada de Daiana. * Paulo pesquisava as noticia de Riverton e da cidade vizinha quando Edu adentra a porta da sala com um envelope pardo dizendo: - Aqui está a prévia do jornal de amanhã. - Pode coloca-los ali em cima por favor? Disse Paulo apontando com a caneta para a mesa sem desgrudar os olhos da tela do computador, após colocar o envelope ali, Edu se aproxima da mesa do chefe meio hesitante e pergunta: - Posso te pedir um conselho? De imediato Paulo para o que estava fazendo e indica a cadeira, após acomodar-se Paulo pergunta: - Sobre o que Edu? - Você acha que eu tenho alguma chance de conseguir convidar Elissah para sair? De súbito, Paulo sentiu um pequeno desconforto sem motivo aparente, então prosseguiu: - Difícil, você já tentou? - Não, quis vir falar com você primeiro, já que conhece ela a muito tempo, achei que podei me dizer do que ela detesta pra eu não fazer feio. - Ela gosta de coisas simples e naturais, nada de presentinhos caros ou lugares muito sofisticados, e se você a fizer rir de verdade, já é oitenta por cento do caminho completado. - Parece bem simples, obrigado chefe. Quando Edu sai da sala, Paulo solta um suspiro pesado, baixou a cabeça e encostou a testa na quina da mesa e ficou olhando para o chão, " Talvez seja bom para ela" após pensar dessa maneira, sentiu algo despedaçar dentro de seu íntimo. ... Após bater o ponto no jornal, Edu foi até a livraria procurar Elissah, mais quando se aproximara nã vira o fiat branco, então resolveu ir para casa e ligar para ela, estava tão ansioso e eufórico que nem entrou para falar com Daiana que o viu se aproximando, ela sentia algo muito forte por ele, mais talvez a diferença de idade entre eles fosse um empecilho em uma possível relação, ele tem trinta e quatro e ela tem quarenta e oito mais nem de longe aparentava ter essa idade, era linda dona de longos cabelos castanhos, expressivos olhos castanhos, pele morena e possuía uma pinta no canto esquerdo da boca, era extremamente sexy e atraente e vivia namorando, mais desde que Edu chegara a cidade ela tentava seduzi-lo, mais ele ficava cego de amores por Elissah e por isso ela fazia a pressão psicológica na amiga para ela ficar com Paulo. * Elissah chegara em casa e foi recebida por Rexie, ela sentou-se na poltrona que ficava em um canto da varanda onde costumava ficar com seu marido enquanto Ally dormia, e agora fazia as mesmas coisas, só que com Rexie, é uma relação engraçada, ele age as vezes como se fossem casados, ele dorme com ela, ele a desperta quando ela quase se atrasa, leva a roupa para ela caso ela esqueça, ele é um cachorro muito esperto, muitas pessoas perguntaram como ela treinou ele para fazer tudo isso, e o mais engraçado é que ela nunca ensinou ele a nada, nem a sentar e por essas e outras ela o considerava seu melhor amigo. Depois de Paulo. Rexie se levanta subitamente e sai pelo quintal, obviamente precisava fazer suas necessidades fisiológicas, Elissah aproveitou para ver os recados na secretária eletrônica e pegar um pouco de café, quando ela ligou havia uma única mensagem do Edu e não fazia muito tempo que estava ali, ela pegou o café e foi retornar a ligação: - Edu? - Oi Elissah, tudo bem. - Sim, e você? - Também, tá ocupada? - Não, só estou um pouco cansada. - Entendo. Queria saber se você não quer ir jantar comigo. Ela se surpreendeu com o pedido, sabia exatamente dos sentimentos do Edu e não queria dar falsas esperanças, mais iria dar a ela uma chance, por dois motivos simples, primeiro ela queria sair da sua rotina triangular de trabalho, amigos e Rexie, e segundo queria afastar a ideia de estar se apaixonando por seu melhor amigo, não que considerasse Paulo um homem ruim, mais ela tinha muito medo de danificar uma amizade tão bela E frágil com uma coisa dessas: - Claro, pode ser divertido. - Sério? Posso pega-la as oito? - Sim. - Obrigado. Ao consultar o relógio viu que tinha tempo para se arrumar, quando se virou encontrou Rexie a encarando, ele parecia estar muito sério, podia claramente que ele não era a favor, mais tinha que ignora-lo dessa vez. * Paulo, Rodrigo, Layla e Daiana estavam no barzinho de sempre, e ao contrário de seus amigos, ele estava absorto em seus pensamentos, era só ele e o uísque, mais sempre tinha boas piadas quando alguém o interpelava, eles sabiam que ele estava meio pra baixo por causa da ausência de Elissah que estava em um encontro com Edu. E esse clima desconfortável na áurea de Paulo seguiu por semanas, nos quatro encontros que ela teve com Edu, isso fez ele se afundar em inúmeras pesquisas de campo sobre assuntos que ele só comentava com Edu e com o detetive chefe Rafael que era seu amigo a anos também,, e Elissah sentiu isso, e quando sentiu isso soube que ele a amava para além da amizade e então seu encanto por Edu se quebrou, na verdade, nem Edu estava lidando bem com aquilo. No último encontro deles eles foram caminhar um pouco na praia, foi quando Edu pergunta: - Posso fazer duas perguntas? - Já fez uma. Disse Elissah sorrindo. - Por isso pedi duas, o encanto da gente acabou quando? - Acho que semana passada. - Você é como irmã pra mim, sabe disso. - Eu não queria magoar você, além do mais você estava indo bem. - Eu notei. Disse levantando a sobrancelha esquerda - Mais não é por mim que seu coração vai bater. Os dois pararam e se olharam, ela o beijou apaixonadamente antes de dizer: - Obrigada querido. Naquela noite Eduardo a levara para casa, enquanto voltava sorridente vira um veloster azul estacionando ali á um tempo " Queria ter um carro desse" e saiu feliz da vida. * No dia seguinte as coisas estavam calmas na livraria, só haviam três clientes que rondavam os setores de romance e terror, Elissah estava de pé encostada na porta de seu escritório, seu olhar vazio denunciava a saudade que sentia de seu amigo que não via a cinco dias, e observando esse estado de Elissah, Daiana começa a agir sem pensar: - Está pensando nele? Foi como se ela tivesse recebido um choque de Realidade, ela se aproxima do caixa perguntando: - Desculpe, não ouvi, o que você disse? - Perguntei se você estava pensando nele! - Nele quem? - No Edu. - No Edu, a não, não, não, não, não, não, não, não, não, não. - Sério? Disse Edu atravessando sorridente a porta da livraria - Dez nãos? - Era brincadeira. Disse ela o abraçando e perguntando - O que o traz aqui? - Precisamos conversar. ... Os dois caminhavam em direção ao jornal, e Edu falava sobre o carro que vira na noite que a deixara em casa e de que aquele carro voltava sempre e ficava estacionado em frente a casa dela, sendo que ninguém nessa cidade tem um veloster, feliz pela preocupação dele ela diz: - Você e Paulo moram perto, qualquer coisa eu ligo pra vocês. - Eu sei que ligará, a propósito, quem é aquele moço tomando café solitário ali na mesa daquele café que parece ser o favorito de vocês? Quando ela viu Paulo e percebeu que além de vir alerta-la Edu a trouxera para Paulo ela o beija no rosto dizendo: - Obrigado meu querido. Logo, Edu sai de cena e ela se aproxima de Paulo dizendo: - Posso me sentar? Ao ver quem era, ele se levantou em silêncio ea abraçou sem dizer um palavra ela continuou, e todo aquele silêncio dele era como um grito que ela não faria, com um rugido suprimido, as palavras que ele engole a anos, que não tem coragem de falar, após alguns minutos ele a solta e ela pergunta segurando a mão dele: - Tá tudo bem? - Acho que sim. Ambos pediram um café daí eles começam a conversar, e aquela conversa tangenciou diversos aspectos da vida deles como, ele falava para ele da importância de amar alguém e que ela devia se abrir mais a um novo amor, desde a a morte de Everton ela simplesmente abandonou a ideia de desejar outro alguém, pode até parecer bobeira para os não românticos, mais ela sentia que de alguma forma pudesse estar traindo Everton, mais acredito que qualquer pessoa que tenha amado com ela amou e perdido a família de maneira tão brusca quanto não teria tanto ânimo para amar de novo, e Paulo se odiava por entender isso as vezes, e de súbito Elissah fala algo totalmente desconexo com a situação que era um reflexo de seu desespero: - Paulo, todos nossos amigos se referiam a você como O guardião de memórias e sempre tem bons conselhos que as vezes se tornam infalíveis, mas não seria possível saber tanto a menos que vivesse muito, como você pode ter tamanha sabedoria? As palavras condescendentes dela o feriram, e prosseguiu sem demonstrar: - Sua irmã Fernanda me conheceu seis anos antes de sua morte, era um momento muito ruim pelo qual ela passava e... Os olhos dele se encheram de água, as palavras saíram como um sussurro, Elissah percebeu que teve uma péssima ideia e disse deitando suas mãos nas dele: - Desculpe, não precisa contar se não quiser... Mas ele ignorou o pedido e prosseguiu: - Ela me confidenciou todas as suas angústias, projetos e sonhos, ela me visitava todos os dias e ficamos assim por três anos, eu gostava de receber a visita dela e ela gostava de me visitar também, mais um dia, eu estava arrumando as minhas coisas quando ela invadiu minha casa, chovia fracamente, e ela estava descabelada, aflita e muito mais linda do que eu me lembrava, eu quase perguntei o por que, mais ela correu para mim e me abraçou com toda força que restava dela após uma possível corrida até aqui, uma vez que não ouvi o barulho do carro, sentia as pernas dela bambearem no mesmo ritmo que as minhas, senti seu coração bater mais forte junto ao meu, a respiração ofegante na minha pele me deu a resposta da pergunta que eu ia fazer: - O que você quer Fernanda? O nome dela saiu da minha boca quase como um gemido, e languidamente ela disse: - Você.. E me beijou com todo calor e toda a força que havia nela, em um momento de sanidade eu pensei em me afastar, mais quando quase o fiz eu me senti um nada, eu precisava dela e foi aí que se esvaiu a última gota de sanidade que me restava, minhas mãos deslizaram a silhueta dela, os lábios macios se moviam junto aos meus como se fossem um só, desviei por brevíssimos instantes para beijar seu pescoço, os gemidos finos me fizeram crer que estava no cainho certo, e quando regressei pelo mesmo caminho e encontrei os lábios dela ela sorrira lindamente, suguei toda a dor dela e a gravei em mim para jamais esquecer a urgência, quando terminamos continuamos abraçados na sala, ela pousou docemente a cabeça em meu peito, seus abraços ainda adornavam minha nuca e os meus adornavam a cintura, e as palavras saíram da boca dela como um convite dourado para algo maior: - Incrível. E eu respondi me afastando devagar: - Este momento foi mágico sem dúvida. Enquanto falava eu trancava as portas e as janelas - Mas o próximo, esse sim será incrível! E a beijei uma vez mais antes de leva-la ao quarto. Depois disso namoramos por três anos até o falecimento, mantivemos tudo em segredo e assim mantive, todos nós temos motivos para ser o que somos e tudo que nós somos existe um motivo, guardei memórias por ela! Quando Paulo se virou para Elissah notou que os olhos dela estavam cheios de lágrimas, ele pensou em dizer algo, mais acabou dizendo nada, por fim ela o abraçou carinhosamente e disse: - Obrigado por ter me contado meu guardião! Mas todo o clima foi cortado pelos latidos sucessivos de ambos os mascotes, mas quem vinha eram seus amigos, Rodrigo, Layla, Edu e Daiana, Paulo e Elissah se entreolharam, para quem será que eles estavam latindo?

Confie em Mim ( Ou o guardião de memórias )Where stories live. Discover now