6. Anjos e sombrinhas [Máh Ah Martins]

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E quando ele, esse moço dos meus sonhos, abriu o guarda-chuva para nos proteger, milhares de guarda-chuvas e sombrinhas se abriram no céu e seu ar aborrecido de tempestades.

A chuva era ainda rala, mas as nuvens carregadas! Os guarda-chuvas e as sombrinhas se espalharam para todos os lados, abriram como flores! Dessas que são filmadas em câmera lenta, em toda a beleza de seu florescer...

Acho que entendo bem o que esse sonho quer dizer:

— Vai ser sempre assim, senhora moça! Em teu céu sempre haverá tormentas aterradoras! Mesmo que não faças nada, o céu estará assim: tumultuado! Entretanto, e pela bondade de alguém maior em outra dimensão, haverá sempre um anjo a te proteger e a jogar todos os guarda-chuvas do mundo para os céus, detendo o aguaceiro, escondendo as nuvens carrancudas, embora colorindo a tempestade de bolinhas brancas em fundo rosa; de turquesa chinês ou carmesim; da cor preta do feijão cheiroso; do tom pastel da terra; de esverdeadas montanhas tocadas pelas brumas ou salpicadas de árvores em um dia claro!

— Ah, sim, meu anjo de cabelos pretos, assim como tua pele é morena e teus olhos sonhadores. Você me pediu em casamento com a promessa de equilíbrio e boa ventura. Eu me caso com você, sim! E digo isso já pensando em um vestido rendado. E nem precisa pedir mais! Eu quero que o meu céu de tempestades seja um jardim de guarda-chuvas e sombrinhas delicadas, um céu assim: espetado por aros e pontas prateadas, da cor do arco-íris ou dos campos de papoilas!

Girem sombrinhas! Girem! Joguem para longe aságuas turvas dessa tempestade!    

Clube dos Escritores - Talentos do Texto CurtoWhere stories live. Discover now