Episódio 10 - E Restam Apenas 3

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Pelo modo como ele falou, percebo que ele estava falando por experiência própria. Então eu concordo e do mesmo jeito que ele começou o assunto, ele o encerra, me mostrando o interruptor de alguns holofotes e eu o agradeço.

Ele então se afasta e vai fazer outra coisa, mas antes dele ir, eu o chamo.

— Obrigada — tenho que falar mais uma vez. — E não somente pelo seu trabalho... — não completo, mas pelo sorriso calmo que ele abre, sei que ele entendeu o que eu quis dizer.

— Se precisar de uma folga desses olhares bisbilhoteiros, pode ir me procurar — e com um último aceno, ele vai embora.

Sorrio para as costas do rapaz, que podendo não ter plena consciência do que fez, mas me encheu de paciência para suportar os olhares desconfiados que eu recebia incansavelmente. Era muito incômodo parecer ter cada passo monitorado por olhos curiosos. Sei que isso é uma hipocrisia olhando para o meu trabalho, mas aqui é diferente.

Eu não sou famosa.

A hora do almoço chega e a fome vem. Não sei como vai ser almoçar nessas condições, mas meu estômago não está nem aí pros olhares.

Eu já almocei com o Chuck antes, então, mesmo sendo bobo, gosto de pensar que é uma opção, mesmo que eu não vá escolher ela. Nem sei onde ele está, mas claro que não vai ser uma boa ideia. As fofocas iam ultrapassar os limites.

Também posso sentar na mesa junto com o resto do pessoal da equipe, e muito provavelmente assim teria que responder uma enxurrada de perguntas indiscretas e curiosas, e também não tem como descartar frases carregadas de duplos sentidos e entupidas de raiva ou pior.

Claro que há a opção de comer sozinha, seria ruim ficar só e ainda por cima aguentar os olhares sobre mim, mas acho que no momento não seria a melhor coisa a ser feita.

Se eu me isolar e parecer estar incomodada demais com tudo isso, com certeza só vai servir de combustível para as línguas e mentes maldosas de plantão. Melhor mesmo é conversar e tentar agira como se nada estivesse acontecendo, e caso as perguntas venham, responder o mais calma possível.

Então vejo um grupo da produção, dentre eles estava o Moura, e pergunto se está tudo bem eu me sentar com eles. Não demoro muito para me engajar na conversa deles, os rapazes são bem jovens, e estão bem animados.

Para a minha alegria e grata surpresa, ninguém me encheu de perguntas. Um dos rapazes estava comandando a conversa e falava sobre como estava com saudade de casa e das suas 37 calopsitas. Não tinha como não rir daquele depoimento dele. Depois disso o assunto foi para os testes de som que eles teriam que fazer depois do almoço por causa de um encontro que o Charles teria a tarde.

Um a um, os rapazes foram saindo da mesa, e pediram desculpas, mas que tinham que voltar ao trabalho. Então me vi sozinha na mesa.

E não bastou meio minuto depois de ficar só, para começar a escutar um burburinho ao meu redor. Claro que não ia demorar para isso acontecer. Eu sem querer ficar muito tempo ali, começo a comer bem mais rapidamente, acelerando bem a mastigação.

Tive que ajudar a descer algumas vezes com o suco, mas o importante é que eu acabei.

Não longe de mim começo a escutar saudações calorosas, e risadas animadas. Só então percebo que não era eu o centro do burburinho, e sorrio aliviada.

Antes que eu possa me levantar da mesa, um corpo grande senta ao meu lado.

— KitKat! Justamente quem eu procurava...

— Ah, oi Taz! Em que posso ajudar?

— Pode me responder como está o seu nariz... Ainda estou me sentindo um pouco mal por isso... Você sentiu algum incômodo?

O que Acontece nos BastidoresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora