Capitulo 14

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     Estava andando pelos corredores com Lea e logo percebi que não sabia onde ficava meu quarto.
     - Eu não sei qual é o meu quarto... - Disse olhando para o teto.
     - Não está no papel? - Ela perguntou.
     Olhei para o papel que Ester me deu e vi que tinha um número rabiscado na ponta, quase não dava para lê-lo pois a letra estava muito mal escrita.
     - Quarto setecentos e dois.
     - Ok, vamos procurá-lo.
     Subimos escadas, descemos escadas, andamos pra lá e pra cá. Já estávamos do outro lado da escola, em uma das partes mais separadas das salas de aula. Vimos um grande arco marrom com trepadeiras se pendurando e flores brancas saindo dela, em baixo do topo do arco, presa por correntes, tinha uma placa de madeira escrita "Dormitórios"em uma tinta preta.
     Nos entreolharmos e passamos por debaixo do arco. Chegamos a uma porta enorme de ferro e a empurrei, a mesma rangeu um pouco. Dentro tinha um corredor enorme, cheio de lustres de ferro com luzes amarelas, um carpete vermelho com desenhos em dourado no chão e paredes de madeira com desenho de flores em preto, quadros com paisagens eram colocados em intervalos.
     Olhei para aquilo tudo maravilhada. Esse castelo parecia antigo, quem será que era o antigo dono? Imagine a vida que ele teve, antes da guerra.... Será que sua família Ainda está viva? Que suas gerações ainda pisam neste mundo? Imagine as pessoas que passaram por aqui, tantos pés que já pisaram no mesmo local que eu estou, tantas história que já tocaram na mesma porta que toquei.
     - Lua, vamos? - Lea disse, me tirando do devaneio.
     - Me desculpa, eu sempre fico assim em lugares históricos, adoro esse tipo de lugar.
     - É... é até legalzinho.
     Andamos por corredores e escadas até chegarmos nos quartos de número seiscentos.
     - Deve ser aqui perto, talvez no final do corredor.
     O lugar era grande, Ainda deviam ter mais uns quatro andares acima do meu.
     Andamos até um pouco menos da metade do corredor e chegamos aos quartos setecentos, logo o meu apareceu.
     A porta da frente era feita de madeira simples. A minha porta era a única assim, a dos outros alunos estavam todas decoradas de acordo com a personalidade da pessoa que vivia dentro. A da minha frente tinha apenas um nome escrito em branco numa uma placa preta "Liam Price".
Sorri.
- O pecado mora ao lado - Disse encarando a placa.
- E que pecado hein.... - Lea também encarou a placa. Tinha esquecido que ela sabia de tudo sobre mim, que tinha vislumbrado minha memória.
- Você quer? - Perguntei olhando para baixo, para seus olhos claros.
- Nah. Pode ficar.
- Ele é tipo a diretora, entende o que eu digo?
- Sim, consegui sentir o que você sentia. Tipo, eu podia sentir TUDO o que você sentia. Tudo mesmo.
     - Dá pra parar? Eu percebi que você sabe de tudo.
     - Luna, é tudo mesmo.
     - Chega! - Abri a porta. O estranho foi ela estar aberta, não precisei de chave nem nada . Me deparei com um quarto bem simples, uma cama de solteiro com lençóis azuis, uma escrivaninha de madeira e um pequeno móvel com um abajur branco em cima.
     - Que quarto mais feio. Tá tudo fora de harmonia.
     - Mas o que é isso? Cadê minhas coisas? Eles disseram que iam trazer tudo para cá.
     - Ahn.... com licença, o que vocês estão fazendo no meu quarto? - Uma voz sutil e meio desengonçada falou atras de nós.
     Nos viramos e vimos uma garota, que estava com....roupas de senhora? Ela usava uma saia até o chão florida, junto com uma blusa de botões amarela com bolinhas brancas. Para finalizar o conjunto, meias listradas roxas e azuis com uma croc's preta.
     - É o seu... quarto? - Perguntei me segurando para não cair na gargalhada.
     - Ele é bem bonito, boa decoração - Lea ironizou de um jeito que apenas eu conseguia reconhecer.
     - Ah... obrigada, mas o que vocês estão fazendo aqui? - Ela deu um passo para a frente, fazendo suas marias chiquinhas balançarem. Pude ver que usava um óculos remendado no meio. Mas que pena dela.
     - Eu achava que esse era o meu quarto.... - Olhei para o papel - Ah....eu li errado, é setecentos e três - Sorri.
     - É sério? Eu faço todo o trabalho e você ainda consegue atrapalhar? Como isso é possível? - Lea olhou para mim indignada.
     - Um Nidre? Muito interessante, nunca tinha visto um. Apensas escutei lendas sobre sua espécie. Achei que estavam em extinção.
     - Estamos, não sei exatamente quantos existem ainda, porem, são bem poucos.
     - Entendi. Que pena. Foi muito legal conhecê-las, mas...se me derem licença, eu preciso mesmo ir estudar. Desculpe se pareço meio grossa, não é a intenção.
     - Sem problemas. Desculpe o incomodo.
     - Não tem problema algum, pode sempre vir falar comigo, é só que.... eu não estou no melhor momento - Ela sorri fraco e entra, fechando a porta na nossa frente.
     Nos dirigimos ao quarto ao lado do de Liam, numero setecentos e três. Abro a porta e vejo um local sem nenhuma decoração, apenas caixas de papelão empilhadas e uma janela enorme com varanda, as paredes eram feitas de madeira bem grossa. Fui até a porta corrida de vidro, que dava acesso a varanda e a abri. A vista era de um lindo campo branco com alguns pontos verdes, pois a neve já estava começando a derreter em alguns lugares, a copa da maioria das árvores não tinha nenhuma neve. O mundo não era mais branco, ele estava voltando a sua antiga cor. A vista ia até a cidade, lá embaixo, podia ver os carros passando, as luzes ascendendo e apagando e as pessoas andando para todos os lugares. Conseguia ver a ponta da minha antiga escola, lá na frente, uma Ferrari vermelha estava estacionada. O carro de Morana.
     - A vista é muito boa - Lea disse olhando para os lados.
     - Sim, muito boa mesmo - Ao lado da minha varanda tinha a de Liam, dava para pular de uma para a outra sem fazer muito esforço.
     - Aquela menina de agora, nem perguntamos o nome dela.
     - Eu meio que sinto uma necessidade de ajudá-la. Aquele estilo era de dar pena, ela tem o potencial para ser bonita, só não sabe como começar  - Disse entrando novamente pro quarto e olhando as caixas empilhadas e empoeiradas.
     - Bom, vamos ter que começar de algum lugar - O corpo de Lea voltou a brilhar até tomar a forma humana, usando apenas uma camisola de seda branca.
     - Hora de botar a mão na massa - Prendi meu cabelo e Lea fez o mesmo. Pegamos a primeira caixa e começamos a desempacotar.



GENTEEEE
Olá
Então, eu tô demorando pra postar por dois motivos. Primeiro, eu tenho prova toda quarta então tenho que estudar e por isso não consigo escrever. Segundo, tô tendo um bloqueio criativo bem legal agora e por isso tô escrevendo tão devagar, mas agora acho que consegui pegar o jeito de novo.
Desculpa a demora e qualquer erro.
Espero que gostem
Até o próximo cap.
Bezu
    

A Menina De GeloWhere stories live. Discover now