A Menina De Gelo

Capitulo 3

Eu acordei com Anne jogando água no meu rosto ( sim, eu programei ela para fazer isso quando eu não conseguisse acordar de jeito nenhum ).
- Ahhhhh Merda! Vou me atrasar! - gritei enquanto corria para o banheiro. Tomei um banho rápido e escovei os dentes.
- Tomei a liberdade de escolher a sua roupa, o broche de seu uniforme está aqui também. Já que você está atrasada, eu chamei um táxi que estará aqui daqui a quinze minutos. Fiz um pequeno café da manhã para você comer enquanto chega na escola - ela estava com uma bandeja na mão e em cima dela tinha um pote com os pães de mel que eu guardei ontem de noite. Quando eu os vi meus olho já brilharam.
Enquanto eu colocava a roupa que Anne escolheu, ela me perguntou:

( conjunto que Anne escolheu )

- Lua, ontem, enquanto eu fazia o jantar ouvi um casal brigando do lado de fora da casa e eles falaram algo sobre "Amor", você poderia me explicar o que é isso?
Eu me assustei com a pergunta, ela foi muito repentina.
- Desculpa Anne, eu não sei o que é "Amor". Nunca experimentei para poder te explicar....posso apenas falar que é um sentimento para pessoas sortudas, e eu fico feliz por quem tem a oportunidade de amar, parece ser uma coisa muito boa e agradável..... mas infelizmente, graças à família que eu nasci e a minha aparência, eu nunca descobri como uma pessoa se sente como ama. Eu já li em vários livros, todos dizem ser um sentimento como se fosse uma avalanche. Dizem que ele dói mas ao mesmo tempo é uma dor que traz felicidade... eu acho que nunca vou conseguir entender isso... - falei começando a ficar triste.
- Lua, você está atrasada. O táxi acabou de chegar.
Anne me tirou daquele rio de tristeza em que eu me afogava. E me fez sorrir, mesmo que ela não tenha sentimentos e nem se comporte como um humano, era bom ver que alguém se importava comigo, mesmo que tivesse apenas sido programada para isso.
Eu peguei minha mochila na beirada da porta, os pães de mel e comecei a correr para o elevador.
A viagem não demorou muito.
Enquanto nós andávamos pelas ruas da cidade, o taxista, que se chamava Mike começou a falar sobre a vida dele, a filha que estava por vir, mas quando percebeu quem eu era logo parou de falar e virou o rosto para a rua. Ele me olhava às vezes pelo retrovisor, como se eu fosse um animal raro.
Eu estava acostumada com isso.
Chegamos á escola, paguei o taxista que saiu rapidamente de perto de mim, quando lhe entreguei o dinheiro ele o pegou com nojo e medo de me tocar.
Logo quando pisei no chão uma brisa gelada me envolveu, respirei fundo e me senti renovada. Eu amava o frio, no momento estávamos entre o final do outono e o inicio da minha estação favorita. O inverno.
- Mal posso esperar para o meu tão amado inverno chegar - sussurrei para mim mesma. Eu escutei uma risadinha alegre e suave. Olhei ao redor mas não tinha ninguém.
O sinal tocou pela última vez e eu comecei a correr, eu entrei no pátio e o portão se fechou atras de mim.
Eu entrei na escola e comecei a andar por um de seus corredores brancos cercados por armários cinza. Eu encontrei o meu, que ficava quase no final da escola, no final de um corredor sem saída. Guardei as minhas coisas e coloquei novamente na mochila apenas o necessário para a próxima aula, que seria de matemática, peguei o meu pote com pães de mel e comecei a comer indo em direção a minha sala.
Quando passei pelo banheiro feminino ouvi o barulho de choro. Guardei o meu pote dentro da mochila e entrei no banheiro.
Uma garota baixa e gordinha estava chorando no canto do banheiro, ela tinha o cabelo curto e com pequenos cachos dourados, o que deixava o seu rosto mais redondo, ela tinha olhos cor de mel e, na minha opinião, ela muito bonita. Mesmo sendo gordinha e não se encaixando nos padrões da sociedade, ela era linda, de um jeito diferente, mas linda.
- Você está bem? - perguntei sem muito interesse, eu não gostava de outras pessoas, elas só me desprezaram a vida toda, na tinha motivo para eu ir ajudar alguém que provavelmente só iria me rebaixar mais ainda.
Ela com o rosto coberto pelas mãos disse:
- O grupo da Morana estava fazendo piadas comigo só por eu ser gordinha. Eu odeio o meu corpo! Mas eu não consigo mudar o suficiente para elas me aceitarem...
- Por experiência própria, porque você não para de pensar no que as pessoas pensam de você e apenas tenta ser feliz? Nunca conheci alguém que é feliz mudando a si próprio para apenas alegrar três idiotas - na verdade, eu não conhecia ninguém no geral, mas se já comecei, agora vou terminar, mesmo que eu precise contar meias mentiras pois, mesmo não conhecendo ninguém, era isso o que eu pensava.
Depois de um tempo de vida, eu percebi que, enquanto fazia tudo o que todos mandavam como um cachorrinho, eles só me tratavam pior, eu não era feliz, eu não tentava ser eu mesma. Mas quando meus pais anunciaram que iam me emancipar eu percebi. Não importava o que eu fazia, não importava o quanto eu mudava. Eles nunca iam me aceitar.
Eles nunca iam me amar.
A menina tirou a mão do rosto e logo viu com quem falava.
- Você não se importa em ser diferente pois você, mesmo se mudar, nunca vai ser aceita. Aberração - ela falou com malícia na voz e logo depois saiu do banheiro.
Eu respirei fundo.
- Ninguém pode falar que eu não tentei - falei enquanto ia em direção à saída do banheiro.
Quando sai fui direto para a minha sala. Já fiz a minha boa ação do ano, o problema não é meu se não foi bem aceita.
Eu me sentei, como sempre, no fundo.
     Um professor de mais ou menos 45 anos entrou na sala, ele tinha pouco cabelo, usava óculos, era corcunda e, sinceramente, tinha um péssimo senso de moda. Ele usava uma calça caqui, uma blusa social preta e por cima um colete de lã xadrez.
- Bom dia meus alunos - ele disse com uma voz cansada, que combinava muito bem com as grandes olheiras embaixo de seus olhos - hoje teremos uma prova surpresa de matemática avançada.
Todos os alunos chiavam, xingavam e amaldiçoavam o professor.
- Antes que desejem minha morte, isso não foi ideia minha, a diretora que me obrigou a aplica-lo - ele abriu uma maleta marrom muito brega e começou a tirar alguns papéis - por favor, todos já sabem as regras. Apenas caneta em cima da mesa, se pegar alguém colando é zero e...bla bla bla. Vamos começar logo que quero ir embora daqui.
Ele passou de aluno em aluno entregando as provas, e então chegou na minha vez. Ele nem me olhou nos olhos e já passou para a pessoa atras de mim.
Eu olhei para o teste, para alguém que não estudava esse teste seria impossível, mas não para mim, eu estudava sempre, já que não tinha coisa melhor para fazer, já que eu não tinha amigos e não conversava com ninguém. Eu entrava na minha segunda casa, a biblioteca, e ficava dias seguidos sem dormir, apenas lendo.
Logo depois de terminar e entregar o teste para o professor a diretora da escola me chamou.
- Estou encrencada? - perguntei apenas para não passar o trajeto em silêncio.
- Não mesmo. Apenas tem uma pessoa que eu quero que conheça - ela disse abrindo um sorriso forçado para mim, ela era uma mulher alta e muito magra, tinha cabelos grisalhos presos em um coque e olhos marrons que aparentavam cansaço. Usava um blazer preto, blusa roxa e uma saia lápis também preta, junto com um sapato de salto baixo preto e algumas joalherias de prata.
Chegamos a uma grande porta de madeira, ela abriu a porta e pediu para eu entrar antes dela. Na minha frente estava....
- Bom, Luna Brok's, gostaria de lhe apresentar a diretora da escola Bloody Cross. Ela gostaria de lhe fazer uma proposta.

Oi genteeee
Espero que estejam gostando, por favor votem e comentem o que acharam.
Já que amanhã é natal....FELIZ NATAL, pra quem tá lendo e amanhã não é natal... FELIZ NATAL ADIANTADO.
Se você está se perguntando, sim, eu tive uma explosão de criatividade e acho que até o final desse fim de semana eu espero conseguir publicar mais um cap, se eu não conseguir. Sorry.
Desculpa qualquer erro e como pedido de natal eu gostaria de muitos leitores, votos e comentários kkkkk
Bjs até o próximo cap.