Capítulo 36 - Motoboy.

2.5K 258 19
                                    


Noah e eu estávamos saindo de mais um dia de aula juntos, mas dessa vez, nosso caminho seria diferente. Nós estávamos indo para o restaurante da minha mãe, era a semana de inauguração e ela estava precisando de toda ajuda possível já que o restaurante anda muito lotado. Minha mãe está super contente que tudo está dando certo. Chegamos no restaurante e minha mãe já estava na porta nos esperando.

– Olá, meninos atrasados. – Disse ela nos entregando os uniformes. – Vão se trocar, estamos lotados hoje.

– Pelo menos vamos ganhar uma graninha, não é? – Sussurrou Noah.

– É, pelo menos isso! –Falei.

Nos vestimos e começamos a atender as pessoas. Acredite, esse é o trabalho mais chato do mundo. Ir de mesa em mesa e ficar esperando as pessoas decidirem o que vai pedir, é tão tedioso. Algumas pessoas ficam lendo o cardápio como se não tivesse fim, ficam horas lendo e relendo. E sem falar naqueles que ficam trocando o pedido toda hora, qual é? Pede, sente e espere. Sem essa de ficar trocando os pedidos.

Minutos depois entrou um garoto de blusa de couro preta, calças rasgadas e camiseta de banda de rock. Ele segurava um capacete e uma chaves de um veículo. O garoto era alto, tinha os cabelos pretos, seus olhos eram castanhos escuros e em seu rosto haviam uma mancha levemente vermelha em suas bochechas e que o deixava bastante atraente. Ele se aproximou e ficou parado me olhando.

– Pode se sentar, moço. Fique à vontade. – Falei.

– Ah, eu não sou cliente! – Disse o garoto.

– Não? O que você é, então? – Perguntei.

– Eu sou o motoboy, a dona pediu para eu vir aqui hoje nesse horário e fazer algumas entregas. – Respondeu ele.

– Ah sim, vou chamar minha mãe. Espere só um segundo. – Falei.

Eu fui até a cozinha e chamei minha mãe. Ela estava no telefone e parecia bem estressada. – Mãe, o motoboy chegou. – Falei. Ela apenas balançou a cabeça e disse que já que iria ir lá falar com ele. Eu voltei para o balcão e o garoto estava sentado lá olhando tudo em sua volta.

– Minha mãe já que vem! – Falei.

– Então, ela é sua mãe? Que sorte, ein? – Disse o garoto com um sorriso no rosto.

– Sorte? Por que? – Perguntei.

– Você não precisa ficar enviando curriculum, você tem emprego garantido e pode chegar a hora que quiser no serviço. – Respondeu ele.

– Ah, você não conhece minha mãe. Todas as faltas serão descontadas do meu salário e acredite, não é muito! – Falei.

– Sei, acredito. – Disse ele.

Antes que eu pudesse responder, Noah apareceu e acabou me interrompendo.

– Jonathan? Meu Deus! Quanto tempo, o que você tem feito de bom, cara?

– Noah? Realmente, quanto tempo. – Disse o garoto enquanto abraçava Noah. – Eu não tenho feito nada de bom, apenas trabalhando muito. E você? O que me conta de bom?

– Ah, não tenho novidade alguma! – Falou Noah.

– "Não tenho novidade alguma? E eu? Me apresente para ele. Aí Jesus, que esse não seja outro peguete do Noah." – Pensei.

– Então, faz tempo que não vejo seus pais. Como eles estão? – Perguntou Jonathan.

Aquilo foi estranho. Jonathan e Noah se conheciam e ele ainda chegou a ir na casa do Noah. "De onde esses dois se conhecem?" – Fiquei pensando.

– Eles estão bem. – Respondeu Noah. – Então, já conheceu o Max?

– Max? – Disse Jonathan.

– Sou eu! Eu sou o Max. – Falei.

– Muito prazer, Max. – Disse Jonathan estendendo sua mão para me cumprimentar. – Então, você também conhece o Noah?

– Ah, sim eu conheço ele. – Respondi.

– Esse cara é demais, não é mesmo? Ele é o maior pegador que eu conheço. – Falou Jonathan.

– Pegador? – Perguntei.

– Sim, eu conheço esse cara desde que ele era um toquinho de gente. Sempre iludiu as garotas. – Falou Jonathan.

Eu olhei para o Noah e ele estava de cabeça baixa, era assim que ele ficava quando sentia vergonha de algo. Eu estava esperando ele falar para o amigo dele que ela não namorava mais garotas, mas isso não aconteceu.

– Temos que sair para pegar umas gatinhas. – Falou Jonathan para Noah.

Noah olhou para mim com o rosto todo vermelho de tanta vergonha.

– É, Noah. Por que não vamos nós três? – Falei.

– Ótima ideia! – Disse Jonathan. – O que acha, Noah? –

– Eu acho....

– Olá, então você é o motoboy? – Disse minha mãe interrompendo o Noah. – Vem comigo, por favor! Me desculpe pela demora, eu estava no telefone resolvendo uns assuntos do restaurante.

Nós, Nós mesmos e o Tempo [1 e 2]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora