Capítulo 30 - Foi mal.

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Antes eu costumava pensar que a coisa mais constrangedora do mundo era quando nossas mães nos via pelados, mas hoje cheguei à conclusão que a coisa mais constrangedora do mundo, é quando nossas mães nos pega pelados com uma outra pessoa. Na hora a única coisa que consegui fazer foi pegar uma camiseta e tampar minhas partes intimas. Lucas pegou o que viu pela frente e se vestiu em uma velocidade absurda.

Minha mãe ficou parada olhando para nós durante alguns minutos, eu não sabia se ela iria xingar ou se ela iria me bater, mas aquele olhar e todo aquele silencio todo já estava sendo uma grande tortura. – Eu vou ir para a cozinha preparar o jantar. Continuem isso aí que vocês estavam fazendo, mas sabe, no quarto seria bem mais adequado. Fica a dica. – Disse minha mãe.

– Meu Deus! Que vergonha! – Disse Lucas.

– Verdade. – Falei.

– Sua mãe deve estar pensando que eu sou pervertido. – Falou Lucas.

– Verdade.

– MAX!

– O que foi?

– Você não está ajudando em nada.

– Foi mal. É que, foi estranho, não foi? Como vou podar olhar para minha mãe novamente?

– Pois é, nem fale. Eu fico para o jantar ou será melhor eu ir para minha casa?

– Não, Lucas. Fica! Bom que não fico sozinho nessa.

Minha mãe preparou o jantar e nos chamou para sentarmos a mesa. Lucas sentou ao meu lado e ficamos encarando minha mãe esperando que ela dissesse algo sobre o que viu na sala. Ela se sentou à nossa frente. "É agora, pode mandar ver, pode me xingar." – Pensei.

– Vocês não quererem comer? Ou será que vocês preferem ficar me olhando com essas caras? – Disse minha mãe.

Lucas deu uma risadinha de alivio e de vergonha e começou a comer. – Está uma delícia, senhora. – Disse Lucas tentando mudar o clima na mesa.

– Muito obrigado, Lucas. Eu sei, eu aprendi com o melhor. Meu pai era um grande cozinheiro, ele me ensinou a cozinhar quando eu tinha 9 anos de idade. Eu era tão nova, mas eu sempre quis aprender, entende? Foi aí que eu descobri algo que eu realmente gostava de fazer, cozinhar. – Disse minha mãe.

– Por que não monta um restaurante? Sua comida é ótima, faria muito sucesso! – Falou Lucas.

– Você acha mesmo? Bom, eu não sei. Um restaurante daria muito trabalho e sem falar que eu não tenho dinheiro para fazer isso. – Disse ela.

– E a herança do vovô? – Perguntei para minha mãe.

– Eu não sei Max, eu queria deixar esse dinheiro para investir na sua faculdade ou algo do tipo. Seu avô deixou esse dinheiro para você e não para mim. – Disse ela.

– É mãe, mas você sabe que é muito dinheiro, não sabe? Eu não vou usar tudo, nem sei se vou conseguir gastar a metade de todo aquele dinheiro.

– Eu também fiquei surpresa quando fui ver o valor da herança. Uau, eu sabia que meu pai era bem de vida, mas que ele tinha tanto dinheiro daquele jeito... Disso eu não fazia a menor ideia.

– Seu avô fazia o que, Max? – Perguntou Lucas.

– Ele era dono de ações de uma grande empresa, nem sei qual é. Eu sei que de um tempo para cá, essas ações acabaram rendendo para o vovô muito dinheiro.

– Me desculpe interromper garotos, mas eu achei um papel perto da porta quando eu cheguei. Quem aí vai para Londres? – Perguntou minha mãe.

– Eu, eu vou. Eu consegui uma bolça para estudar lá durante alguns meses. – Disse Lucas.

– Que ótimo, parabéns! Viu, Max. Eu quero isso para você. Quero que um dia você diga "Mãe, estou indo para Londres."

– Bom na verdade, eu convidei ele para ir comigo, mas ele não quis ir. – Disse Lucas.

– Sério, filho?

– Uhum, eu não posso passar três meses fora, mãe.

– Ah, verdade. É sem chances, ainda mais que está no começo do ano letivo. Imagina perder tantos pontos assim? Depois fica difícil de recuperar. – Disse ela.

– Eu te disse Lucas, nem minha mãe e nem a escola me deixariam ir.


Nós, Nós mesmos e o Tempo [1 e 2]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora