De volta a realidade

22 3 5
                                    

Parte III - IV


Passei uma ultima vez em frente a sala da diretora, ela estava novamente conversando no telefone, fiquei parado escutando por alguns minutos.

  — Assim que tiver mais notícias de seu filho me ligue senhora Jordana. — Desligou o telefone e voltou ao computador.

Ela estava falando com minha mãe, estava cada vez mais convencido de que realmente tinha morrido, precisava voltar onde tudo começou.

Já alguns metros de distância da escola decidi voltar, precisava saber onde estava meu amigo Tom, voltei correndo em direção ao banco onde estava Clarice, ela era a única pessoa que também conhecia ele naquele momento, já não estava mais lá, o colégio estava vazio, voltei em direção a saída.

Retornei ao trajeto que fazia todas as noites, procurando entender porque a última me trouxe tantos questionamentos, não encontrei ninguém na rua, era com se de  repente existisse somente eu no mundo inteiro, mas não, aquele não era eu, e lembrar disso me deixava atordoado.

Passei pela vitrine na qual tive um último contato com meu pai, a roupa que  vestia o manequim era a mesma que me vestia, isso só me fez pensar ainda mais que estava ficando louco, era ridículo aceitar aquilo como realidade, mas não tinha como descartar a veracidade dos fatos, tudo indicava que eu estava morto, e agora perambulava entre a loucura e minha antiga vida, embora a situação fosse desesperadora e nada agradável, tinha algo que me fez sentir melhor naquele momento, agora sabia que Clarice gostava de mim, sabia que sentia minha falta e que deveria ter me declarado antes do pior ter acontecido.

Na falta de vida ao redor procurava me sentir menos sozinho, durante o caminho fui conversando com aquele que agora tinha minha consciência, o rapaz franzino que tinha lembranças da vida de Heitor.

— Você poderia me dar respostar.

— Porque fazer isso comigo? Qual sua finalidade?

— Realmente não entendo!

Desacreditava que aquele ser teria mais respostas do que consegui através dessa experiência de "vida após a morte", já perto do bosque próximo a minha casa, voltei a ver a luz que tinha tirado a minha vida, estava tão reluzente quanto na última noite, e convidativa, reconheci aquela sensação que fez aproximar novamente da esfera luminosa, e fui tomado pela mesma sensação de inconsciência, a luz parecia me cobrir por inteiro, não senti mais nada, estava mergulhado em um sono profundo.

— Olhe doutor, ele está reagindo! — Disse a enfermeira que me olhava com espanto.

— Ele precisa repousar, estava em coma, precisará ficar um tempo sozinho.

Apagaram a luz e fecharam a porta, pude notar minha mochila ao lado da cama, com muito esforço alcancei e tirei meu celular. Mandei mensagem para meu amigo perguntando o que houve comigo:

Heitor: Me explica o que está acontecendo cara!

Tom: Você sofreu um acidente mano, foi atropelado perto da sua casa, está tudo bem?

Não tive tempo de responde-lo, muito menos de pensar que tudo não passou de um sonho, uma alucinação. O que vi ao olhar na porta me fez deixar cair o celular no chão, o garoto em que tinha me transformado durante o suposto coma agora me observava friamente da porta, com um sorriso perturbador.

A luz que não me guiaWhere stories live. Discover now