Capítulo 38

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Marcelo Menezes.

Depois de ter passado o resto do dia jogado no sofá assistindo séries, comendo toda a porcariada que eu mantinha no meu apartamento e tentando impedir que o pequeno dinossauro que eu havia pego para criar chamado Bartolomeu destruísse todos os meus sapatos, estaciono meu carro no estacionamento da delegacia no dia seguinte.

Eu já havia sido advertido outras vezes, afinal nunca fui o cara mais calmo do mundo. Só que dessa vez parecia ser diferente. Não sabia com que cara entrar depois de passar o dia fora - para refletir sobre meus erros e pensar no que eu poderia melhorar (palavras do delegado, não minhas, obviamente. Para mim, foi apenas um dia de folga comum) - por ter apanhado de um amigo na frente de todos. Provavelmente estavam todos pensando que eu não prestava. De alguma forma, eles estavam certos se pensassem assim.

E desde quando eu ligo para o que os outros pensam, certo?

Afinal, gostar de si é a coisa mais importante.

Depois de respirar fundo diversas vezes e me olhar no espelho do carro para ver se o curativo continuava chamando muita atenção - e concluído que sim, afinal, estava idêntico aos outros dias - , salto do carro e entro na delegacia. Como se o mundo estivesse conspirando ao meu favor, ela está relativamente vazia e quem estava por ali, me cumprimenta normalmente. Solto um suspiro aliviado ao chegar na minha mesa sem encontrar Helen ou Daniel. Me sento, pronto para começar a organizar a pilha de papéis que se acumulou ontem em minha mesa, mas sou interrompido antes mesmo de começar por uma voz inconfundível:

— Menezes, venha na minha sala agora — inconfundível e autoritária, devo dizer.

— Sim, senhor.

Me levanto, acompanhando os passos do delegado até sua sala. Fecho a porta atrás de mim assim que entro, e sento na cadeira em frente sua mesa.

— O corte foi muito feio? — ele pergunta, se referindo ao meu supercílio.

— Que nada, o Daniel nem bate tão bem assim.

— Ah, eu vi. Sua cara nem estava toda ensanguentada.

— Não, senhor.

Ele revira os olhos, se ajeitando na cadeira.

— Não te chamei aqui para resolver seus problemas com o Molina, porque eu espero que já tenham se resolvido fora daqui — assinto, para que ele continue: — Te chamei aqui porque tenho uma novidade sobre seu caso.

Foi como se eu tivesse levado um choque, porque no mesmo instante salto da cadeira, me apoiando na mesa. Tudo se esvai da minha mente, de modo que só consigo pensar que finalmente vou descobrir algo realmente útil.

— O que vocês descobriram? — questiono, sério.

— Por enquanto nada que mude muita coisa — ele responde. Arqueio as sobrancelhas, já desanimando. — Mas estou quase conseguindo algo. O novo endereço deles.

— O que? Isso é sério? Como... Como vai conseguir essa informação?

— Menezes, você me subestima demais. Se eu peguei o caso, é porque vou até o final com ele. Estou tentando conseguir essa informação desde que te tirei do caso, só que está mais difícil do que eu imaginei. Quis te contar agora, porque acho que finalmente estou conseguindo.

— E o que o senhor pretende fazer quando conseguir?

— Seja lá o que você estiver pensando, não vou te levar junto numa missão suicida. Os caras já deixaram claro que querem sua cabeça pro jantar.

— Mas isso não é justo! Eles me querem. Eu tinha que estar junto. É o caso da minha vida.

— "O caso da sua vida" — ele ironiza, fazendo aspas no ar — vai lhe custar exatamente isso: a sua vida.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora