Marcelo Menezes.
Pouco depois de Bianca sair, ouço o meu celular tocar em volume baixo no meio da mesa de centro. Por um momento chego a pensar que poderia ser ela ligando para sei lá o quê, mas me lembro de que não trocamos telefone. O que, de certa forma, era até compreensível. Eu não era do tipo que pedia o número de alguém despretensiosamente, ainda mais se a pessoa em questão fosse... Sei lá, fosse ela. Eu não sabia exatamente o que ela era.
Sabe aquela regra dos médicos de não saírem com pacientes? Pois então. É mais ou menos isso. A diferença está na parte que, ao invés de num hospital, nos conhecemos num banco e com a presença espetacular de um calibre 38. E é claro que, como num hospital, ela também corria risco de vida e eu tinha sido o herói. Caraca, isso até que pegava bem.
Pego o celular e o levo ao ouvido, apagando por um momento a foto de Nina e eu na tela.
─ E aí?
─ Onde é que você está, cabeçudo?
─ Ahn... Em casa?
Ela fica em silêncio por um momento.
─ Em casa? Você quer dizer na sua casa, a que fica a alguns andares da minha?
─ E eu tenho outra?
─ Ai, grosso!
Dou risada.
─ Por que a pergunta? Onde é que você está?
─ Porque é quase meio dia e você ainda não apareceu para revistar a minha geladeira. Por acaso tem comida aí, é? Ah, não, já sei, você roubou comida do casamento!
─ Não, senhora. Eu mesmo fiz o meu café da manhã.
Nina solta um "pffff" desenfreado e ri, provavelmente esperando que eu desminta. Mas, quando eu fico em silêncio, ela se interrompe:
─ Espera, é sério?
─ É, ué. Ovos e café.
─ Ovos? Que nojo, Marcelo!
─ Não ficou ruim. A loirinha comeu sem reclamar ─ digo sem pensar, já fechando os olhos quando percebo o que viria a seguir.
Mas Nina fica em silêncio e, em seguida, há um chiado estranho do outro lado.
─ Ni? ─ chamo, mas ela não responde.
Dou uma olhada na tela e vejo que a ligação foi encerrada. Ué, que maluca! Aperto para retornar a ligação, mas nem sequer chama de novo. De repente ouço um barulho na minha fechadura e, quando olho para lá, Nina já está abrindo a porta.
Ela crava os olhos em mim no sofá e vem pisando duro em minha direção.
─ Ahn, oi? ─ eu digo, olhando para ela. Estava com aquela carinha de ressaca que eu passei bons anos da adolescência vendo.
─ Não me venha com oi, rapazinho!
Sou incapaz de conter o sorriso, mas disfarço da melhor maneira que posso.
─ Por que você desligou na minha cara?
─ Sou eu quem faço as perguntas aqui! ─ ela diz em tom decisivo, indo até a televisão e a desligando. O apartamento irrompe em silêncio, e eu apenas olho para ela, sem entender porcaria nenhuma.
─ Do que você está falando?
─ Veja bem, eu estava na minha cama ao lado do meu digníssimo esposo, ambos morrendo de dor de cabeça porque, afinal de contas, bebemos todas ontem, porque foi o casamento da minha melhor amiga!
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Amor em Risco (COMPLETO)
RomanceMarcelo Menezes é, além de um policial aplicado, um completo conquistador. Não só no quesito amoroso, mas em qualquer um deles. Extrovertido, atencioso e protetor daqueles que ama, ele dificilmente faz inimigos por onde passa em sua vida pessoal - d...