Capítulo 6

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Marcelo Menezes.

Depois de passar o resto da madrugada na delegacia tentando resolver algumas pendências necessárias, eu já estava exausto de tanto pensar em várias possibilidades de conseguir algumas pistas sobre o tal cara que me quer morto.

Quando já passava das sete da manhã (e só faltava mais duas horas para eu poder finalmente ir embora), a porta do DP se abre e Helen chega para trabalhar.

Já que a delegacia estava parcialmente vazia, pois ficavam poucas pessoas aqui durante a madrugada (e das poucas que ficavam, muitos acabavam dormindo pelos cantos), aproveito a deixa para retomar a conversa com Helen.

─ Bom dia! Chegou cedo hoje, Megan ─ a cumprimento tentando irritá-la, como de praxe. O que sempre funciona, porque ela revira os olhos daquele jeito dela de sempre.

─ Vim mais cedo porque a vítima do seu assalto vem depor agora pela manhã ─ ela responde se ajeitando atrás da mesa da recepção.

─ Nem me fale em meu assalto que eu já me sinto culpado pela loirinha.

─ Pela loirinha, é? ─ ela pergunta arqueando a sobrancelha e é a minha vez de revirar os olhos.

─ Nem brinca, ela tem uns 14 anos.

─ Sério? Eu jurava que tinha visto 19 no...

─ É brincadeira, Megan. Ela tem 19. Mas com muita cara de 14.

─ Aposto que é exagero seu.

─ Você vai ver.

Nesse instante, meio que como mágica, a porta se abre outra vez e duas pessoas entram. Preciso de um instante para raciocinar, em parte porque estou morto de cansaço e em parte porque já havia visto aqueles rostos, mas em condições muito diferentes.

O cara, sem dúvida alguma, era alguma espécie de celebridade. Parecia aqueles coroas de cinema. Alto, bronzeado e boa pinta, até. Eu já o havia visto em algum momento da minha vida, numa propaganda ou coisa do tipo. Tinha a expressão meio cansada, mas que automaticamente adquiriu certo interesse ao me ver. Ou talvez ao ver Helen, que estava perto de mim.

Quando olho para a garota ao lado dele, cinco palmos mais baixa, me lembro repentinamente de onde conheço o cara. A garota é a loirinha refém, Bianca sei lá das quantas com carinha de 14. E como Sobreira havia dito há dois dias, ela era filha do dono do Página Zero, agora a três metros de mim em carne e osso.

─ Bom dia ─ o cara diz e faz um aceno com a cabeça.

─ Bom dia. No que posso ajudá-los? ─ Helen pergunta se ajeitando em sua cadeira, mas sei que sabe muito bem do que se trata.

─ Sou Sérgio Trajano. Vim acompanhar a minha filha ─ ele explica, ao que Helen olha para Bianca, erguendo levemente a sobrancelha para sua análise. Aposto que estava pensando que ela realmente tinha cara de novinha. ─ Ela veio depor.

─ Ah. A garota do assalto ao banco, né? Ok, só um instante, por favor.

Aproveito para me aproximar deles.

Bianca está com um curativo menor na cabeça, ocultando grande parte do hematoma, e outros dois em um dos braços – provavelmente o que amorteceu a queda. Ela sustenta o meu olhar em reconhecimento por um instante e depois força um sorriso.

─ Oi, policial.

─ Oi. Como você está? ─ cumprimento. O pai dela tinha os olhos pregados em mim.

─ Estou legal, só... Tentando me adaptar a isso aqui ─ ela toca o curativo. ─ Ah, pai, esse é o policial Marcelo. Ele quem me acompanhou ao hospital e... O senhor sabe. Esteve por dentro de tudo o que aconteceu ─ ela faz uma careta.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora