° Capítulo Onze °

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Sean Madden.

Quando finalmente voltaram para o hotel, Parker não quis conversar. Apenas subiu para a sua suíte, tirou as roupas e entrou na banheira. Ele teve que se controlar muito para não mata-lo ali mesmo, na sala da sua casa, com toda a sua família por perto. Ele imaginou muitas vezes o sangue dele manchando o tapete branco daquela sala, a mulher dele gritando, e pedindo clemência assim como ele um dia fez.

Ele se afundou na água e cerrou os punhos. Ele queria vingança, e teria.

Parker encontrava-se vestindo um terno azul escuro, havia cortado os cabelos e feito a barba. Era quase outro homem. Seus olhos azuis estavam mais vivos e se destacam bem nele. Ele havia acabado de chegar à mansão para o seu primeiro dia de trabalho, e mesmo tentando ele estava ansioso, ansioso não, curioso. Ainda eram seis e meia da manhã, mas ainda assim havia muitos funcionários perambulando pra lá e para cá.
Ele estava na cozinha bebendo café, quando escutou passos batucando pelo chão. Virou-se, e deparou-se com a visão do pecado a sua frente. Ela estava vestida em uma saia de couro preto justa, com uma pequena fenda na lateral. Usava uma blusa branca de mangas, seu rosto diferentemente daquela vez, estava coberto por maquiagem. Os lábios que Parker sonhou beijar durante esses dias, estavam pintados com um batom cor vinho, seus cabelos estavam presos em um coque mal feito, que a deixava ainda mais bonita.
Parker sentiu seu membro pulsar, e seu coração acelerar. Ele bebeu daquela visão até que ela quebrasse o encanto.
- Bom dia, senhor Madden.
A voz melodiosa dela o saúda.
- Bom dia senhorita Amie. - ele diz, ainda com a voz rouca de desejo.
Ela sorriu pra ele, e caminhou até onde ele estava. Sensualmente ela foi chegando mais perto, o deixando sem ar, sem saída, e louco para puxa-la contra ele e beijar aquela boca que esteve em todas as horas do seu dia.
- Com licença.
Ele balança a cabeça e a olha.
- O que? - ele pergunta confuso.
- O senhor está em frente ao armário, e eu preciso pegar uma xícara. - ela fala sorrindo.
- Claro.
Ele se afasta e tenta se controlar. Diabos o que estava acontecendo com ele? Primeiro aquela dançarina, agora essa mulher? Ele tinha que tira-las da sua mente, logo. Ela coloca o café em sua xícara e bebe tranquilamente.
- O senhor já sabe como será o nosso dia hoje? - ela pergunta.
- Hm.. estava esperando a senhora aparecer para me dizer.
- Senhora não pelo amor de deus, só Amie, por favor. Tenho que estar às sete e meia na fundação Angelita Domasher na Blvd Mountain, as onze tenho um almoço com alguns empresários no Laffuti, duas horas tenho que estar no orfanato Asas Brancas, as cinco uma reunião na empresa do meu pai, e oito horas voltamos para casa. - ela deposita a xícara na bancada, e vai saindo da cozinha.
- Sabe senhor Madden, nunca, em hipóteses alguma devemos julgar alguém pela sua aparência. - ela fala, olhando-o fixamente.
- Não entendi senh.. Amie.
- Na hora certa você vai saber, mas, até lá pense no que eu lhe disse. Nunca se sabe quando vamos precisar de um conselho como esse.
Assim ela deixa-o na cozinha, estático, confuso e pensativo. Absorvendo suas palavras, e seu perfume doce e suave. As batidas do seu coração aos poucos vão diminuindo, fazendo-o voltar ao normal e tomar seu caminho em direção à saída. A cada parada que tinham que fazer, Parker sempre abria a porta para que ela saísse, ficava sempre a esperando do lado de fora, ela voltava ele abria a porta do carro e fechava. A parte da manhã foi tranquila, mas assim que estacionaram em frente ao orfanato, ele sentiu que de alguma forma ela havia mudado.
Ao passarem pelo portão, algumas senhoras e crianças já estavam paradas na porta de entrada. Mas diferente das outras vezes, ela não esperou que ele abrisse a porta. Viu somente a sua silhueta saindo do carro e correndo em direção as crianças que vinham gritando ao seu encontro. Foi emocionante a cena que ele viu, e de alguma forma que ele não conseguia entender, seus conceitos estavam mudando.
Ela beijou cada um deles e os abraçou, entregou sua bolsa para um menino magricelo e risonho, e logo pegou no colo outro menino de no máximo quatro anos segurando um ursinho marrom. Ela beijou suas bochechas, e ele sorriu desajeitado com uma chupeta na boca. Ele se agarrou no pescoço dela, até que ela vai até as senhoras e as abraça ainda com o garotinho no colo. Alguns garotos surgem e começam a puxar assunto com Parker, que por sinal é louco por crianças, e que ao olhar para aqueles rostinhos sorridentes, não tem como a lembrança de sua filha não vir em sua mente. Seu sorriso doce, sua voz carinhosa, suas mãozinhas sempre fazendo carinho em sua barba.
- Sean.
Foi a primeira vez que ela o chama pelo "seu nome", por isso ele demorou a se tocar que era com ele que ela estava falando, que para todos ele era Sean, não Parker.
- Sim senhorita. - ela faz uma careta ou ouvi-lo chama-la assim tão cordial.
- Quero que conheça minhas amigas, e madrinhas desse lar maravilhoso. Odélia, Célia e Julieta.
Ele não entende o porquê dela o apresentar a elas, mas em seus olhos ele vê que isso é importante, então ele faz o que seu intimo lá no fundo, bem no fundo o reprova.
- É um prazer conhecê-las senhoritas. - ele diz sorridente, pegando na mão de cada uma delas e beijando suas mãos.
Envergonhadas e felizes, elas sorriem em sua direção.
- Que belo rapaz você arrumou querida. - uma das mulheres, sendo a mais velha fala.
- Eu tenho bom gosto tia Célia.- Amie pisca para ele , deixando-o meio embaraçado na frente das mulheres.
O garotinho no colo dela levanta sua cabecinha e olha para Parker com seus olhinhos azuis. Ele deita a cabeça no ombro dela, de uma forma que possa olhar para o homem, e assim levanta seu ursinho na direção dele.
- É pra mim? - Parker pergunta apontando pra si mesmo.
O menino balança a cabeça afirmando,então ele pega o ursinho e o analisa, voltando sua atenção para o garotinho.
- Seu amigo é muito bonito, qual o nome dele? - Parker pergunta ao menino referindo-se ao ursinho.
O menino fica olhando pra ele, e levanta sua cabeça e olha para a mulher que o carrega. Ele a olha como se perguntasse se podia confiar nele.
- Diga a ele, querido.
Ele tira a chupeta da boca e passa os bracinhos no pescoço da mulher.
- Pepito. - ele responde acanhado.
- Olá Pepito, sou Sean o que você acha de irmos brincar com seu amigo ali? - Parker finge conversar com o ursinho e olha para o menino.
- Qual seu nome garotão?
- Caio.
- Você aceita ir brincar comigo e Pepito, Caio? - ele pergunta ao garoto.
- Sim.
As mulheres assistem a cena a sua frente emocionada. Caio chegou ao orfanato com alguns dias de nascido, estava uma noite fria devido a grande tempestade que estava tendo. Ele chegou muito desnutrido e com problemas respiratórios. Os médicos disseram que foi um milagre ele ter sobrevivido, que ele era um grande guerreiro.
Caio era um garoto carente de amor e carinho, ele não ia com qualquer pessoa, as únicas que conseguiam estar sempre perto dele era aquelas quatro mulheres. A primeira vez que Amie foi ao orfanato, ele estava com dois anos e pouco. Ela se apaixonou perdidamente por aquele menino de olhos azuis, que segurou seus cabelos e dormiu com a cabecinha no seu peito. Que chorou ao ver ela indo embora, que sua primeira palavra não foi mamãe ou papai, mas sim Am, uma pequena abreviação do nome de Amie.
Desde então, os dois se tornaram inseparáveis, e o que ninguém podia sonhar era que ela iria fazer de tudo para conseguir a guarda dele, dar aquele menino uma mãe de verdade, ela só precisava tomar coragem para negar tudo o que tinha de direito, até mesmo o seu sobrenome se fosse necessário. Ela seria capaz de tudo por ele.
Perto das três e meia, Amie recebeu um telefonema dizendo que cancelarão a reunião. Por isso decidiu ficar mais um tempo ali. Parker sempre tinha o garotinho Caio em seu colo, enquanto brincava, contava histórias, e era feito de boneca pelas meninas. Amie sempre estava de olho nele, e no seu intimo sentia uma grande admiração por aquele homem. Ele vinha serpenteando seus sonhos, invadindo suas fantasias. Ela o olhava, admirando sua desenvoltura com as crianças, suas risadas, e quanto ele era um homem bonito.
Parker estava cansado de tantas brincadeiras, ele já estaca há quase três horas ao redor da criançada, correndo, pulando, escondendo-se. Aquelas crianças tinham tão pouco, mas, eram tão felizes com o que tinham. Elas podiam não ter um pai e uma mãe, mas todos ali eram um grande e unida família. Ele sentiu falta da sua menina, de poder passar dias como esse ao lado dela. Agora com esse trabalho, ele nem mesmo sabia quando poderia voltar a East Orange para vê-la.
A noite já estava caindo, e todos do orfanato estavam do lado de fora, sentados em um belo jardim. Parker sentava em um banco de madeira ao lado de Julieta e de outros funcionários. Ambos estavam olhando Amie dançar e cantar com as crianças. Ela estava descalça, seus cabelos antes presos, agora se encontravam soltos.
- Ela é uma boa menina, se não fosse ela esse lugar já teria fechado há muito tempo. - Julieta fala olhando-o.
- Ela parece ser muito boa mesmo. - Parker fala.
- Não menino. Ela não é boa só por ter nos ajudado. Amie por trás de toda essa fachada misteriosa, e sedutora, não passa de uma garotinha sonhadora e apaixonada. Quem a olha acha que sua vida é perfeita, mas , não sabem o que ela enfrentou e tem que enfrentar. Todos acham que carregar um sobrenome como o dela é fácil, mas não é.
- Como assim?
- Ela tem uma convivência difícil com mãe, ambas passaram por perturbações muito fortes na relação de mãe e filha. Amie desde pequena teve que deixar de lado seus sonhos, e vontades. Ela sempre fazia o que se era imposto para uma verdadeira herdeira. Ela teve que abdicar de todo o seu eu, para não magoar o pai e o avô. A estrada que puseram para ela seguir é tão frágil quanto um vidro reconstruído, qualquer erro e ela sofrerá as consequências.

Parker ouvia tudo atentamente, sentindo seu coração apertar por alguma coisa. Ele estava fixado no sorriso dela, na sua dança, e alegria junto aquelas crianças. E percebeu que durante todo o dia, a viu sorrindo para todos, mas ali agora percebeu que diferente daqueles sorrisos, esse era real, de pura felicidade. Talvez, apenas um talvez ele tenha que mudar a rota dos seus planos

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Oi meus amores. Venho aqui agradecer mais uma vez minha linda RobertaRios28 que graças a ela consegui postar o capítulo hoje. Obrigada minha Mutante linda❤❤❤

Desaparecida entre os Sete PecadosWhere stories live. Discover now