#50 - Final

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Jasmim fecha os olhos.

"Anel do teleporte, anel da velocidade, corselete da levitação... Não, não adianta levitar se ele agora voa. Claro! Os brincos!"

A um comando mental, Jasmim ativa os brincos. Por um instante, mesmo de olhos fechados, ela pode ver vários objetos na sala. A maça de guerra voadora está perto da escada que Jasmim usara. E há mais poções e pequenos objetos espalhados, uma lança no topo de uma estante a uns dez metros de onde está... A dois metros, há um pequeno objeto de formato estranho, como uma ferradura com pé, formando um "Y". É o objeto mais perto dela, tirando os que ainda leva e os de Ivan.

Ivan... O brinco detecta objetos mágicos, como ela bem percebe. E agora Ivan está perfeitamente visível, mesmo Jasmim estando de olhos fechados. Ela vê uma armadura trazendo as duas armas e preparando o sabre para um golpe de misericórdia.

Por fora calma e conformada, por dentro Jasmim se concentra no golpe que virá.

- Foi bom conhecer você, de qualquer forma. Adeus.

A espada se aproxima rápido buscando o pescoço de Jasmim, mas ela se curva e rola para o lado. Ao fim do movimento, está a dois metros de onde estava. Ainda sentada, mas trazendo na mão direita o estranho objeto cujo uso ela já suspeita.

Sem esperar, bate contra o chão o lado que lembra uma ferradura.

Jasmim sente o objeto vibrar forte em sua mão e abre os olhos. Não ouve nada a não ser o grito de Ivan e o ruir da estrutura do prédio. Logo Ivan está caído e imóvel, com sangue escorrendo de seus ouvidos.

Blocos começam a cair. Jasmim toma as duas armas de Ivan. À simples ideia de sair dali, o sabre reage indicando um caminho. Rapidamente desviando de blocos que caem e passando por buracos nas paredes e tetos, logo está Jasmim fora do templo, voando acima daquela estranha pirâmide negra e antes que seus olhos se acostumem com o Sol, ela aciona a morningstar para enxergar tudo com clareza em tons de azul.

- Jasmim! Você está bem?!

Só agora pode ver. Duas serpentes gigantes estão ali, ao lado do templo. Sangrando e arfando, prontas para se atacarem mais uma vez. Jasmim identifica Klaitu pela voz e parte contra Melthoz.

São como dragões chineses sem patas, mas têm asas que lembram asas de ave. Certamente, sem penas. Klaitu se apresenta em cores vivas: verde, amarelo e laranja. Melthoz é escuro, misturando preto e vinho.

- Não interfira, idiota! Minha briga é com ele. - Melthoz fala, mas Jasmim continua vindo. - Que vergonha, Klaitu, ter que se esconder atrás de uma mulher. Esperava mais de você. Onde está Ivan?

Jasmim não responde.

- Vejo que está com a arma dele. Céus, perder para uma mulher! Estou mesmo cercado de idiotas. Mas nunca achei nem que ele conseguiria cumprir a missão. Ivan era preguiçoso demais.

- Fala assim da Jasmim não. Você sabe que... - É Klaitu, mas é interrompido.

- Cala a boca.

- Venha calar.

Melthoz mergulha abrindo as mandíbulas contra Jasmim, mas num giro rápido, logo um corte se abre pouco abaixo da boca da serpente. No que seria o pescoço. Não há tempo para Melthoz se recuperar da surpresa. Num giro, continuando o movimento, Jasmim crava a morningstar entre os olhos da criatura.

- Jasmim?! - Klaitu chama enquanto o corpo já sem vida daquela serpente preta e vermelha cai nas areias batidas do deserto. - Eu sabia como era especial! Desde o começo.

Jasmim vai em direção a Klaitu.

- É, você é demais! Sou seu fã, sabia? Eu... Ei, o que você está fazendo?

Na face fria de Jasmim, dois olhos azuis parecem faiscar enquanto ela se aproxima mais e mais.

Um barulho grave e a calda de Klaitu vem contra Jasmim pelo lado. Ela desvia o corpo, mas deixa de presente o sabre em seu caminho.

- Aaaahhh! Jasmim!? - Klaitu tenta se afastar um pouco. Machucado e agora ainda mais com o corte na calda, ele olha Jasmim com espanto, então joga a cabeça para a frente, para mordê-la.

O som seco da bola de aço da morningstar contra seu queixo. Jasmim a apoia debaixo do braço, usando o próprio ombro como alavanca.

Tudo fica escuro na visão de Klaitu que, tonto, movimenta o corpo em desespero. Quando a visão volta, preferia que não tivesse voltado. Jasmim vem de cima, prestes a cravar a espada na sua cabeça. Rápido e já muito perto. Rápido e inevitável.

As ruínas de um templo negro. Dois monstros mortos ali por perto. Do templo se vê ao longe uma mulher que se afasta voando. Não sente mais calor e fome, que não a haviam deixado em paz desde que veio. No meio da tarde, naquele deserto se vê a silhueta de uma mulher. Cada vez mais se afasta do templo voando, como um anjo da morte. Do templo só se vê a silhueta de Jasmim.


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⏰ Última atualização: Feb 07, 2017 ⏰

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Jasmim - Porque nem tudo que é belo é frágilOnde as histórias ganham vida. Descobre agora