#25 - A Cidade sem Vida

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A bola metálica com pontas gira no ar. Mais um corpo é arremessado para longe.

É noite e Jasmim luta na rua contra corpos que andam. Com seu corselete de couro acinzentado, mas cheio de penas azuis mescladas ao couro. A maça de guerra presa à cintura por um cinto improvisado e sua calça jeans.

Mais um é atingido na cabeça, caindo ao chão, já sem vida ou qualquer imitação de vida que o animava.

A rua tem poucas árvores e prédios baixos, como parece ser toda a cidade. Foi difícil chegar aqui, mas se Klaitu queria treino, jornais servem pra isso.

O último zumbi cai e Jasmim vê um prédio de três andares logo à frente. Corre em direção a ele e seus pés deixam o chão. Ela sobe lentamente rumo à cobertura. Sua velocidade vertical segue constante, mas a horizontal vai diminuindo aos poucos. Enfim, alcança o telhado. Pelo visto a armadura é só para levitação mesmo, inapropriada para voos

A cidade está toda escura e não faz tanto tempo Jasmim ouviu alguns tiros.

Do telhado, vê a cidade sem luz. Pouco dá pra ver. Na outra rua há zumbis: ótimo. Jasmim salta e ativa mais uma vez a armadura para uma queda suave.

Tiros!? Sim, tiros vêm dessa mesma rua. Em direção a Jasmim.

Seus pés tocam o chão mais uma vez. Vários zumbis vão caindo, um a um. Os disparos continuam.

"São três armas, pelo brilho e distância entre disparos. Nove balas..."

Derruba o penúltimo zumbi, indo em direção à origem dos tiros. De cima do prédio viu que não devem ser muitos. Três ou quatro, apenas.

"Quinze..." Arremessa o último zumbi com um golpe na barriga. Saca a maça de guerra voadora, que deixa sua mão e vai em direção aos inimigos armados.

"Dezoito! Hmmm... Pararam, revólveres!" Jasmim corre então contra eles.

Sua trança dourada ondula e então... Mais tiros?! Jasmim continua, firme e veloz. As balas passam perto de seu corpo. Um barulho metálico diz que uma acabou de acertar o bastão da morningstar. Era a sexta bala.

A maça de guerra está parada no ar. E são dois orientais vestidos de preto. Em menos de um segundo, usando a bola da morningstar como contrapeso para uma alavanca, Jasmim golpeia um dos dois com o bastão na altura do abdômen e acerta as pernas do segundo, de trás para a frente. Logo estão os dois caídos de costas no chão, sem ação.

- Ela não parece um vampiro. - Um deles comenta com o outro, enquanto Jasmim recolhe e guarda a maça sem tirar os olhos dos dois.

- Wi, ela é boa! - O segundo comenta, pouco antes de receber um chute no estômago. - Arghhhh!

- Ha! Ha! Ai... Olha, moça... - É o outro que fala. - Houve um mal entendido, percebe?

- Quem são vocês?

- Sou Ceix Kao-Wi. Esse desmiolado é meu irmão, Ceix Aeze-Yo.

- Por que atiraram em mim!?

- Ah, foi mal, é que...

- "Foi mal" se diz quando se esbarra em alguém. Vocês dispararam vinte e quatro balas em minha direção, idiotas!

Os dois irmãos se olham, deitados, com as mãos na cabeça, enquanto Jasmim continua de pé, com a morningstar na mão e ar hostil.

- Bom, desculpa, moça. - É Kao-Wi mais uma vez. - É que a gente pensou que você fosse uma vampira, pra falar a verdade. Sabe como é, né? Pular de um prédio de três andares e sair correndo, desviando de bala...

- Wi, tem certeza que ela não é vampira? Arghhhh!

Jasmim acaba de dar outro chute na barriga de Aeze-Yo. "Eu devia usar coturno..."

- Entende, dona? Foi um mal entendido. Só isso. Não é nada cavalheiro atirar em uma moça distinta. Mil perdões, nós achávamos mesmo que era uma vampira.

- Wi, e se... - Kao-Wi dá um soco de leve no ombro de Aeze-Yo para impedí-lo de continuar e terminar levando mais um chute.

- Nós dois estamos numa missão de resgate de uns objetos importantes lá no meio da cidade. E a senhorita, o que faz por aqui? É a primeira pessoa viva que encontramos desde que entramos nessa cidade morta!

Finalmente Jasmim muda a expressão para uma menos severa. Dá espaço para os dois se levantarem.

- Estou só dando uma volta.

- Nossa! Wi...

- Bem corajosa você! Se quiser nos acompanhar nessa missão... Estamos sendo pagos pra isso. Se nos ajudar em toda a missão, podemos dividir o pagamento. Um terço para cada um. O que me diz?

- Vamos conversar melhor...

- É, vamos sim! Enquanto não vem mais vampiro... Ah, ainda não nos disse seu nome...

- Me chamo Jasmim.

Jasmim - Porque nem tudo que é belo é frágilOnde as histórias ganham vida. Descobre agora