#32 - Vingança

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- Pensei que não viriam... Quando saímos daqui?

- Calma, daqui a pouco... - Kao-Wi responde, deitado no tapete ao lado do irmão. No fundo suas forças vão mal.

No quarto das filhas, Jasmim está sentada na cama simples, sem a armadura, tentando fixar uma tira de lençol em seu corpo, sob o seio esquerdo, como uma forma de tratamento emergencial para o ferimento. Cansada está, mas há um caminho pela frente até que tenham mais um pouco de paz. Seus olhos não deixam um segundo de vigiar a cortina que serve de porta e a morningstar permanece na cama, bem próximo da sua mão.

Ao chegar na sala, Jasmim vê os irmãos Ceix deitados, parecem dormir. Os três moradores permanecem sentados num canto, no sofá, os três olhando para ela ansiosos.

- Onde está o outro?

- O outro que veio com vocês? Disse que ia ver o que está havendo aí fora, que voltava logo.

- Só faltava essa... - "Os dois dormem como se eu não estivesse cansada e ferida também e o Azawagh ainda resolve sair..."

Ela caminha em direção à porta da rua. Os moradores parecem querer falar qualquer coisa. Curiosidades sobre uma guerreira tão vistosa, desculpas pra impedir que ela saísse, não se sabe. Seus olhos dizem que queriam falar alguma coisa, mas eles não se atrevem. E Jasmim já abriu a porta.

Azawagh salta de qualquer lugar para perto de Jasmim.

- Eles estão vindo.

- Quem?

- Vêm vingar a morte da criatura.

- Quantos são?

- Não sei, mas saberemos logo.

Os olhos de Jasmim se ajustam para verem a rua e tudo o mais em tons de azul. As mãos seguram firmes a morningstar. Seus olhos permanecem tão atentos a Azawagh quanto a qualquer outra coisa que possa representar perigo. E é assim que ela vigia a rua à espera do que quer que esteja vindo.

Já Azawagh se prepara a seu modo, indo para o meio da rua. Seu olhar passa pela casa antes de encontrar Jasmim, logo se voltam para a rua propriamente. Jasmim entendeu: ele iria perguntar sobre os aliados dela, mas desistiu da ideia ao se dar conta da resposta óbvia. Eles não podem ajudar agora do jeito que estão. São apenas os dois mesmo.

Três vultos se aproximam. Duas mulheres e um homem. Logo estão eles bem à frente, a vinte metros. O homem faz apenas um sinal afirmativo lento com a cabeça. Azawagh olha Jasmim e parte como um raio, deixando aquele olhar prepotente de "deixa que eu cuido disso".

Jasmim não tem tempo para ter raiva do gesto. Tão logo aquele homem que vinha aponta para a casa, ela corre para interceptar a mulher que atenderia à ordem de matar os moradores, o que no momento incluiria os irmãos Ceix.

Qual um cometa, a morningstar gira furiosa, mas a outra consegue se esquivar e arranhar a armadura de Jasmim na altura da coxa. Elas param e se encaram. É mais uma vampira.

Um golpe repentino, mas o bastão da morningstar bloqueia as garras da nova vampira. E num giro a acerta no braço.

Do outro lado, Jasmim apenas sente a confusão do combate dos outros três. O outro também tem uma espada e Azawagh luta contra ele e a outra vampira.

O ar deixa os pulmões de Jasmim dolorosamente. O chute da vampira também a impulsiona e ela cai costas na calçada. Jasmim solta a maça de guerra voadora, mas esta cai no chão. Que outra escolha? Levanta-se e corre, enfrentando a dor que sente, para impedir que a vampira alcance a casa.

Por sorte, consegue acompanhá-la e golpear suas pernas. A vampira cai e logo se levanta. Estão as duas diante da casa agora.

Um salto da vampira. Jasmim rapidamente gira o corpo, recebendo a vampira com a bola de aço de sua morningstar.

A atacante vai ao chão com as mãos na barriga. Logo suas garras acertam o braço de Jasmim, que gira mais uma vez a morningstar. Ao fundo, o barulho metálico de duas espadas ágeis ainda é claro e presente. E os cinco lutadores continuam de pé.


Jasmim - Porque nem tudo que é belo é frágilOnde as histórias ganham vida. Descobre agora