#42 - O Templo Negro

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O Sol queima no deserto escaldante. Na paisagem em cores quentes, laranja quase vermelho, uma motocicleta segue em disparada, deixando um rastro de poeira. Este rastro não preocupa o motociclista, já que quem o segue é uma mulher armada, e que vem voando a menos de dez metros.

Uma voz grita qualquer coisa a plenos pulmões, mas Jasmim não entende, entende apenas que o motociclista é homem e russo, pelo sotaque do que ela não ouve bem.

Tenta se colocar lado a lado com ele, desviando sutilmente o trajeto. Sem sucesso. Não consegue voar mais rápido do que já está. E já está calor juntos.

Jasmim volta para perseguí-lo de cima. Só então vê para onde o motociclista está indo. Há um templo mais à frente. Ao perceber a proximidade com o templo escuro, o motoqueiro acelera, saindo definitivamente do alcance de Jasmim, ao menos por enquanto.

Do céu, ela vê a motocicleta parar e aquele vulto subir as duas centenas de degraus e saltar desesperado. Por vezes jurava que o veria cair, mas logo ele estava na plataforma intermediária do templo, onde há uma porta. Logo após uma última olhada para trás, ele entra.

O templo é estranho. De pedras escuras e opacas, algumas brilhantes. Seguem formando uma pirâmide, mas no meio há um chão e uma porta. Acima desta porta, o templo tenta ser pirâmide pelo que lhe falta. Resumindo, é como uma pirâmide de montar, com uma peça do meio faltando.

Num sobrevoo ao templo, Jasmim percebe que há também uma entrada do outro lado, que é construído com pedras mais brilhantes que o lado de cá. Decide-se então pelo novo caminho, mas antes...

Crackt!

Num voo rasante no lado fosco, acerta em cheio a motocicleta, voltando para o lado mais brilhante do templo.

Já na plataforma pode ver, acima da porta, inscrições rústicas.

- Klaitu maldito! - Exceto pelo "maldito", é exatamente o que parece estar escrito ali.

"Por que nunca me mostrou ou falou do objetivo final?! Sei que esta porta está intuitiva até demais, mas e daqui pra frente?"

Vendo tudo em tons de azul, Jasmim entra através da pequena porta, sendo recebida por uma escada espiral de curva muito longa. Provavelmente a outra entrada termina também numa escada em espiral, que se mescla com esta.

Enfim, termina a escada e começa o corredor, ela se senta e abre a mochila em busca de suprimentos. Tudo de maneira extremamente rápida. Enquanto se alimenta, ainda questiona: eu devia vir aqui logo ou impedir aquele ladrão?"

"Jasmim!"

- Klaitu, idiota!

"Só você me ouve. Você fez tudo certo. Foi bom ter parado pra comer pois seu anel da velocidade também acelera seu metabolismo como você já deve ter notado e... Bom, o outro foi libertar a criatura má e você precisa me libertar antes dele ou tudo estará perdido, entende?

- Acho que sim.

Não há tempo mais para discutir porquês ou pra qualquer coisa, Jasmim segue templo adentro, vendo tudo em tons de azul e ouvindo a voz de Klaitu na cabeça. Aquela voz irritante! Mas pelo menos agora falta pouco...


Jasmim - Porque nem tudo que é belo é frágilOnde as histórias ganham vida. Descobre agora