⚛Capítulo 13⚛

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Música na mídia (Castle of Glass - Linkin Park)

●Natalie●

Você já passou por aquele momento em que tudo ao seu redor some, seu raciocínio fica lento e seus ouvidos ficam abafados, onde se consegue ouvir somente um breve barulho ao fundo? E junto com esse momento, apesar do seu raciocínio lento, todos os questionamentos que você um dia tenha feito, volta e passa como um filme longo e duradouro bem na sua frente lhe acusando de julgar tudo e todos sem saber a real verdade além dos seus pensamentos?

Sim? Não?

Talvez não tenha acontecido com você, mas comigo...

Meu momento chegou de uma forma chocante, e eu não poderia imaginar o quanto eu estava errada sobre Nicholas.

— Naquela mesma noite, há quatro anos, quando eu estava voltando pra casa, feliz por ter finalmente me declarado... — Nicholas olhou pra mim por um breve segundo e logo depois desviou seus olhos para longe. Mesmo com sua pressa em não me encarar, eu pude ver uma dor que eu não conseguia medir dentro dos seus olhos. Seu sofrimento me pegou totalmente desprevenida. — Eu não podia imaginar o que me esperava... Foi... Foi a pior noite da minha vida.

Ele pausou por longos minutos, suspirando dolorosamente, antes de continuar.

— Eles disseram que o incêndio começou com um simples pano perto do fogão... — Arregalei os meus olhos e todo o ar que eu havia acabado de expirar voltou pra dentro numa lufada instantânea.  — Parecia que eu estava vivendo um pesadelo sem fim. Chegar e encontrar sua casa em chamas enquanto bombeiros tentavam resolver a situação, encontrar fitas e mais fitas impedindo sua passagem... Me impedindo de reencontrar meus pais e meu irmão, encontrar a vizinhança inteira prestando apoio... Foi desesperador.

"Eu tentava a todo custo passar por toda aquela multidão aglomerada em frente a minha casa, eles não tinham nada a ver com tudo o que estava acontecendo, então por que estavam ali? Alguns até choravam... O único problema era que eles não sentiam o que eu estava sentindo... Enquanto eu empurrava as pessoas que ficavam na minha frente, atordoado com o que estava acontecendo, parte do meu coração estava morrendo, queimando dentro daquela casa junto com meu pai, minha mãe e meu irmão gêmeo. E então veio a explosão..."

Coloquei minhas mãos na boca aterrorizada. Meus olhos encheram de lágrimas e lamentei pelo que Nicholas passou. Eu não fazia idéia do tamanho da sua dor, mas eu conseguia sentir parte dela, e não era nada agradável.

Num ato de compaixão, me aproximei sentando-me ao seu lado e o abracei tentando aplacar seu pesar que eu sabia, era incurável.

— Nicholas... Não precisa continuar... — Sussurrei em seu ouvido com a voz trêmula.

Ele afastou-se do meu abraço com a testa franzida, e limpou minhas lágrimas com seus dedos. Seus olhos estavam vermelhos, mas ele não chorava, ou talvez ele não se permitia desabar desse jeito. Parecia que Nicholas tentava a todo custo reprimir seu sofrimento e um simples ato de fraqueza, como o choro, seria demais para ele.

Isso não estava certo. Como ele podia fazer isso consigo mesmo? Ele não percebia que reprimir seu pesar era a mesma coisa de prender a respiração? Uma hora ele não iria aguentar mais e o sufoco seria iminente.

Ele aproximou seu rosto do meu, e eu permanecia com os meus olhos fixos nos seus. Suas íris verde me mostravam tanta dor reprimida que por um momento eu tive que fechar os meus olhos para conter a enxurrada de lágrimas que brotavam dos mesmos.

— Natalie... Não chore, esse fardo é somente meu para suportar, por favor... — Suas palavras sussurradas me fizeram abrir os olhos e voltar a encará-lo. Timidamente levantei uma das minhas mãos e acariciei seu rosto delicadamente. Ele estava tão vulnerável e ao mesmo tempo tão tenso. Eu queria ter o poder de aliviar tudo o que ele sentiu e o que ele estava sentindo nesse momento. Minha comoção aumentou assim que ele inclinou sua cabeça em direção a minha mão, aceitando o meu carinho.

Mistérios do Acaso (Em Pausa)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant