A vida de Natalie Keller era perfeita. Na verdade, ela apenas gostava de acreditar nisso, pois, de alguma forma, sempre que olhava ao redor, sentia como se algo estivesse faltando. Afinal, quem nunca se sentiu assim?
Entretanto, uma mudança de cidad...
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●Ashley●
E
ra 3:20 p.m. e o Sr. e a Sra. Morgan já havia saído em viagem logo após o almoço. Provavelmente Jason já estava chegando. Eu estava nervosa e ao mesmo tempo ansiosa pela sua chegada. Fazia um bom tempo que eu não o via.
Era terrível saber que Jason se sentia incomodado comigo. Eu nunca soube por que ele me afastava cada vez que eu me aproximava, mas aqueles dois meses seriam bastante úteis para que eu descobrisse.
Eu estava no meu quarto terminado de arrumar as malas e cada vez que eu passava na frente do espelho eu parava pra analisar meu novo visual. Passei a mão pelas mechas curtas do meu cabelo me perguntando o que Jason acharia.
Era estupidez da minha parte se importar com sua opinião, eu sabia, mas era inevitável. Eu queria a aprovação dele. Decidi não mudar a cor dos meus cabelos, eu gostava de como era, então eu só havia cortado.
Já com as malas prontas, saí do quarto e decidi esperar por Jason na sala.
Dez minutos depois, eu estava distraída com os fones no ouvido escutando música, quando senti alguém tocar nos meus ombros. Era Laura — uma das funcionárias da casa — me informando que Jason havia chegado.
Com o coração acelerado, eu levantei ajeitando a saia do vestido. Pegando minhas malas ao lado do sofá, segui para a porta.
Avistei Jason encostado na porta do carro. Ele estava de cabeça baixa mexendo no celular.
Respirando fundo, me aproximei.
Ele levantou os olhos assim que eu parei em sua frente.
— Oi — falei sorrindo.
Ele não respondeu. Apenas me encarou com a testa franzida. Seus olhos percorrendo meu corpo, subindo para meu rosto, e se fixando no meu cabelo.
— Cortei. — passei a mão pelo meu cabelo para tirar a dúvida estampada em seu rosto. Segundos depois ele relaxou a expressão e me olhou como se estivesse entediado.
— Tanto faz. — disse pegando minhas malas e colocando no banco de trás do carro. Minha expressão caiu.
Mas o que eu esperava? Um elogio?
Eu já deveria saber que ele não se importaria. Nunca se importou com nada relacionado a mim.
A caminho do seu apartamento não trocamos nenhuma palavra. O rádio estava ligado tocando alguma música do Led Zeppelin como era de se esperar.
À medida que o carro seguia eu me perdia em meus pensamentos. Olhando pela janela do carro, vendo todas aquelas mansões passar como um borrão, eu imaginava uma vida totalmente diferente daquela. Uma vida regada a felicidade e amor fraternal. Pai, mãe, irmão, eu...
