⚛Prólogo⚛

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Quatro anos atrás...

Lá estava ela, conversando com suas amigas totalmente alheia a confusão de nervos em que eu me encontrava. Não iria conseguir, ela estava longe de mim, não só fisicamente, mas totalmente. Só olhar pra ela me causava aquela sensação de borboletas no estômago. Meio piegas, eu sei! Mas quem se importa? Ela estava nos meus pensamentos desde o momento em que coloquei os meus olhos nela.

Eu via aquela aura de menina da alta sociedade espalhada ao seu redor, como se ela fosse intocável, mas uma vez não me importava. Só pensava em como iria me sentir mais leve colocando pra fora todo os meus sentimentos que me consumia a cada noite que fechava os meu olhos, a cada momento em que eu respirava, a cada passo que dava, e não me importava as consequências de minha honestidade quanto a isso.

Encontrar seus olhos tão claros, mesmo acidentalmente me desarmava e me deixava em estado de dormência. Era inevitável sentir isso quanto um imã ser atraído por um ferro. Conseguia ver pela sua postura o quanto ela era determinada, pelo seu modo de falar o quanto era sincera, pelo seu olhar o quanto era perspicaz, pelo seu jeito o quanto era delicada, pelos seus sorrisos o quanto era divertida.

Simplesmente perfeita.

Em toda a minha vida troquei uma ou duas palavras com ela, nossos diálogos eram sempre limitados à simples comprimentos. Eu não ligava pra seu dinheiro nem para a sua classe social, e principalmente, eu não ligava se estava encarando-a como um maluco naquele momento, mas só conseguia pensar no quão doce seria o seu beijo se tivesse a oportunidade de beija-la, na textura de seus lábios em contato com os meus, nos suspiros que iríamos soltar a cada selinho tentando recuperar nosso folego, no quão relaxante seria sentir seus dedos emaranhados em meus cabelos puxando os fios de leve, em como sua pele macia iria se arrepiar ao meu toque.

Eu sentia que estava me perdendo em meio aos meus devaneios. Tinha sido assim toda vez que a encontrava. Via meninas lutarem para conseguir minha atenção, o que eu não conseguia entender, pois nunca dei motivos para que pensassem que eu estava disponível.

Bom, apesar do meu status de relacionamento mostrar exatamente a minha disponibilidade, sempre tentava deixar claro que só tinha olhos para uma única garota, a única garota que nunca me enxergava de verdade, a única que eu queria nesse mundo que disputasse por minha atenção, que por sua vez não o fazia, ela que provavelmente sequer sabia o meu nome, e que talvez, apenas talvez podia saber que eu existia.

É isso! Eu precisava desabafar.

E porque deixar pra amanhã o que podia fazer naquele exato momento em que via que as amigas dela se foram e ela estava sozinha, sentada num canto lendo um livro que não conseguia identificar o nome, mas que a capa se tornou muito familiar ao longo dos dias em que eu a via sozinha e concentrada.

Como ela ficava linda concentrada, sua testa franzida ligeiramente, seus lábios se apertavam em uma linha fina, seus olhos perdiam o foco para o que acontecia ao seu redor, eu tinha certeza que ela não prestava nenhuma atenção ao que acontecia fora do livro, eu via também um hábito lindo que ela tinha de alisar suavemente a página de seu livro com o polegar antes de virá-la.

Tudo bem! Admito que eu estava enrolando, mas é muito difícil tomar coragem para se abrir assim. Eu estava nervoso a ponto de tremer, mas não iria desistir, se minha mãe me ensinou algo, foi que eu sempre tinha que ser sincero sobre meus sentimentos, e eu não iria decepciona-la. 

Tomei duas longas respirações profundas antes de me por a andar, mil coisas se passavam pela minha cabeça enquanto eu tentava achar um jeito de como colocar todo aquele sentimento em palavras, eu tentava imaginar como ela iria reagir, mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão, como se isso fosse possível, em torno dela eu não consiguia prevê nada, tudo nela era imprevisível.

Mistérios do Acaso (Em Pausa)Där berättelser lever. Upptäck nu