Vinte e um.

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Ajeito-me na minha cama e suspiro de alívio. É tão bom, ao fim de uma semana, estar de volta a casa. E quando digo casa, digo aquela em que a minha mãe e a Auriel vivem também, e não a casa de Louis.

A verdade é que ponderei muito nesta questão, mas acabei por pedir a Louis que trouxesse as minhas coisas para aqui, mas ele ainda não chegou.

Abro o portátil e divirto-me um pouco entrando nas redes sociais e vendo o que há de novo. Suspiro ao ver que não há nada que me interessa e acabo por pôr uma música a tocar no youtube enquanto abro o word lembrando-me que ainda tenho tempo de sobra para enviar a minha candidatura para a universidade.

Admiro a página em branco enquanto penso num tema que poderia fazer-me parecer minimamente interessante apenas para completar a minha média. Ao pensar no que tem sido a minha vida nos últimos tempos chego à conclusão que talvez deveria escrever sobre isso mesmo; não sobre a minha vida em concreto, mas sobre todas as vidas em geral.

Começo a escrever as primeiras palavras quando ouço baterem-me à porta.


"Entra." Digo, pensando ser a minha mãe.


A figura do Louis aparece após este empurrar a porta e o seu aspeto assusta-me ligeiramente. O seu cabelo está despenteado, as suas roupas estão amarrotadas e os seus olhos inchados e brilhantes.

Desvio imediatamente o computador, fechando-o e despacho-me o mais rápido que posso para o ir abraçar. Ele pousa a minha mala e abraça-me ligeiramente.


"O que se passa?" Questiono enquanto passo a minha mão pelo seu cabelo.

"Eu vou ter que ir embora, Brae." Fala baixo.

"Como assim ir embora?" Separo os nossos corpos.

"Brae, a minha mãe morreu." Deixa saber.


Por um segundo falta-me o ar. Apesar de o Louis já não se dar com a sua família, sei o quanto esta notícia o afeta pois antes de ele se mudar para aqui eles eram mais do que inseparáveis. Volto a abraçar o Louis e sinto que ele começou a chorar, ficámos cerca de cinco minutos assim; abraçados no silêncio que mais o magoa.


"Bem," ele começa por dizer ao separar-nos. "Não sei se te vai dar jeito, mas podes ficar com isto." Ele diz nervoso e mostra-me uma chave. "A casa está comprada, podes ir para lá quando quiseres, viver lá se quiseres... Talvez um dia eu volte Brae."

"Não acredito que me estás a deixar sozinha." Admito sem notar o quão egoísta estava a soar e acabei por aceitar a chave.

"Eu sei, babe." Suspirou e agarrou-me a mão. "Mas se calhar é melhor assim."

"Tu és o meu melhor amigo Louis." Admito-lhe, pestanejando repetidamente para segurar as lágrimas. "Espero que saibas isso, vais ser sempre a pessoa que mais importa para mim e mesmo que estejas a horas daqui, vou fazer de tudo para que continuemos a ser."

"Também és a minha melhor amiga e não sabes as vezes en que desejei que fosses mais do que isso. Se calhar a Kaylin tinha razão e eu sempre gostei de ti sem mesmo eu me aperceber disso." Sorri triste. "Sei que não querias que tomasse este rumo mas eu acabei por me apaixonar por ti, pela maneira que sorris, a maneira como às vezes me acordas de manhã... É uma das minhas coisas preferidas, dormir do teu lado, sabias?" Riu levemente.

"Louis..." Sussurrei, escondendo o meu sorriso contra o seu peito.

"Tudo bem. Eu sei que não estás pronta para amar de novo, mas isso não implica que eu não te ame."


E foi com esta confissão que ele se virou para ir embora, mas mesmo que eu não estivesse pronta para abrir o meu coração ao Louis, não podia deixar que ele fosse embora deste jeito e por isso mesmo agarrei o seu braço.


"Espera, não te podes ir embora e despedires-te assim desta maneira." Rio, limpando uma lágrima que tinha escapado.


Aproximei-me de Louis e em biquinhos dos pés, beijei-o como nunca antes fizera. Apesar de ele demorar algum tempo, acabou por retribuir e beijar-me de volta.


"Espero ver-te em breve." Falei para ele quando nos afastámos.

"Eu também, babe." Ele sorriu também e depois foi-se embora.


Voltei para o quarto, fechando a porta e fui baixar os estores e pousei a chave em cima da secretária. Deito-me na cama cuidadosamente, tapando-me até à cabeça. Seria possível ser assim tão estúpida? Fui egoísta, queria o Louis para mim mas não queria amá-lo e ao mesmo tempo impunha-lhe o mesmo. Como é que poderia querer que ele se sujeitasse a ser meu sem ser realmente mesmo meu? E agora que ele foi embora sinto-me culpada por não o conseguir amar, mas queria mais que tudo poder estar ao lado dele neste momento, apoiá-lo com todas as minhas forças mas percebo que isso talvez o fosse magoar ainda mais.

Deixo-me chorar por um bocado, tapada e no meio do escuro esperando que isso de certa forma acalma a minha dor.

Passado, o que eu achei ser uns dez minutos, destapei-me e fui ligar a luz. O relógio marcava 17h20 da tarde e por isso sai do quarto em direção à cozinha, comecei a preparar um lanche.

A porta da frente abre-se passado um bocado.


"Mana!" A Auriel grita enquanto corre para me abraçar.

"Olá pequenina." Rio enquanto faço um esgar de dor.

"O que vais comer?" Ela pergunta inocente.

"Torradas." Sorrio.

"Também posso ter uma?" Sorri mostrando o seu dente da frente que já caira.

"Claro." Respondi.

"Não se ponham a comer muito!" A minha mãe entra na cozinha a reclamar. "Hoje temos visitas para o jantar."

"Quem?" Questiono curiosa enquanto barro manteiga numa torrada.

"É surpresa!" Ela diz num tom brincalhão.

"Eu sei quem! Eu sei quem!" A Auriel fala no seu tom de criança, muito alegre.

"E não me vais contar?" Finjo-me ofendida.


Ela apenas nega com a cabeça enquanto se ri e a minha mãe me pisca o olho. Nego com a cabeça, tentando não rir do momento e continuo a preparar o lanche.

Fico feliz por finalmente estarmos num bom ambiente e que o Jackson esteja de uma vez por todas, fora da fotografia.

Sento-me do lado da Auriel enquanto lancho e vamos brincando de vez em quando, realmente fico feliz por poder passar tempo com ela quando não o fiz o anteriormente e se eu fosse da idade dela e tivesse uma irmã mais velha, gostaria que ela passasse tempo comigo.


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Desculpem por este acontecimento no capítulo mas precisava de tirar o Louis da história para dar mais espaço para o Harry e a Brae se poderem aproximar, sei que foi talvez uma razão um pouco drástica mas peço desculpa! Mas pronto, quem acham que são as visitas? Pista: alguém que a Brae queria há muito visitar ^^ 


Por hoje acho que é tudo,

Love you all!

Depressed // H.SWhere stories live. Discover now