T r e z e.

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A minha respiração fica presa, a minha língua passa pelos meus dentes e depois molho os lábios, fazendo sempre tudo de forma irritada. Não conseguia acreditar no que estava a ouvir, a minha mãe provavelmente sabia que eu estava muito longe de ser sequer amiga de Harry, mas, no entanto era a única que ela poderia usar para fazer este joguinho sujo dela. Abano a minha cabeça negativamente, mostrando a minha indignação ao mesmo tempo que um pequeno sorriso se formava nos meus lábios.


"Isto é alguma piada?" Pergunto-lhe.

"Hm, não." Respondeu nervoso.

"Então vamos fazer assim, eu vou fingir que esta coisa que tu chamaste de conversar, nunca aconteceu."

"Braelynn, por favor, ao menos ouve o que eu tenho a dizer."


Ignoro o seu pedido e bebo o café em quase um único gole. A sua fervura queima-me a língua e a garganta ligeiramente, consigo sentir o líquido a chegar ao meu estômago. Levanto-me e atiro uma nota para cima da mesa, nem querendo saber da cara de indignação de Harry.

Isto era demais para mim e as lágrimas já faziam os meus olhos brilhantes. Era preciso muita lata e eu sentia-me pressionada, se ela nunca queria saber de mim porque é que agora que eu tinha decidido sair de casa ela estava a querer chegar a mim, mesmo que fosse por intermédio dos outros?

Sinto a minha respiração acelerar enquanto eu saía do café a ritmo apressado, o frio mais uma vez fez-me estremecer e aconchego o meu casaco ao meu corpo. Não contenho mais as lágrimas e deixo-me chorar até os soluços chegarem. O sabor ligeiramente salgado das lágrimas acaba por se misturar com as gotas da chuva que apesar de ter amainado um bocado, ainda era incomodativo. Caminho com dificuldade até ao meu carro enquanto sinto o meu corpo a ficar mais fraco, a minha visão estava turva e sentia que estava a chegar mais um ataque de pânico. A minha garganta parecia estar a ser apertada fortemente enquanto me custava respirar, assusto-me quando um carro apita e percebo que estou no meio da estrada. Ainda assim deixo-me cair contra o chão enquanto na minha cabeça mil e um pensamentos que considero minimamente felizes se repetem.

As minhas roupas colam-se ao meu corpo e mesmo com os olhos fechados consigo aperceber-me do que se passa à minha volta. O meu corpo fora levantado do chão molhado após dezenas de buzinadelas da parte do condutor furioso. Um cheiro de um perfume que penso desconhecer entranha-se no meu nariz, acalmando-me ligeiramente.

Os meus olhos permanecem fechados enquanto a minha respiração se regulariza aos poucos, sinto-me a ser vencida por um estranho cansaço e deixo-me levar pelo sono.


                                           ☾

Mexo-me desconfortável quando sinto o meu braço direito dormente, mas assim que o faço acabo por cair numa superfície dura que suponho ser o chão. Suspiro ao ter que abrir os olhos, mas com pouco esforço faço-o para apenas encontrar tudo escuro.

Passam-se alguns segundos até a luz ser ligada e os meus olhos fecham-se imediatamente com a claridade. Mas está tudo louco?!

Percebo imediatamente que não reconheço o local onde estou e levanto-me de imediato, tendo uma visão para um Harry completamente ensonado e vestido apenas com uns boxers.


"Mas que raio?!" Exclamo, entendendo que o meu sono e preguiça tinham-se ido embora de vez.

"Que horas são?" Ele pergunta despercebido.

"Estás a gozar?" Levanto o tom de voz ligeiramente. "Para onde me trouxeste?"

Depressed // H.SWhere stories live. Discover now