Minha única reação foi gargalhar daquela zombaria. Ri até que as expressões sisudas dos cinco homens fizeram minha risada minguar.

− Vocês... – Ainda controlava o riso. – Vocês estão falando sério?

− Sim, estamos – o homem loiro afirmou por todos.

Aquilo me fez perder o chão. Não podia compreender. Eu não voltara à cabana da bruxa desde que me tornara general e, mesmo assim, ali estava uma oportunidade de subir mais um degrau. Um degrau que eu já planejava subir quando ainda era um mero capitão. Não podia crer no que ouvia.

− Vocês... Vocês querem fazer de mim... Rei?

− Bem... Não de imediato – corrigiu Rex. – Você seria Regente no início, mas já que não existem herdeiros ao trono, nem mesmo distantes... Eventualmente você se tornaria rei.

− Vocês conhecem minha linhagem? – perguntei.

− General Ryne... – Arthur, um dos conselheiros que ainda se matinha silente finalmente se expressou. – O senhor é o homem que saiu da posição de camponês e percorreu todo o caminho até se tornar general, utilizando-se nada mais do que atos de bravura. Não existe candidato melhor para governar nosso reino.

As palavras do homem me fizeram titubear. Elas me encheriam de orgulho se minhas mãos não estivessem manchadas com tanto sangue inocente.

− Certo... – balbuciei.

− Ryne, sabemos que você é capaz – disse Rex.

− Mas vocês parecem se esquecer de algo – lembrei-os. – O rei... louco ou não, ainda está vivo.

Todos se calaram e fitaram o chão. Não havia coragem em nenhum deles para olhar-me nos olhos.

− Deus meu... – Eu finalmente entendera do que se tratava a reunião.

− Estamos dispostos a fazer o que for preciso – falou Arthur.

− E como vocês pretendem fazer isso?

− Ve-Veneno seria a so-solução mais lógica – Rex tropeçou nas palavras. – Mas ainda não temos uma fonte confiável de onde conseguir.

Minha mente dizia para eu esperar. Dizia que eu deveria ir com calma e fazer tudo direito. Mas aquela oportunidade era boa demais para ser arremessada ao vento. Usar aquela máscara de bom general que faria tudo por seu rei não era mais necessário.

− Eu sei onde conseguir o veneno – disse.

− Onde?

− Vocês não precisam saber. Mas tenham certeza de que a fonte é confiável e dificilmente rastreável – afirmei. – Porém... Antes de tudo, preciso ter a certeza de que vocês estão dispostos a isso. Se estão dispostos a cometer esse ato de alta traição.

− Nunca fui leal ao rei – Rex se pronunciou. – Sou somente leal ao reino. Se é disso que precisamos para salvá-lo, digo sim!

− Sim! – Arthur exclamou.

− Sim – Basil, o conselheiro ruivo falou.

− Sim – Harold, o conselheiro de olhos verdes proferiu.

Apenas Leroy hesitou. Olhei-o com afinco e o homem acenou a cabeça em afirmação.

− Muito bem, homens. Salvaremos o reino – eu disse e precisei me segurar para não rir diante de minhas próprias palavras.


* * *


A proposta dos cinco conselheiros veio em boa hora. A cobiça já corroía minha alma novamente e eu já quase cedia à tentação. Já preparava-me para voltar à cabana da bruxa com as mãos pintadas de um vermelho puro. Mas agora não seria preciso. O povo me queria como rei e feitiço nenhum era responsável por isso.

A Ascensão de Ryne MeadowOù les histoires vivent. Découvrez maintenant