Daniel estava ao lado de sua filha quando ela despertou aos prantos. Ele estava trabalhando em seu livro, quando ouviu os gritos de Anne pedindo socorro. Ele levantou de forma desastrada de sua cadeira e foi correndo até o quarto de sua filha preocupado com as chances de haver um invasor lá. Quando abriu a porta, viu sua filha deitada na cama, se contorcendo e gritando socorro. O corpo dela estava quente e encharcado de suor. Quando finalmente despertou sua filha, Daniel se encostou na parede ao lado da cama e deslizou em direção ao chão, e ficou esperando por uma resposta de Anne, ela parecia não acreditar no que estava vendo. Cansado de esperar, resolveu perguntar:
- Está tudo bem com você, filha?
- Sim, só foi um pesadelo, nada demais.
- Entendi. Você me assustou pra caramba, é sério - Disse rindo.
- É, mas agora eu estou bem, ótima alias. Obrigado por se preocupar. - Daniel conhecia a filha dele e sabia que a grosseria dela era algo natural de sua personalidade, ou seja, ela estava bem.
- De nada, então agora eu vou deixá-la em paz. - Disse se levantando e indo em direção à porta. Anne em um súbito momento de pânico levantou rapidamente da cama e gritou;
- Pai espera!
- O que foi filha?
- E que pareceu tão real, foi muito real mesmo, estou um pouco assustada.
- Foi apenas um sonho querida, vai ficar tudo bem. Eu já ia me esquecendo, a nossa vizinha nos trouxe torta hoje mais cedo enquanto dormia. Tem um pedaço para você na geladeira se quiser.
- Temos vizinhos?
-Temos duas vizinhas que moram à uns quatro quilômetros daqui.
- Uau, já me sinto bem menos sozinha só em saber que nossas unicas vizinhas estão a quilômetros daqui.
- Sente falta dos seus amigos, não é?
- Sinto um pouco, mais vou sobreviver.
- Pode visita-los no verão. Se tirar boas notas. Viver aqui não é tão ruim assim, a não ser que você seja um adolescente.
- Principalmente se for um adolescente determinado a se vingar. - Os dois riram e depois Anne deitou novamente na cama e voltou a dormir tranquilamente.
Daniel voltou ao seu escritório, o susto que Anne deu nele serviu para lhe dar um pouco de inspiração. Ele começou a escrever sua ideia e em menos de dez minutos ja havia formado um texto longo e detalhado na tela se seu computador. De repente ele ouviu um ruído agudo vindo do corredor, ele virou a cadeira de lado para olhar para a porta do escritório e então o ruido agudo de novo ressoou pelo corredor. Ele se levantou da cadeira e foi até o corredor olhar o que estava fazendo tanto barulho. Quando olhou ao lado da porta do escritório ele viu uma cesta com um bebê dentro, recém nascido. Ele estava chorando alto, parecia estar com fome. Daniel nao estava entendendo o que um recém nascido estava fazendo na porta do seu escritório, então ele resolveu chamar a polícia. Ele caminhou com cuidado de volta ao escritório segurando a cesta contra o peito, deixou a cesta na cadeira do escritório e pegou o telefone, que estava mudo. Quando colocou o telefone de volta a mesa, ele viu de quanto de olho que a cesta nao estava mais em cima da cadeira, ela estava de novo na porta do escritório, mas o bebe nao estava chorando mais. Daniel se aproximou da cesta e quando olho para dentro dela o bebê estava em pedaços, começou a sair muito sangue de dentro da cesta e o ruído do choro do bebê estava bem mais estridente. Em pânico, Daniel correu pelo corredor em direção a saida da casa, completamente apavorado pela cena que tinha acabado de presenciar. Mas no fim do corredor uma pessoa com a pele toda queimada o agarrou pelo pescoço, e no instante seguinte ele acordou debruçado sobre seu computador. Ele havia escrito 7 linhas de texto antes de pegar no sono.
