Ela dança

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Ela tem fome, disse, ela tem fome

Anseia por um mundo onde o mundo não a confronte

Que penas negras sejam brancas ao olhar de qualquer nome

No qual possa gritar um grito livre

Sem que a si mesma desonre


Pela noite, pela mata, espreita o esperto lobisomem

Com olhos simples, cheios de lava

A malícia esconde e afasta do que fala

Mas há de morder sem dó

Se um passo em falso ela der, ao sussurro da palavra errada.


Dança escondida, a rosa púrpura não floresce de dia

Em passos marcados para não explanar sua euforia

Girando e gingando no mesmo canto

O vidro manchado sempre será seu guia

Enquanto no sol ou nas sombras eles falam

E, no entanto, não decifram metáforas, analogias


O sentimento transborda a pele, chega até a base

Com toda a calma ela o domina

As letras que escuta falam mesmo a verdade

Lembrou-se em um certo dia de uma certa frase

Que dizia que nem toda música carecia de ser entendida

Iniciou consigo mesma um fervoroso debate

Chegando ao fim no finalzinho da tarde

Parou, então, de se importar se seria ou não compreendida

A vida, os sentimentos, e tudo maisWhere stories live. Discover now