Devaneios de Um Detento

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Naquele dia, sangrou

Tiros, vultos de errônea coragem

Porém foi preciso disparar

Para tentar trincar o vidro blindado

Talvez te enviar uma mensagem

Sinto os fachos de luz esverdeados

E o aroma refrescante dos ares

Me prendi tanto a ilusões

Que desaprendi a ter vontade


Mas eu ainda estou aqui

E sim, espero que não tenha se esquecido de mim

Agora enxergo bem o que tua decoração inibia

Diante do mundo, diante das portas

Vejo que a cor só se extrai da seiva bruta

Que escorre da chaga que provoca a hemorragia

Algumas vozes soam como balas

Citam palavras que me abstenho de ouvir

Tal as garras do despertador abrindo meus tímpanos

Me deixe dormir, eu imploro

Não me force a repetir


Eu sou o réu, o juiz, aquele que prende e o sentenciado

Sou meu próprio carcereiro

Me alimentando com carne de odores tão macabros

A vida vai passando, porém com ela nem tudo passa

O projétil penetrou e dói, pois ainda está enterrado

Já me cansei de dançar em ponta de facas

No entanto ainda tenho algo

Tenho um monstro feito de sonhos

Um monstro para satisfazer com os meus fardos


A vida, os sentimentos, e tudo maisWhere stories live. Discover now