Especial Melaine (62º Dia.)

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2 de outubro de 2035, Nova Iorque.

A minha barriga ronca imenso. Faço uma massagem ao de leve, tentando assim suavizar a dor que sinto. Sinto que os meus olhos tendem a fechar-se, porém eu tento mantê-los abertos. Eu não posso desfalecer aqui. Não vou morrer desta forma.

A porta abre-se e Josh entra devagar. Ainda é noite e por vê-lo aqui significa que tudo correu bem, espero eu.

Levanto-me com algum custo e o homem anda até mim.

"Os seguranças foram dispensados pelo Jason. Ele precisou deles para um perseguição e como tal eu aproveitei para levar-te comigo." - Estende-me a mão.

"Mas vais levar-me para a minha família?" - Nega. "Como assim?! O que pretendes de mim então?! Não era suposto ajudares-me, Josh?!" - Tento gritar mas a minha voz sai rouca.

"Não te posso deixar ir. Não assim. Sei que ao deixar-te ir, Jason vai procurar-te de novo e vai torturar-te da pior forma e acredita ele consegue ser muito pior do que aquilo que tu viste." - Por mais que não queira ir com ele porque na mesma vou estar presa, eu sei que será melhor estar com ele do que estar aqui.

"E achas que ele não vai saber que foste tu a ajudar-me?"

"Eu falei-lhe que partia ontem de manhã para Itália em negócios e ele viu o meu bilhete de avião, porém mandei outra pessoa em meu lugar. Ora, estamos livres. Aceitas vir comigo, ou não?" - A sua mão continua estendia perante o meu ser e por impulso, para que não mude de ideias rapidamente, coloquei a minha mão sobre a dele.

Saímos velozmente do local. Josh lembrou-se de partir o vidro das portas, de rebentar o cadeado da porta onde eu estava e entramos no carro dele, seguido viagem.

"O Joshua é mesmo teu pai?" - Vi ele engolir em seco.

"Claro que é." - Afirmou, rindo de forma nervosa. "Não te vou levar para minha casa, mas sim para a que era da minha avó. Jason não sabe da existência dela e é mais seguro desta forma."

"Tudo bem..." - Murmuro, deitando a minha cabeça perto do vidro, fechando os olhos que já estão pesados há dias.

*****

Acordo sentindo cheiro a bacon grelhado e a panquecas. Sinto que estou deitada em algo mole e que finalmente consegui adormecer e dormir, que quando estava no esconderijo para onde me levaram não era possível.

Reparo que estou de pijama e estou numa cama sozinha. Há minha frente um plasma desligado e umas roupas lavadas. Do meu lado direito tem uma janela suficientemente grande por onde entra luz solar, a que tanto necessitava de ver.

Acabo por sair da cama e do quarto. Percorro o corredor, sentindo o pavimento de madeira através dos meus pés descalços. Chego rapidamente à cozinha onde se encontra Josh a cozinhar apenas de boxers. Coro e clareio a garganta, de modo a que ele note a minha presença.

O homem vira-se e sorri-me com toda a naturalidade deste mundo. Sento-me no sofá pequeno perto de outra janela.

"Estou mesmo a acabar. Dormiste bem?" - Murmura.

"Nem senti que dormia. Já não dormia há imenso tempo. Estou esfomeada também." - Encaro os meus pés. "Deste-me banho?"

"Uhum..." - Coro. "Não te preocupes, não fiz mais do que o meu dever. Estás inteira ainda, para minha infelicidade." - Para infelicidade dele?! Para onde vim-me meter?!

"Então certamente também foste tu que me vestiste e colocaste-me na cama."

"Também fui eu que dormi ao teu lado, porém nem me sentiste. Acho que estavas desmaiada por completo. O cansaço era imenso, é normal." - Fala, apagando o fogão e colocando os pratos com a comida sobre a mesa.

"A Carlota?"

"Ela chegou ao seu destino. Os pais dela já estavam super preocupados com ela e eu recomendei ela ir ao hospital para dar as vacinas ao bebé e para checar se ela estava bem." - Aceno com a cabeça, afirmativamente.

Depois de tomar o pequeno almoço dirigi-me ao quarto, timidamente deixando Josh na cozinha arrumando as coisas. Não sei porquê mas sinto que há algo errado em tudo isto. Eu não consigo acreditar nele totalmente.

"Está tudo bem?" - Dou um pulo, colocando a mão no meu peito. Olho para o homem atrás de mim que caminha até mim. "Estás pálida." - Leva a sua mão até ao meu rosto, analisando o mesmo dessa forma.

"Estou bem." - Sento-me na cama. "Quando posso ir para minha casa?"

"Nunca mais." - Os meus olhos aumentam e eu dou conta disso. Sinto o meu coração a bater super depressa.

"O quê?! Josh eu pensava que isto era apenas por um tempo, não para eu ficar aqui para sempre." - Levanto-me.

"Enganaste-te, meu amor." - Encaro a porta e num ato de desespero empurro Josh e fujo pela porta. Abro a porta da rua saindo pela mesma e correndo super rápido. Olho para trás vendo Josh atrás de mim a correr depressa.

Tento aumentar a minha velocidade, porém as minhas pernas ardem. Caio para a frente, com um corpo forte atrás de mim. Sinto a minha boca a arder muito mais.

"Tu vais pagá-las." - Sou levantada e puxada para casa de novo.

Sou atirada para dentro do quarto. Josh fecha a porta à chave e anda até mim. Na sua face vejo o quão zangado ele está comigo. Nunca deveria ter acreditado nele.

"Porque estás a fazer isto?!" - Grito, acabando por chorar. O homem arranca o lençol da cama atirando o mesmo para cima de mim.

"Limpa-te, querida, estás sangrando." - Sorri feito demónio.

Limpo o meu rosto, acabando por manchar o lençol branco de sangue. Sou arrastada pelo pé, ficando deitada no chão. Do seu bolso ele retira o maço de cigarros e acende um. Ainda com o cigarro na boca, abaixa-se. Dou-lhe uma tapa no rosto e o mesmo dá-me um soco. Caio, vendo tudo andar à roda. Sinto ele a tirar-me os calções e pouco depois sinto algo queimar a minha intimidade. Grito, desesperada. Mexo-me incontrolável no chão. Sento-me empurrado o Josh com os meus pés. Pego no cigarro que caiu no chão e espeto o mesmo no seu olho. O homem grita sem parar. Espeto o mesmo cigarro no seu rosto variadas vezes.

Caio para trás ao levar mais um soco. O homem levanta-se e começo a levar pontapés na minha barriga. Da minha boca sai sangue, mas ele não pára, nem por um segundo. Até que sinto ele parar, ou foi o meu coração que parou?

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71 Days Of PainOnde as histórias ganham vida. Descobre agora