Capítulo 02

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Depois que Nuno entrou no vagão, encontrou um assento vago a sua espera. Deu de ombros e sentou-se para não precisar ficar sucumbido com a movimentação dos vagões.

Ele tirou a mochila dos ombros e a colocou no colo, então abriu o primeiro bolso procurando pelos fones de ouvido. Com a movimentação acelerada do metrô, Nuno viu seus fones caírem ao lado de seus tênis verdes, então se curvou rapidamente sobre seus joelhos e alcançou os fones antes que alguém pisasse no fio.

Plugou os fones ao seu celular e selecionou a playlist que havia organizado na noite passada, onde dava para se escutar de AC/DC até OneRepublic.

O que Nuno poderia dizer? Ele era um cara flexível. Gostava da maioria das músicas que tocavam nas rádios e seguia quase todas as playlists publicas do Spotify. Era fanático por música e adorava quase todas. Desde que tivesse ritmo e uma boa letra, claro.

Nuno era músico – para a tristeza de seus pais e alegria das garotas –, via música tudo, sentia a música em tudo. Desde criança, ele sempre sentiu a música como uma parte que lhe faltava em seu corpo, então, para compensar esta parte que faltava, precisou aprender a cantar e a tocar alguns instrumentos, entre eles violão, guitarra, baixo, bateria, piano e um pouco de violoncelo.

Já tivera até mesmo uma banda. Era composta por Nuno e mais quatro amigos, mas tudo acabou quando ele percebeu que era o único que sabia realmente tocar algum instrumento. Se não fosse por isso, Nuno tinha certeza que a banda ainda estaria tocando por aí. No entanto, já que ele não tinha uma banda, tivera que se contentar em ser cantor solo.

Se apresentar sozinho não era de tudo ruim, mas também não era tão divertido quanto seria se seus amigos pudessem tocar pelo menos alguns instrumentos simples. Nuno gargalhou internamente. Seus amigos não conseguiam nem mesmo tocar o triângulo em harmonia.

Fora a diversão garantida que teria se se apresentasse com seus amigos, Nuno estava satisfeito em não precisar dividir o lucro em cinco partes. No fim das contas, era legal poder fazer números simples e acústicos.

Ele também estava feliz com seu novo emprego fixo, que se consistia em limpar as mesas de dia e se apresentar a noite em um pub do Centro. É claro que não era isso que ele queria quando imaginou ser músico, mas pelo menos o lugar era bem movimentado e já havia até mesmo um público semanal que gostava de suas músicas.

Nuno não tinha do que reclamar, a não ser por seus pais, que gostavam do talento do filho, mas não queriam que esse fosse seu emprego. Por inúmeras vezes, os pais de Nuno tentaram convence-lo a fazer faculdade, mas não obtiveram sucesso. A não ser por uma vez quando Nuno disse que só faria faculdade se o curso fosse de música. Seus pais, por suas vezes, não concordaram. Estranho.

Pelo menos os pais de Nuno não eram rancorosos. Eles respeitavam a escolha do filho e até iam a alguns shows... Apenas queriam um futuro mais certeiro para seu filho e achavam que, na música, era mais complicado para se estagnar. Neste quesito Nuno não podia discordar dos pais, mas era disso que ele gostava, sendo assim, lutaria para se dar bem.

Embora seus pensamentos estivessem vagando pelos acontecimentos de sua vida, Nuno não queria pensar em nada que não o levasse em direção à Larissa, a garota que estava tomando conta de sua cabeça durante as noites que passava sem dormir. Era por isso que seu cabelo escuro estava desgrenhado e seus olhos, inchados pela ausência de sono.

Nuno havia planejado tudo o que faria naquele dia. Tinha pegado o metrô, assim como fazia todos os dias, iria limpar as mesas dos mesmos clientes que frequentavam o pub em que trabalhava, assim como fazia todos os dias, cantaria sete ou oito músicas em acústico para seu pequeno público fixo, assim como fazia todos os dias. Mas, depois, faria algo que nunca havia feito antes.

Iria se abrir com Larissa. Diria o que achava estar sentindo. E é claro que ela diria o mesmo. Não é?

Nuno esperava que sim.


Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 03, 2016 ⏰

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Talvez - Giovanna VaccaroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora