¨ Capítulo Cinco ¨

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Eles voavam em meio a pista.

A fumaça deixada para trás cegou a todos ali. O carro ia pela pista em uma velocidade tão alta, que tudo passava rapidamente, deixando a mulher tonta e enjoada. O outro carro veio para cima deles, jogando-os para o lado com muita força, fazendo Parker perder o controle por curtos segundos, assustando a mulher.

— Vamos morrer.

Eles percorreram toda a pista por longos minutos, cada um fazendo manobras arriscadas. Mas Parker era cauteloso, pois naquela noite uma vida em especial estava ali, nada poderia dar errado.

Quando eles chegam no ponto para voltar, o coração da garota já está tomado pela adrenalina; o que antes era medo, se tornou em diversão. Ela ria e gritava. Ele não sabia para onde olhava, a quê dava sua total atenção: ao sorriso e à luz que emanava dela, ou à pista. Mas no final ele ficou com a segunda opção. Ele não correria o risco de perdê-la.

Aquela não seria uma noite de mortes, mas sim o dia em que Parker havia nascido para o amor. A noite em que ele havia descoberto o real propósito da sua existência.

As únicas coisas que ele conseguia escutar ao voltar para a linha de chegada, eram as altas risadas e gritos empolgados da jovem ao seu lado. Ele não a perderia. Ele nunca a perdeu.

Ele ganhou a corrida.

Ganhou o agradecimento dela.

Ganhou sua garota.

Depois daquela noite, por uma semana inteira ele não a viu mais. Logo depois que ele parou o carro e eles desceram, alguns amigos da garota vieram em sua direção e a levaram, antes mesmo que pudesse saber o seu nome, mas não antes de ela se virar e sorrir em sua direção. O sorriso que ele lembrava a cada segundo do seu dia. Todas as noites ele pensava nela, em seus cabelos loiros e longos, no quanto ele amaria enrolá-los em suas mãos, puxá-los e cheirá-los. O quanto ele desejava ouvir sua voz, o quanto queria conhecer cada curva do seu corpo. Ele queria se perder na tempestade de seus olhos.

Por uma semana ele imaginou como seria sua pele por baixo dos panos; como seria seu gosto, e seu cheiro. Ele queria revê-la, mas não sabia como.

Tinha voltado naquele lugar todos os dias, mas ela nunca apareceu.

Naquela noite ele tinha uma festa para ir, mas a única coisa que ele queria fazer era ficar em casa pensando nela. No entanto, ele não poderia faltar, porque era aniversário de um dos seus amigos. Ao vestir um jeans surrado, uma blusa branca, e jogar sua jaqueta por cima, despediu-se da sua mãe com um beijo e subiu na sua moto, indo em direção ao seu destino. Pelas ruas, cada som que passava por ele era o rosto dela, o seu sorriso, seu perfume. Ele não conseguia compreender porquê estava sentindo tudo aquilo, porquê não conseguia simplesmente esquecê-la, como fez com todas as outras.

O barulho da festa estava ensurdecedor do lado de fora, vários carros e motos estavam estacionados no grande pátio em frente à mansão. Seu amigo era um cara muito rico, possuía tudo do bom e do melhor.

Ao desligar sua moto, percebeu um grupo de garotas paradas próximo a ele, ambas sorrindo, dirigindo-lhe promessas proibidas, mas nenhuma delas o chamava atenção. Todas eram fúteis, sem graças. Não eram ela.

Ele acenou e encaminhou-se para dentro, sendo recebido pelas vibrações fortes da música, e conversas paralelas ao mesmo tempo.

Já havia muitas pessoas bêbadas, algumas jogadas nas escadas, no chão. Homens com várias mulheres em seu enlaço. Ao longe, ele encontrou seus amigos e se encaminhou em direção a eles.

— Pensei que não viria mais, Rapunzel. — Seu amigo, dono da festa o cumprimentou.

— Eu não deixaria de vir à sua casa. Aliás, parabéns. — Parker o felicitou, dando-lhe um curto abraço, e uns tapinhas nas costas.

— Obrigada brother. Mas ultimamente você anda muito distante, Parker. Você nunca foi assim, cara.

Parker sabia que não era mais o mesmo, e isso o irritava, porque ele não entendia como podia estar tão fissurado em uma mulher como aquela. Ele só desejava reencontrá-la mais uma vez, e saciar todo o desejo que possuía por ela. Ele queria percorrer suas mãos no corpo dela, marcá-la com vontade. Queria gritar para ver se ela saía de dentro da sua cabeça. Mas, do que pudesse fazer, nada seria o suficiente para acabar com aquilo.

Na verdade, nada o havia preparado para aquela visão. Ele já tinha ensaiado muitas vezes um possível encontro entre os dois, como ele reagiria quando a tivesse frente a frente, mas foi ali, vendo-a caminhar graciosamente entre as pessoas, com um vestido branco justo nos seios e que caía em uma saia rodada, enquanto um sorriso enorme ensandecia qualquer um que olhasse para ela, que ele perdeu a fala.

— Ei gatinha. — seu amigo chamou a garota que vinha abraçada à sua garota.

Sim, ela era sua garota.

— Ei, gatinho.

A garota de cabelos pretos, vestida em uma saia jeans e um top colorido chegou perto do seu amigo e o beijou, rodeando seus braços finos ao redor do seu pescoço. Mas Parker não ligava para aqueles dois; ele estava concentrado demais olhando para a garota em sua frente. Ela não pertencia àquele lugar. Ela era delicada, sensível, e parecia deslocada entre toda aquela gente. Foi então que ele resolveu cumprimentá-la para ver se ela lembrava-se dele.

— Então a princesa gosta de lugares cheios de jovens bêbados.

Ele dissera ao parar em sua frente. Ela encontrava-se com a cabeça baixa, mexendo em alguma coisa no seu celular, antes de levantar a cabeça e olhar em sua direção. Ele sentiu todo o ar sumir de seus pulmões. A intensidade com que ela o olhou, o fez ficar sem direção.

Ela então sorriu. Um sorriso terno e caloroso.

Ela se lembrava dele.

Ela tinha o mesmo brilho nos olhos que ele tinha quando se lembrava dela.

— O que a gente não faz pelos amigos? — sua voz era tão suave e macia que ele poderia passar o dia inteiro apenas a ouvindo. — Você é o Parker, certo?

Ele sorriu ao constatar que ela realmente se lembrava dele.

— Parker, ao seu dispor, princesa.

Ele pegou sua mão e a beijou, olhando sempre em seus olhos cor de mel. Ele podia sentir sua respiração alta e ofegante. Ela o desejava, e aquilo poderia tê-lo matado de desejo, caso seu amigo não os tivesse interrompido.

— Não vai apresentar a gata, cara?

Seu peito inchou de ciúmes e raiva por ouvi-lo chamá-la daquela forma, mas ao olhar na direção do amigo, ele pôde ver que ele não disse aquilo por maldade ou por querê-la, já que ele parecia enfeitiçado pela amiga dela. Ele nunca o havia visto daquela forma: ele abraçava e olhava carinhosamente a mulher.

Bom, parece que os dois amigos haviam sidos fisgados pelas amigas bruxinhas.

Aquela noite foi o começo de muita coisa para os dois. Mas também foi o inicio de um grande amor. De uma história que teria um fim, antes mesmo de começar. O fim de algo, para que o início retornasse das cinzas, como uma fênix.

A sua fênix.

A sua salvação. Ou quem sabe, até mesmo a sua perdição.


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Desaparecida entre os Sete PecadosWhere stories live. Discover now