Capítulo 8

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Eles sentaram na limusine em silêncio. Yuuto não tinha ideia de quanto tempo se passara, mas ele não reclamou ou disse qualquer coisa. O professor apenas segurava a mão do Seiji-kun gentilmente com as suas. Seria ótimo se isso pudesse ajudá-lo, mesmo que só um pouquinho, pensou.

Em algum momento Seiji-kun apertou a mão do professor sem virar a cabeça, seus olhos colados na janela. Yuuto sabia o que preenchia a mente do artista, ainda que eles não pudessem ver dali. Desde que o carro estacionou, o ex-aluno olhava para a janela com um rosto ilegível.

— Eu preciso ir, não preciso? — sussurrou Seiji-kun, mais para si do que Yuuto.

— Sim — disse o professor numa voz baixa. — Mas pode demorar o tempo que quiser. Estarei aqui com você.

Seiji-kun levou as mãos de Yuuto para perto da boca e as beijou.

— Obrigado.

Yuuto arregalou os olhos por um instante e seu coração bateu rápido... depois um sorriso gentil surgiu nos lábios. Ele descansou a cabeça no ombro de Seiji-kun, fechando os olhos. O ex-aluno acariciou a mão do professor com o dedão lentamente.

A mão livre de Seiji-kun segurou a maçaneta da porta, mas não fez nada após isso. Yuuto apenas assistiu enquanto o homem que amava respirava fundo, seu rosto tentando manter a expressão vazia. Mas os olhos que hipnotizavam Yuuto traíam seu dono. O professor sabia que havia um redemoinho de emoções por trás deles.

Eles ficaram acordado quase a noite inteira e Seiji-kun revelou todo seu coração para Yuuto. Ele chorou e falou sobre seu avô, ele chorou e disse que tinha algo errado com ele por perder o funeral, e ele chorou e implorou perdão por machucar Yuuto. Quando as lágrimas secaram e ele estava calmo o suficiente, Seiji-kun passou o resto da noite contando histórias sobre seu avô, as memórias o fazendo ir entre risadas e choros.

Yuuto apenas escutou, rindo nos momentos certos e abraçando Seiji-kun nos demais. É a única coisa que posso fazer para ajudá-lo? Ele se perguntou na hora e novamente na limusine, a angústia em seu coração crescendo. Yuuto sabia pessoalmente o quão difícil era. O artista precisava abrir a porta e encarar a realidade. E ele precisa fazer isso sozinho. Porque, depois disso, Seiji-kun terá que viver em um mundo sem seu avô. Pelo menos nisso eu posso ficar ao lado dele.

Seiji-kun segurou a respiração e finalmente abriu a porta, encarando as fileiras de túmulos que se estendiam até onde a vista alcançava. Seus olhos perderam o vazio e ficaram úmidos antes que ele saísse do carro. Antes que Yuuto percebesse, ele já estava segurando o braço de Seiji-kun e o artista virou para ele com lábios trêmulos.

O professor abriu a boca, procurando pela coisa certa a dizer... e então a fechou. Ele não conseguia pensar nas palavras certas. Embora ele tivesse perdido entes queridos, era jovem demais para se lembrar de como as pessoas o trataram. Como posso dizer que vai ficar tudo bem? Como posso dizer que as coisas vão melhorar com o tempo? Como posso dizer a ele que a dor ficará menor quando eu mesmo ainda sinto falta dos meus pais? Todos esses pensamentos passaram pela mente do professor junto a uma dor perfurando seu coração. A única coisa que posso é estar aqui para o Seiji-kun.

O motorista apareceu ao lado deles do nada.

— Aqui estão as flores, Akaishi-sama. — Ele entregou o grande buquê com as duas mãos, fazendo uma pequena mesura junto.

Embora fosse por apenas um piscar de olhos, o motorista se voltou para Yuuto, cuja uma das mãos segurava o braço de Seiji-kun e a outra apertava a mão dele. Se tivesse qualquer opinião quanto a dois homens de mãos dadas, sua expressão não entregava nada.

Por favor me chame de Professor!!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora