Espera

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-Tu trais-te-me. Não te odeio por isso. Tinhas bebido muito naquela noite. Curtis-te com uma vadia qualquer. Falo nela nestes termos porque não mencionas-te o nome dela. Para ser sincera acho que nem tu o sabias. Foste tu que me contas-te. Chamaste-me e disses-te-me isso com remorços no olhar. Eu não fiquei chateada. Mas gritei contigo na mesma. Fazia parte do meu papel. Era o que todos esperavam que eu fizesse e tu também então eu fiz um escândalo. Mas eu não estava zangada...estava magoada. Tu magoas-te-me. Tu sabias disso, mas sabias que isto não era o fim da relação. Tu sabias que se me provasses que me amavas eu te perdoaria...e tu estavas certo. Tu provas-te. Não de uma forma exagerada e clichê, mas provas-te. Eu adorei a maneira como o fizes-te porque foi algo inesperado...e eu gosto de coisas inesperadas. Sabes que sempre fui diferente das outras pessoas. O que para mim me fazia sentir especial não eram as provas de afeto em público, as frases românticas ou as mensagens com emojis com olhos em coração. Não...eu não vivia num romance de Nicolas Sparks. Eu vivia no mundo dos contos de fadas. O mundo em que as provas eram dadas com cada olhar, cada abraço ou cada beijo. Sabes que eu sempre valorizei mais o ato em si que as palavras, porque elas não passavam de palavras... Muitas vezes vazias de significado. Tu sabias disso. E tu escreves-te-me uma carta. Não igual às anteriores. Esta era diferente. Não sei quanto tempo demoras-te a escrevê-la...dias talvez. Tudo parecia demasiado perfeito para ter sido feito em pouco tempo. O papel não tinha uma única dobra e a letra estava cuidadosamente trabalhada. Nessa carta tu disses-te-me o porque de me amares. Nessa carta tu descreveste-me. O que me fez acreditar que amavas cada parte do meu ser. Não sei se o que dizias era verdade...nunca pensei duvidar, mas dada a situação acho que tenho permissão para o fazer. Será que realmente me amavas como um todo? Espero que sim...porque eu ainda estou aqui. Eu estou à espera...não vou dizer que te perdoarei instantâneamente, mas talvez...só talvez eu consiga fazê-lo. E eu odeio-me por considerar essa opção, mas eu prometi que nunca te mentiria e estou a fazê-lo o melhor que consigo. Odeio-te por isso também. Odeio-te por me fazeres esperar aqui por ti quando, muito provavelmente, não voltarás. Odeio-te por me castigares com uma espera eterna...porque eu esperaria eternamente por ti. E odeio-me a mim e a ti por isso.

Odeio amar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora