Mentiras

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-Eu menti. Tu sabias. E quando estavas prestes a deixar-me sozinha de novo decidis-te perguntar. Eu respondi a verdade:
"Não sei"
Não sabia mesmo o porquê de te ter mentido. Eu sabia que compreenderias a verdade. Mas eu não ta dissera. E tu respondes-te algo que me fez entender. Entender que eu tinha um problema. Eu no fundo já o sabia, mas todos temos dificuldades em reconhecer um problema. Tu disses-te muito baixinho:
"Tu mentes muito"
Não era uma pergunta. Mesmo assim neguei. E tu sorris-te como provando um facto. Eu mentia. Estava sempre a fazê-lo. Fazia-o por coisas mínimas pelo simples motivo que achava a realidade sem graça. E então eu disse-te a verdade. Admiti-o primeiro a ti do que a mim propria.
E odeio-te por me teres feito admitir.
"Eu não gosto da verdade. Ela não têm piada. Ela é demasiado real e a realidade é uma merda. Então eu minto. Eu sei que é errado, mas eu sei que a mentira magoa menos que a verdade"
Tu olhas-te para mim e não me julgas-te. Apenas me pedis-te para fazermos um acordo. Nada de mentiras um ao outro. E eu concordei. Não sei bem porque o fiz. Mas eu concordei e contra todas as probabilidades fui eu, a adepta da mentira, que cumpri esse acordo até ao fim. Eu e não tu. E eu odeio-te por isso. Por todas as mentiras. Não foram muitas. Não foram graves. Foram coisas minimas. Mas eu odiei-as. Odiei-as porque embora pequenas me fizeram chorar. E eu odeio chorar. Eu odeio, mas sempre que estou perto de ti parece inevitável. Por esse mesmo motivo estou a chorar agora. Porque te odeio e no entanto aqui estou eu dando-te explicações do porquê. E eu odeio-te por me fazeres dizer tudo isto.

Odeio amar-teWhere stories live. Discover now