Promesa

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-Fui para cada feliz depois daquele beijo. Mas a minha felicidade não durou muito tempo. A minha cabeça foi invadida por dúvidas.
E se me ignorasses?
Uma parte de mim insistia em dizer que talvez isso fosse o melhor, mas eu sabia que essa parte estava errada.
Eu queria que sorrisses para mim. Porque eu apanhei o vício dos teus lábios mais rapidamente que o dos cigarros. Ao contrário do que previ tu não sorris-te. Tu apenas apareces-te a meu lado e colocas-te o braço à minha volta. Eu era tua. E tu sabias. Mas eu ainda não estava disposta a admiti-lo, no entanto não retirei o teu braço. Todos nos olhavam no corredor e eu apreciava a cara de cada rapariga ao ver o teu braço à minha volta. Por isso eu não o tirei. Eu apenas sorri cinicamente. E adorei aquele momento. Quando chegámos à porta da sala tu paras-te e com um olhar sério convidaste-me para sair. Eu disse não. Mas tu continuas-te. Fazias-me a mesma pergunta a cada cinco minutos. E quando eu digo isto falo sem exagero. Via-te a meu lado a contares os minutos no teu relógio. Era um lindo relógio. Um lindo relógio Preto de bolso que eu adorei desde a primeira vez que o vi. Um lindo relógio que tu me virias a dar mais tarde e que estou neste preciso momento a usar para poder ouvir o som reconfortante dos ponteiros.
Sabes que estive a fazer as contas e num dia de aulas tu perguntaste-me 102 vezes se eu queria sair contigo e de todas elas eu disse não.
Saí da escola naquele dia e dirigi-me para o metro, porque os meus pais não me podiam tinham podido ir buscar. Tu vivias perto de mim. Sabia isso pelas vezes que me cruzava contigo quando saía de casa. É verdade que não foram muitas, mas também é verdade que eu não saía muito de casa. Seguiste-me no caminho. Não a meu lado, mas bem atrás. Parecias pensativo e eu apenas tentava pensar noutra coisa e abstrair-me da tua presença quando aumentava o volume da musica que ouvia. Só te dirigis-te a mim de novo na estação. Enquanto esperavamos pelo metro. Voltas-te a fazer-me a mesma pergunta e eu voltei a responder que não. E então saltas-te. Deuses...saltas-te mesmo para a linha do comboio. E eu gritei e pedi que saísses dali. Mas tu voltas-te a perguntar se eu sairia contigo. Não estavas disposto a desistir. Como disses-te uma vez à muito tempo atrás "Quando eu quero alguma coisa eu consigo-a"
Acabas-te por quebrar as tuas palavras. Pelo menos agora, quando olho para ti, parece que desistis-te. E eu odeio-te por isso.
De qualquer das formas eu disse não. Eu pedi-te para acabar com aquela estupidez, mas não te importas-te e sentaste-te na linha. O metro aproximava-se. Eu podia ouvi-lo a vir a toda a velocidade. Não parecias assustado, mas sim confiante e voltas-te a fazer a pergunta. Eu via as luzes a aproximarem-se e então eu gritei
"Sim"
E tu corres-te saíndo por pouco da situação. Eu abracei-te. Eu chorei. Eu passei a viagem a chorar nos teus braços enquanto todos olhavam para mim como se fosse louca, mas tu não querias saber disso. Levaste-me até ao portão da minha casa e preparavas-te para sair quando eu te parei. Ainda me lembro o que te disse. Tenho a certeza que tu também.
"Promete-me que nunca mais fazes isso"
E tu sorris-te e respondeste-me que farias aquilo uma centena de vezes porque sabias que nunca te deixaria mal.
Mas eu fiz-te prometer na mesma. Lembras-te?
E tu prometes-te antes de me beijares mais uma vez e seguires o teu caminho. Eu odeio-te por isso. Por teres prometido. Porque tu quebras-te a tua promessa. Tu voltas-te a pôr em risco a tua vida e vê onde isto nos troxe! Eu odeio-te tanto por isso que me apetece bater-te cada vez que te vejo. Eu odeio-te porque te colocas-te em risco, mesmo sabendo que eu ficaria mal se te perdesse.

Odeio amar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora